1- O quadro

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Eis que tirei a publicação dessa bonita aqui para dar uma corrigida nela. Ela é uma das minhas queridinhas.

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Eu sempre fui uma pessoa quieta e sempre tive problemas para trabalhar com outras pessoas por causa disso. Na escola implicavam bastante comigo, ficou pior durante a minha adolescência. Haviam dias que eu chorava durante o banho para meu tio, meu quase pai, e irmão não ver. As pessoas são maldosas e eu tenho meus motivos para ser tão fechado.

Tio QiRen sempre me recebia em casa com um abraço e um beijo em meio aos cabelos, era o que me acalmava e na maioria das vezes ele não sabia de absolutamente nada... Ele não faz mais isso por eu já ter vinte e oito anos, mas às vezes eu desejaria que o fizesse, pois existem dias que são simplesmente infernais para mim e eu só precisava de um abraço para poder chorar... Os dias que preciso lidar com alguns clientes que são bem impertinentes comigo...

Para minha sorte, na profissão que escolhi para mim, não há problemas ter pouca interação com pessoas. Eu era um historiador e restaurador de peças antigas. Passo horas e mais horas no meu ateliê restaurando partituras, páginas delicadas de livros e o que eu mais gostava: pinturas. Era minha paixão e minha terapia, minha distração que fazia com que eu não fosse alguém estranho para os outros de fora...

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Sempre que Lan Wangji chegava ao prédio onde trabalhava, ele fazia um corredor quase inteiro virar a cabeça para o ver passar. A calça jeans justa que revelavam suas coxas torneadas e seu bumbum avantajado, somado à camisa salmão com mangas ¾ e dois botões abertos, sim, dois malditos botões, que revelavam o suficiente para fazer com que as mulheres arregalassem os olhos através das portas de vidro de suas salas. As pontas dos cabelos compridos lhe tocavam levemente a cintura e seu olhar indiferente miravam apenas a sua sala no fim do corredor, com ele ignorando como sempre os risinhos e os cochichos sobre como era gostoso.

Seu irmão mais velho, Lan XiChen sempre implicava com ele, dizendo que ele cheirava a bolor por conta das restaurações que fazia e mais recentemente, implicava com ele por causa de uma pintura que ele restaurava com tanto cuidado e lentidão que era quase como senão quisesse devolvê-la ao lugar onde pertencia. E não queria. Não queria deixar de olhar para aqueles travessos olhos azul violeta que pareciam que o seguiam onde quer que ele fosse. Wangji sabia que era apenas a técnica da pintura, mas mesmo assim, sentia como se a pessoa retratada ali fosse sua companhia, ao ponto de às vezes se pegar conversando com o homem ali retratado.

Ele era belíssimo. Usava um hanfu preto sobre um branco, os cabelos compridos presos apenas em algumas mechas para afastar os fios de seu rosto com uma fita vermelha. Ele segurava uma flauta de bambu preta com um tassel vermelho com uma ficha de jade nela e tinha aqueles olhos e aquele olhar travesso.

_Às vezes fico me perguntando como seria conversar com você. Poder conhecê-lo... – ele suspirou colocando os óculos – Você deveria ser a criatura mais bonita da sua época. Deveria ser cobiçado por mulheres e por homens como eu, corta manga como você me chamaria – ele sorriu e depois olhou para o lado – Eu queria saber o motivo de ser tão mais fácil falar com uma pintura do que com as pessoas à minha volta.

Ele pegou o pote com tinta preta e um pincel fino, começando a ajustar a tinta desgastada dos cabelos do homem.

_Se bem que eu tenho a resposta do porquê. As pessoas me deixam nervoso e pouco a vontade e eu não gosto quando elas me tocam... Se você me perguntasse o motivo, eu lhe diria. Você seria o único que saberia – pinceladas suaves, mas firmes eram dadas ao quadro – Um professor que tive quando mais novo me tocava de uma forma não muito boa. Nunca disse isso à ninguém, mas acho que tio QiRen desconfie de algo até hoje, já que me mudou de escola da época e todos os dias me perguntava se eu estava bem... Se ainda tinha sido ruim comigo ou algo do tipo.

O Cultivador Flautista (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora