O celular de Lan Zhan tocava havia algum tempo e Wei Wuxian apenas olhava aquele objeto retangular estridente sem se atrever a tocá-lo ou acordar o outro. O toque do aparelho o havia acordado e ele ficou olhando WangJi dormir sem o incomodar, abafando o som daquela barrinha de prata maldita com uma pequena almofada.
O telefone ficou quieto mais uma vez, ele tirou a almofada de cima do objeto e ficou olhando para Lan WangJi diante de si. Os cabelos muito, muito pretos e lustrosos, como sua Chenqing, em contraste com a pele branca como o jade mais raro. Os lábios dele tinham a cor de pétalas de flores de cerejeira e a mão que repousava ao lado de seu rosto tinha dedos compridos, perfeitos, sem cicatrizes ou calos de espada, mas haviam outros calos, os dos pincéis que ele usava com tanta destreza.
Ele tocou as costas da mãos de Lan Zhan com delicadeza, de um modo quase imperceptível, passando as pontas dos dedos dos nós dos dedos alheios ao pulso e voltando pelo mesmo caminho.
“Eu não gosto que me toquem sem a minha permissão.” – ele se lembrou e freou o que fazia. Não queria fazer o outro se sentir mal com sua presença e mesmo que ele estivesse dormindo, pediu perdão bem baixinho e encarou o teto, sem perceber que WangJi esboçou um sorriso.
💙❤️💙
Ele acordou assim que sentiu os dedos de Wei Wuxian lhe fazendo cócegas suaves na pele e ao mesmo tempo, a aquecendo como se passasse um isqueiro aceso sobre a mesma. Wangji sentiu os poros do braço subir num arrepio e ficou tentado a puxar a mão, mas não o fez, queria ver até onde Wei Ying iria e quando percebeu que ele se freou e pediu perdão, seu coração ficou feliz. Além de seu irmão, tio e sua amiga Jiang YanLi, ninguém costumava respeita-lo do modo mais reservado que ele era. Mas aquele homem que ele mal conhecia, mas que o conhecia de uma forma mais profunda do que os seus simples desabafos, o tratava com respeito e carinho velado, com medo de ser repreendido por conta do mesmo.
_Bom dia Wei Wuxian.
_Bom dia. Você se importa em me chamar de Wei Ying?
_Se você prefere.
_Prefiro.
Sempre que Lan Zhan, seu Lan Zhan, o chamou de Wei Wuxian acabou em desavenças épicas, com cada um deles indo para o seu lado em despedidas dolorosas. Ser chamado de Wei Ying era como ainda estar no Recanto das Nuvens, ou ter a amizade do outro enquanto eles combatiam a tirania dos Wens.
_Pode me dar o meu celular? É esse objeto prata ao seu lado.
_Esse negócio faz um barulho e tanto. Eu não sei como não o acordou.
_Como assim!?
Ele pegou o celular e viu quatro chamadas não atendidas. Uma do tio, uma do irmão e duas de YanLi, o que o fez mirar no relógio, já eram quase três da tarde.
Lan Zhan se sentou de súbito na cama e pôs as pantufas.
_Eu dormi demais.
_Você dormiu depois do amanhecer. Não é para menos.
_Sim. Você deve estar com fome.
_Estou, mas na verdade eu queria beber, mas você se parece tanto com o Lan Zhan que acho que não deve ter bebida aqui.
_Na verdade tem. Eu realmente não bebo, mas o meu irmão sim. Tenho vinho aqui.
_Algo mais forte que isso?
_Whisky.
_Não sei o que é, mas vou descobrir.
_Beleza. Você bebe e eu cozinho.
Wangji saiu do quarto digitando mensagens no celular para tranquilizar o irmão e o tio e falou com YanLi que havia ido dormir muito tarde por causa do quadro, sem revelar que o quadro agora andava e falava e lhe lançava olhares desconfiados por ele estar falando com absolutamente ninguém.
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O Cultivador Flautista (Concluída)
FanficLan Wangji é um homem quieto e reservado. Historiador e restaurador habilidoso, é designado para restaurar um quadro antigo de um Cultivador charmoso que segurava uma belíssima flauta negra. O estranho foi ele desenvolver um amor platônico pelo hom...