Capítulo 24

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Capítulo 24 ― Vinte e quatro.

Angelique recovers alongside Azriel and Cassian.

Madja ao ver o estado dela a deu primeiro um banho frio e só parou quando Angelique já batia os dentes com força, depois a deixou numa banheira com ervas durante horas e a bruxa continuou adormecida agora por cansaço próprio. Azriel e Cassian não saíram de seu lado um instante sequer mesmo que a curandeira insistisse, a ajudavam com o banho e limpavam suas feridas.

Os dedos continuavam pretos e Madja havia embebido ataduras na mistura de ervas e agora eles estavam enrolados juntos também de creme de camomila. Ela ficou completamente adormecida por quase dois dias inteiros e eles seguiam cuidando dela.

― Hm... ― Angelique murmurou quando começou a despertar e não percebeu como Cassian e Azriel rapidamente se viraram ao encontro dela.

Os dois se revezavam para tirar cochilos e Cassian era quem dormia ao lado dela quando a moça acordou, os illyrianos ficaram preocupados quando ela os encarou.

― Shii, está tudo bem. ― O general disse primeiro quando notou os olhos dela cheio de lágrimas.

A bruxa não disse nada e apenas começou a chorar de forma contida até os soluços ficarem altos demais. Azriel e Cassian apenas a abraçaram, os dois deitaram ao lado dela com cada ficando contra seus ombros trêmulos e ela tentou acariciar seus rostos, mas os curativos a impediam e levou longos minutos até que ela se acalmasse e o choro diminuísse.

― Me desculpem. ― Ela disse quase sem voz.

― Shii, precisa descansar. ― Azriel se afastou apenas para colocar um pano morno sobre a testa da parceira deles e acariciar sua face.

― O que eu estava fazendo? Eu fiquei louca por causa daquela coisa em tão pouco tempo. ― Angelique tossiu fracamente. ― Eu deveria continuar lendo o livro. ― Disse se sentindo um pouco perdida e ela gemeu ao sentir as veias de seu corpo pulsando por conta de seu poder.

― Você vai continuar aqui, está com fome? ― Cassian a indagou enquanto o encantador de sombras se afastava em busca de algo para comer.

― Não. ― Angelique murmurou observando seus próprios dedos e as veias em seus braços, aquilo ainda a deixava exausta.

― Precisa comer, querida. ―Azriel a encarava de longe, vendo como sua parceira parecia abatida.

― Eu só vou dormir mais um pouco, depois eu vou comer algo. ― A bruxa ainda se sentia cansada e os dois não se opuseram, sabiam que ela também precisava conseguir descansar.

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Angelique acabou acordando ao ouvir seus pais falando de forma alta e observou a irmã dormindo com uma abelha de pelúcia, ela saiu de sua cama e esfregou um dos olhos enquanto seguia de forma silenciosa para fora do quarto que dividia com a outra em busca das vozes que discutiam.

― Eu não quero minhas filhas juntas daquela criança! ― A voz de Selene quase era ouvida em todos os cômodos.

― Fale baixo, nossas meninas estão dormindo. ― Seu pai ergueu um dedo para ela tentando lhe fazer ser cautelosa como ele. ― Pense nessa ideia, se elas ficarem próximas de Rhysand podem conseguir o mesmo conforto que ele... Podem ser protegidas, nós sabemos que as fêmeas sofrem aqui.

A pequena quase tremeu quando ouviu sua mãe rosnar e decidiu ficar no corredor metros antes da escada para continuar ouvindo a conversa.

― Eu sempre insisti em irmos embora para a Estival, você quem continua querendo ficar aqui. ― Selene foi sincera. ― Minha mãe sempre odiou esse lugar e me fez agir da mesma forma, mas eu amo você e nossas filhas...

― Não sei o que você vai ver na Estival, mas pense em nossas filhas. ― Ele foi sincero. ― O grão senhor pode ficar furioso com você e acabar com essa aproximação.

― O filho dele é uma criança poderosa demais, ele quer controlá-lo e sabe que eu sei como fazer isso. ― A bruxa tinha certeza. ― Ele não me fará mal, não quando eu sei o que pode acontecer no futuro.

― Sempre soube que você era poderosa.

E então a discussão acabou se encerrando com os ânimos ficando mais calmos e Angelique decidiu voltar para seu quarto vendo que a irmã ainda dormia e deitou em sua cama. Ela ficou com aquilo em sua cabeça até a mãe viajar para a corte Estival dizendo que ia ver um tesouro da família enquanto fazia uma viagem com o grão senhor e uma semana depois ela estava de volta e diferente do que lembrava.

Selene tinha um olhar duro demais para as duas filhas e as encarava quase com ódio enquanto o pai seguia amável da mesma forma, Angelique podia perceber que algo parecia ter mudado. Havia despertado várias vezes com sua mãe proferindo palavras em um feitiço enquanto encarava o céu durante a madrugada, de sua mão podia ver a magia dela saindo e parecendo ir de encontro com a própria noite estrelada.

Ela ficou mais próxima do grão senhor e andava sempre com um grimório embaixo dos braços, uma única vez a viu com um livro velho e grande em sua frente parecia ter seu poder enquanto a mãe conversava com ele como se estivesse falando com alguém, aquilo a deixava incomodada.

Rhysand era só um bebê, mas Selene sempre queria que ela e a irmã brincassem com ele e fossem próximas dele. Depois que a mãe voltou da Estival e ela esteve mais próxima do grão senhor, as pequenas estavam sempre junto do menino e eram quase babás deles enquanto os adultos comemoravam aquela proximidade.

Porém, Angelina e ela passaram a ficar desconfiadas demais. Sua memória mudou para o dia em que várias sacerdotisas estavam pertos dela e da irmã e a mãe parecia comandar algo.

Quando sentiu que havia algo de errado mandou sua irmã para longe e a última lembrança daquele momento era a mãe se aproximando dela com os olhos pretos e erguendo uma das mãos para segurá-la, depois lembrava apenas de estar em sua cama acordando confusa enquanto Angelina dormia na cama ao lado junto de sua abelha de pelúcia.


A bruxa acordou bruscamente e reparou que Azriel balançava um de seus ombros.

― Achei melhor acordá-la agora para comer. ― Azriel quase sorriu fraco, mas parou e ficou sério quando viu o olhar preocupado dela. ― Está tudo bem? Estava tendo um pesadelo? ― Ela não havia mostrado nada pelo laço e parecia ter tido um sono tranquilo.

― Não, eu sonhei com minha mãe. ― Angelique se sentou e ele a ajudou. ― É um pouco estranho, fazia muito tempo que eu não sonhava ou ao menos pensava tanto nela e na minha infância, é estranho.

― Aqui está o mingau de aveia! ― Cassian se aproximou dos dois junto de uma bandeja. ― Como está querida? ― Ele lhe deu um beijo na testa.

― Eu dormi bem, sinto que consegui descansar. ― A bruxa estalou seu pescoço. ― Vocês trocaram minhas ataduras? ― Ela podia perceber que os dedos aos poucos pareciam voltar para sua cor natural.

― Claro, Madja nos ensinou direitinho. ― O general sentou ao lado dela e segurou a tigela, misturando aquela coisa empapada.

― Ew, que nojo. ― A moça acabou murmurando e Azriel riu fraco. ― Me deram banho também? ― Ela percebeu que estava com roupas diferentes.

― Madja disse para lhe banharmos de quatro em quatro horas com uma mistura de ervas calmantes para o espírito, talvez isso tenha lhe feito dormir ainda mais. ― O encantador de sombras a explicou.

― E disse que você precisa se alimentar bem, então. ― Cassian encheu a colher com o mingau. ― Abra bem o bocão!

― Hm, não. ― Angelique virou seu rosto para Azriel e ergueu seus lábios em um biquinho o fazendo beijá-la. ― Eu prefiro isso.

― Ora, não seja assim! Eu fiz com tanto carinho e está gostoso. ― Nem mesmo o general pode evitar a careta que fez quando encarou aquilo.

― Eu vi sua cara, Cassie.

― Eu não fiz cara alguma, agora coma. ― Cassian aproximou a colher dela e a moça suspirou.

Abriu sua boca lentamente e quando a primeira colherada foi para sua boca, seu estômago fez um barulho alto.

― Claro que estaria com fome. ― Azriel balançou a cabeça. ― Casa, precisamos de frutas, por favor.

Segundos depois maçãs, morangos e laranjas caíram sobre a bandeja já cortadas e colocadas em pratos.

― Vocês estão me mimando muito. ― Angelique comentou quando Azriel levou um pedaço de morango para seus lábios.

― Você merece, estamos cuidando de você. ― Cassian roubou um selo e ela riu fraco.

― Eu deveria ter aquele livro no meu colo, não estar aqui sendo mimada por vocês. ― Ela resmungou e os dois suspiraram. ― Sabem que é verdade.

― Rhysand nos deu a ordem para que você ficasse longe dele. ― Azriel a disse fazendo com que a moça arregalasse os olhos. ― Ele quer protegê-la também.

― Caramba, não imaginei isso acontecendo. ― Ela se espreguiçou ainda comendo quando eles aproximavam o mingau e as frutas. ― Parece que ele ficou com medo.

― Não foi só ele. ― Cassian comentou.

― Me desculpem, eu... Eu só queria que isso passasse, uma guerra vindo de novo e parece que nunca conseguimos ficar juntos sem algo acontecer. ― Angelique sentiu novamente vontade de chorar. ― Passamos cinquenta anos sem nos vermos e não vou aguentar se algo assim acontecer novamente, eu não quero que vocês sejam feridos, eu não quero perder a guerra e eu só quero que todos fiquem a salvo e fiquem bem.

― Não será a primeira guerra que passamos e nem a última, ficaremos bem. ― Azriel disse acariciando o ombro dela enquanto Cassian a abraçava de lado ainda segurando a tigela de mingau. ― Teremos muitos exércitos ao nosso lado.

― Eles também têm. ― Aquilo não a animava muito.

― Sabe o que ele não tem? Você, uma bruxa extremamente poderosa. ― O general disse e o espião da corte concordou com ele. ― Hybern não deve fazer ideia do que parou o Caldeirão e foi você.

― Com certeza ele está furioso tentando lhe descobrir e nós temos essa vantagem. ― Azriel também comentou.

― Isso me deixa mais animada para encarar o futuro. ― Angelique foi sincera. ― Eu só espero vencer e poder viver em paz com vocês.

― Seu desejo será realizado, querida. ― Cassian beijou sua testa. ― Agora, volte a comer.

― Você deveria comer esse mingau. ― A bruxa fez uma careta.

― Eu o fiz para você, coma. ― Ele pegou mais uma colher e ela resmungou quase revirando os olhos. ― Até o final dele, você vai gostar.

― Desculpe, meu amor, você precisa comer. ― Azriel disse quando notou o olhar dela para si e os olhinhos azuis quase brilhando enquanto o encarava.

Pedindo por ajuda para se livrar daquela gororoba.

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Depois de quase dois meses, Angelique já se sentia muito melhor não tendo mais contato com aquele livro maldito. Rhysand havia comentado numa reunião que havia descoberto como se livrar do Caldeirão e que ele podia ser a chave para o fim de tudo, mas ela sabia que aquilo custaria à vida do grão senhor.

Seus sonhos com a mãe haviam aumentado e ela continuava sem entender o motivo do meio illyriano aparecer tanto em seus pensamentos, vinha acordando com uma dor no peito e aquilo tinha passado a incomodar, não havia causa aparente para aquela aflição no seu músculo cardíaco.

― Não está com muita fome? ― Azriel a indagou enquanto Cassian segurava em umade suas mãos.

― Não muita. ― Angelique suspirou. ― Desculpe, eu estou pensativa demais.

― E o que ronda seus pensamentos? Você está bem quieta ultimamente. ― O generalindagou.

Os três estavam aproveitando um almoço em um restaurante no centro de Velaris,a bruxa estava feliz por estar saindo da casa do Vento depois de longos dias eeles aproveitaram também para fazerem uma caminhada.

― As coisas estão quietas e isso é estranho. ― Angelique o respondeu. ― Há umaaura estranha ao redor, parece que algo está acontecendo e eu não estou vendo.

― Os exércitos de Hybern estão se mexendo mesmo, já estão sobre a cortePrimaveril e quase chegando a Outonal. ― Azriel comentou. ― Beron parece estarjunto de Tamlin deixando que os hybernianos usem suas terras.

― Covardes. ― A bruxa respirou fundo. ― Eu amo vocês, obrigada por tudo. ― Ela disse depois dealguns segundos em silêncio.

― Também a amamos. ― Azriel disse um pouco constrangido.

― Com certeza a amamos muito. ― Cassian disse antes de tomar um pouco de seuvinho. ― Mesmo que você venha com essas declarações do nada.

― Apenas senti vontade de dizer. ― Angelique sorriu fraco. ― Devemos aproveitarde uma boa e tranquila refeição.

Bastou que ela dissesse aquela frase para que segundos depois uma forteexplosão fosse ouvida, Cassian a puxou para o chão enquanto Azriel erguia amesa protegendo os três enquanto os barulhos de explosões aumentavam cada vezmais.

Velaris estava sendo atacada.

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Feliz 2023, pessoal! 

A Court of Love and Sacrifice [CASSIAN E AZRIEL]Onde histórias criam vida. Descubra agora