Colônias de Trappist-1, Planeta e.
Nessa altura do campeonato, eu não sabia dizer se o meu peito estava acelerado pela falta de oxigenação, ou por algum estresse cardíaco sempre que o via juntos. Tive desacoplar minha máscara de oxigênio do meu cinto e levar até as vias aréas, sentindo meus pulmões relaxarem com o fluxo abundante de ar fresco que os invadiu.
Fomos avisados sobre o clima chuvoso do planeta, ainda que a temperatura média não fosse a ideal para montar a colônia principal. Tentei por roupas mais juntas para que ele me notasse, mas tudo o que consegui foi dentes batendo pela pouca capacidade de reter calor.
— Podem ir um pouco mais devagar? Meus níveis de oxigênio estão um pouco baixos demais. — Tive que juntar forças para minha voz não vacilar, mas tenho quase certeza que notaram meu incômodo.
— Quer descansar um pouco, Marcelo? — Carlisle perguntou.
Por Urânia, toda vez que seus olhos alaranjados me olhavam eu sentia as minhas pernas fraquejarem, ainda mais o vendo molhado pela chuva. Em um relance, meu olhar esbarrou em como ele segurava as mãos dela, o que me fez cerrar os dentes e desviar minha atenção para o solo molhado sob nossos pés.
— N-não... Estou bem.
— Parece um pouco cansado. Tem certeza que não quer descansar? — Seu tom era atencioso, como sempre costumou ser.
Carlisle se aproximou, a deixando para trás.
Sei que eu não deveria me sentir assim, mas meu peito batia mais forte toda vez que ele se aproximava, cuidadoso. Pensei em reclamar do frio do planeta, mas a sua pele gelada de vampiro não seria o bastante para me deixar aquecido.
Coloquei uma mecha do meu cabelo para trás da orelha, mas minha calvície acabou fazendo a mecha molhada soltar na minha própria mão. Tive que jogar no chão e disfarçar, com as bochechas coradas pela proximidade.
Ele costumava me elogiar sempre que meus cabelos caíam em suas mãos frias quando tomávamos banho juntos.
— Estou bem. É sério, dentudinho... — Em um vacilo, deixei me levar pelo momento e engoli o seco logo após o ato falho. — Digo... Carlisle.
— Agora não é hora pra isso, Marcelo. — Severo, colocou um dos meus ombros com sua palma forte e apertou. — Foco na missão. Tudo bem?
— Quer um miojinho, Assafin? — Provocante, Belle Belinha hablou e se aproximou de nós e abriu um sorriso largo quando percebeu o que havia acontecido. — Dentudinho? É sério que ainda não superou isso?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segundos de Arco
FantasíaA colonização de outros planetas não é mais apenas uma ideia em obras fictícias, mas sim a principal forma de sobrevivência da raça humana depois do esgotamento dos recursos da Terra. Para isso, pesquisadores se expõem a treinamentos intensos e miss...