A Floresta

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Então tinha chegado o mês de setembro.
Julia e Paulo estavam totalmente animados, Ana e Jonas ainda preocupados, mas acreditam que no final tudo daria certo e que seria apenas mais uma viagem.
Chegando na África eles encontram o tal guia que iria levar eles até a curiosa tribo.
Seu nome era Danso, que significava confiante, seguro. Ele era alto, negro, bem musculo e de rosto sem expressão.
Eles pegam um jipe que iria levá-los o mais longe possível antes de entrar na floresta. Dentro do carro havia uma arma de fogo, que assustou a todos.
— É necessário? — perguntou Julia apontando para a arma.
— Não se preocupem, é para os animais selvagens — disse o guia sem mostrar qualquer reação.
Jonas estava um pouco inquieto, mas Paulo o acalmou falando que estava tudo bem, que normalmente é assim que funciona.
Na estrada todos estavam em silêncio, Jonas então decide quebrar o gelo.
— Se você pudesse fazer um pedido para Lua, qual seria seu pedido Julia?
— Que não existem mais pessoas ruins nesse mundo — respondeu prontamente de uma forma séria.
Tudo o que ela mais odiava nesse mundo eram pessoas ruins. Não entendia como um ser humano podia fazer mal a outro ser humano.
— E você Ana? — perguntou novamente Jonas.
— Ah, eu não sei — respondeu timidamente, após pensar um pouco.
— Vamos, qualquer coisa! — indagou Jonas.
Ela pensou um pouco novamente e respondeu:
— Pediria para que a Lua me transformasse em uma estrela — seu olhar estava distante.
Houve um silêncio entre eles após isso. Todo mundo pensou no quanto ela já tinha sofrido nesse mundo para fazer um pedido assim.
Cem quilômetros depois eles deixaram o carro em uma aldeia que Danso conhecia, e seguiram caminhando.
Jonas aproveitou o momento para tirar umas fotografias daquela aldeia, as pessoas pareciam curiosas.
— Quanto tempo ainda falta para chegar? — perguntou Paulo ao guia.
— Cerca de um dia de caminhada — respondeu.
— Nossa — falou Ana em tom de surpresa.

Floresta adentro, o grupo já mostrava sinais de cansaço.
O caminho anterior no jipe, havia os maltratado pela estrada horrível cheio de buracos.
Já estava escurecendo, eles então resolveram parar e descansar perto de um lago.
Armaram suas barracas para se esconder dos irritantes mosquitos e insetos.
Julia estava toda vermelha, seu rosto branco estava cheio de pequenas bolinhas por causa das ferroadas dos mosquitos.
Jonas estava atento a todo momento as aranhas em árvores ou em troncos caídos, ele também estava cansado, assim como Ana.
Danso havia montado uma cerca com vários objetivos que iriam fazer barulho caso algum animal se aproximasse e também iria ficar a noite inteira de guarda fazendo a vigilância.
— Ele não se cansa? — perguntou Julia a seu namorado, enquanto ajudava ele na armação das barracas.
— É o trabalho dele, deve estar acostumado — respondeu, não mostrando preocupação com o guia.
Aquela noite foi difícil para a novata e Jonas dormir, os animais faziam barulhos que deixavam qualquer um de cabelo arrepiado.

Tinha amanhecido o dia e praticamente os dois não haviam conseguido pregar os olhos por muito mais que uma hora, mas logo voltaram a caminhar após recolherem suas barracas.
Ainda faltava bastante para seu objetivo — os "Lunas''.
Paulo começou a reparar semelhanças em algumas partes da floresta, pois quando era mais novo já tinha vindo a África.
— Acho que já passei por aqui antes — disse ao grupo.
— Como assim? — Jonas o questionou.
Ele apontou para um riacho: dizendo que o fazia lembrar do passado, porque  tinha uma pedra enorme com uma marca de “x”.
Seu rosto começou a mudar, parecia estar nervoso, acabaram percebendo isso.
— Está tudo bem? — perguntou Julia, colocando sua mão em seu ombro.
— Sim, está! — respondeu ele dando um leve sorrisinho.
Mas não estava tudo bem, estava começando a lembrar de um passado que ele esqueceu um dia.
— Esse é o caminho correto? — Paulo perguntou com suspeita ao guia, que estava um pouco à frente deles.
— Sem dúvidas é o caminho correto — respondeu friamente.
Ana e Jonas falavam entre si dizendo que Paulo estava agindo estranho.
De repente, Danso manda todo mundo fazer silêncio e se abaixar.
Paulo sussurrou perguntando:
— O que está acontecendo?
O guia olha para eles e com o dedo indicador pede silêncio total.
Paulo que era curioso vai andando bem devagar e abre uma moita na qual eles estavam escondidos atrás, vê um grupo de pessoas, cinco no total.
Pareciam preocupados olhando constantemente ao seus redores. Suas roupas eram típicas de estrangeiros.
— Por que estamos escondidos? Eles são como nós — sussurrou novamente.
O guia então aponta para entre as árvores.
Paulo sem entender começa a observar, mas não notou nada incomum — eram apenas árvores comuns — pensou.
Ele então olha para o seu grupo e com os braços sinaliza que não está entendendo nada do que está acontecendo.
Então ouve um grito e um pedido de socorro de uma mulher.
O guia que estava acompanhando o outro grupo tinha levado uma lança no peito e parecia estar morto jogado no chão.
O restante do seu grupo entrou em pânico e das árvores saíram vários homens estranhos, totalizando dez.
Paulo, que estava a cerca de vinte metros de distância, mas ele logo soube do que se travava e naquele momento arregalou os olhos e ficou paralisado.
— Paulo. Paulo — Jonas o chamava sussurrando.
Ana começa a se tremer, sentia algo estranho vindo daqueles gritos.
— Irei lá — disse Julia andando bem devagar e agachada.
Ao chegar ao lado do seu namorado, ela também viu o massacre que estava acontecendo, por aqueles selvagens.
Ela colocou a mão direita na boca como se não acreditasse no que estava presenciando.
Braços e pernas estavam sendo arrancados à força com extrema brutalidade, e os gritos de desespero das mulheres ecoavam pela floresta.
— Faça alguma coisa — disse Julia ao guia — Você tem uma arma, ajuda eles — suplicou firmemente.
Danso, que nunca tinha visto algo parecido, também entrou em choque.
Os pedidos intensos de Julia fizeram Paulo voltar à realidade da situação que se encontravam.
— Eu sei oque fazer… — disse ele — Irei até lá.
— Está louco? Eles vão matar você também — disse sua namorada o segurando pelo braço.
— Se eu não fizer nada agora eles vão matar todo mundo aqui.
Paulo parecia saber de alguma coisa, mas no calor do momento não comentou com ninguém.
Ele se levantou e começou falar de longe palavras estranhas, enquanto andava em direção ao massacre.
Eram palavras de uma língua jamais vista ou escutada, mas o experiente aventureiro parecia saber o que estava falando, já que os selvagens (irei chamar eles assim por enquanto), ficaram parados olhando para ele.
Nesse momento Ana e Jonas chegaram aonde Julia estava e também não acreditavam no que estavam vendo.
— O que ele está fazendo? Ele vai morrer! — exclamou Jonas.
Quando Julia olha para o lado, Danso estava tentando fugir bem lentamente agachado, mas não foi muito longe, já que um dos selvagens o notou e com uma precisão incrível o acertou uma lança em sua cabeça. Sua força e mira eram surreal.
Enquanto isso Jonas e Ana olhavam toda aquela terrível situação onde se encontravam sem dizer uma palavra, eles apenas arregalaram seus olhos e rangeram os dentes.
Os três pensaram em fugir, mas viram oque aconteceu com o seu guia, então logo desistiram da ideia e ficaram aguardando o desdenhar da situação.
Paulo enfim havia chegado no local da desumanidade. Um dos selvagens, o mais forte entre eles, começou a se comunicar com Paulo.
Palavras estranhas foram ditas.
Se passaram alguns minutos de conversa, e Paulo enfim resolveu chamar seus amigos.
— Podem vim agora! — disse bem alto.
Eles estavam relutantes em ir.
— Venham agora por favor, se não eles vão matar vocês — voltou a falar mostrando preocupação.
Com receio de um mal maior eles resolveram ir.

Dark LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora