2- Eu estou enlouquecendo

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Wangji deu dois passos para trás. O coração parecia que iria sair pela sua boca a qualquer segundo.

_Você é o flautista?

_Wei Wuxian. Meu nome de cortesia. Wei Ying, meu nome de nascimento.

_Eu sou...

_Lan Wangji. A pessoa que tem um irmão que quase sempre caçoa por você trabalhar demais, mas ele não sabe que você apenas se sente bem conversando comigo.

Lan Zhan se encostou na parede, e como ele não estava confiando nas próprias pernas, deslizou pela mesma até se sentar no chão. Ele estava tendo um ataque de pânico. Estava ficando louco, era a única explicação plausível para aquilo e já estava cogitando um psiquiatra, pois aquilo só poderia ser um surto de esquizofrenia.

Ele viu Wei Wuxian se aproximar, mas não muito e se sentar no chão diante dele.

_Você está bem?

_Não sei... Acho que estou ficando louco. Você deve ser uma miragem... Uma alucinação!

_Eu sou real. Eu só não me aproximo mais e seguro sua mão, porque me disse que não gostava que as pessoas o tocassem sem pedir e nem muito menos que se aproximassem muito por causa do que o seu mestre lhe fez quando mais novo, a propósito, eu sinto muito.

Lan Zhan levou ambas as mãos ao rosto. Ele estava alucinando. Se ele bebesse, poderia falar que estava bêbado, mas não tinha esse costume, justamente por não aguentar meio copo.

Wei Wuxian lhe segurou a mão, percebendo que ele estava gelado e o outro o encarou, um par de olhos dourados que lhe provocava lembranças boas e ao mesmo tempo dolorosas. Se ele pudesse, se tivesse outra chance, desistiria de ser o Patriarca Yiling e seria apenas Wei Ying, vivendo em Gusu e aguentando a punição que tivesse que aguentar. Ainda se lembrava de ter visto de relance a lágrima descendo pelo rosto de Lan Zhan quando gritou com ele, o mandando deixá-lo em paz e suspirou.

_Está tudo bem. Eu estou aqui. – o modo como Wei falou isso, acertou Wangji com tudo e ele sentiu naquela simples frase um pedido de perdão, mesclado com uma promessa. – Viu? – Wuxian apertou ambas as mãos do outro. – Eu sou real, carne e ossos.

_Como pode isso?

_Não sei... Eu só me lembro de... – ele olhou para o lado e se calou, se recordando de quando pulou para a morte sem se importar com mais nada – de tudo escurecer... E depois comecei a ouvir você. De início eram sussurros, e minha visão era um borrão, até que consegui ouví-lo de modo mais nítido e quando passei a enxergá-lo, nossa... Você me lembra uma pessoa de quem eu gostei muito.

_Algum amante?

_Um amigo. Ele não era um corta manga. Com certeza não. Era sério demais, correto demais, com princípios demais... Mas se ele fosse um corta manga, acho que não me escolheria para esposa sabe. – ele riu de forma amarga – Imagine tentar casar um anjo com um demônio.

_Não acho que seja um demônio. – falou Lan Zhan baixinho, se lembrando de quando era apenas um menino de dez anos numa sala de aula, com o professor lhe passando a mão aqui e ali.

_Obrigado.

_Bom, como você não é uma ilusão ou eu ficando completamente louco, vou cuidar de você. Venha comigo.

Lan Zhan se colocou de pé e Wei Wuxian o seguiu, saindo do ateliê e pelo corredor até o quarto do restaurador.

Ele não podia deixar de notar a postura no caminhar, os cabelos compridos que balançavam levemente e o pijama branco, tinha que ser branco! Tudo lembrava ele. Tudo lembrava aquele pedido.

O Cultivador Flautista (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora