O lufano da sala ao lado.

Kim Taehyung, o lufano.

Debruçando-se sobre sua carteira, Hoseok queria que aquela aula de adivinhação acabasse o quanto antes. No segundo ano era até que legal saber de algumas coisas toscas, porém agora o Jung achava uma perda de tempo, apesar, nada nunca lhe beneficiou mesmo.

Passando a mão por seus fios ruivos, Hoseok olhou ao seu pergaminho e pôde ver que não havia escrito nada, diferente de Jungkook, que almejava saber o que aconteceria daqui a algum tempo e anotava tudo que achasse importante.

Cutucando o mais novo, o Jung o ouviu resmungar um "hum, que foi?" e falou baixinho:

— Eu vou sair da sala.

Jungkook arqueou uma sobrancelha e mirou ao mais velho confuso.

— O quê? Ficou louco? Hyung, isso vale nota, você sabe, não é?

— Ai, Jungkook, depois você me passa. — disse, com um biquinho nos lábios. — Por favor... — pediu, depois que viu o castanho balançar a cabeça de um lado para o outro, negando tal afirmação que lhe passaria a matéria perdida.

— Não. — silabou.

— Eu te levo ao Três Vassouras... — murmurou.

— E o que mais? — perguntou, sugestivo.

— E te pago um, só um whisky de fogo.

— Três.

— Dois. Você é louco de beber um negócio daqueles, ruim demais.

— Três, hyung.

— Dois e não se fala mais nisso.

— Tudo bem. — resmungou, dando-se por vencido. — Vai, agora sai, eu quero prestar atenção na matéria, sai, sai.

Silenciosamente, Hoseok pegou tudo o que era seu e partiu em direção sala afora. Por sorte a professora não viu que estava saindo e lhe barrou.

Andando pelos corredores, o Jung até dava algumas voltinhas por estar sozinho. Era tão bom não ouvir os alunos gritando, se beijando e arrumando briga.

Arregalando os olhos por reparar uma silhueta alta quando virou para subir ao seu dormitório pela grande escadaria, Hoseok franziu o cenho e deixou sua boquinha entreaberta, querendo saber o que o novato fazia ali, sem estar na aula. Não podia julgar também, apesar, saiu de penetra, sorte que tinha Jungkook em sua vida.

Pensando duas vezes no que fazer, Hoseok deixou de tirar um cochilo da tarde e seguiu o loirinho até a biblioteca. O Jung nunca havia o visto ali, porém sempre soube que o estranho gostava de ler, pois constantemente carregava livros na mão e o óculos redondinho no rosto, tornando-se ainda mais atraente quando ele ficava na pontinha de seu nariz.

Lambendo os lábios curioso, Hoseok tomou o máximo de cuidado possível para que seus sapatos não fizessem tanto barulho e chamassem a atenção do nascido-trouxa. Hoseok não fazia ideia de quem o homem poderia ser, só descobriu que ele veio de uma família de trouxas, era lufano, não havia se enturmado muito e tinha a mesma idade que si, dezenove anos.

Arqueando uma sobrancelha quando o loiro sumiu de sua visão, o Jung apressou os passos e suspirou triste por ter realmente perdido o outro de vista. Queria tanto saber o que ele gostava de ler, ver seu sorriso retangular mais uma vez... ah, Hoseok gostava tanto de observar o sorriso daquele aluno, era tão adorável e perfeito.

Quando o Jung foi para dar mais alguns passos e se aproximar da sessão restrita, ele se assustou por algo apertar seu pulso, por isso não se envergonhou de ter berrado tão alto que seu ouvido poderia ter sangrado. Com a respiração acelerada, Hoseok gemeu em dor por seu corpo ter sido jogado de encontro à uma prateleira cheia de livros velhos.