JAKE
Acordo na manhã seguinte com grandes olhos azuis me encarando expressivamente. Meu coração dá um salto pesado para a consciência.
── Audrey. ─ murmuro calmamente, minha voz rouca arranhando minha cabeça. ── O que está fazendo?
A menininha está parada do lado da minha cama, o cabelo parece uma juba de leão escura. Ela dormiu no meu sofá ontem, depois de me obrigar a assistir três filmes da Barbie com ela e já era tão tarde que Daisy não se importou em deixá-la passar a noite. Eu fiquei meio preocupado com a falta de atenção que minha vizinha tinha com seus sobrinhos, ainda mais com a pequena, mas não posso dizer nada, os Keery não esperavam ter que cuidar de três adolescentes e uma criança.
── Estou com fome, Jake-Jake. ─ ela diz com uma vozinha doce de sono, se empulheirando na beirada da minha cama.
── É claro que está. ─ murmuro, agradecido por ela não ter feito algo a respeito sozinha. ── Me de um minuto.
Olho para o relógio digital na minha cabeceira e depois de volta para a pequena monstrinha.
── São seis da manhã de um domingo.
Ela só me dá uma risadinha antes de me obrigar a sair da cama. Depois de lavar meu rosto e escovar os dentes, desço para o primeiro andar para preparar algo para essa pestinha comer. No fim faço uma montanha enorme de panquecas com melaço e coloco na mesa. Estou pensando que fiz muitas e vou ter que mandá-la pra casa com o que restar porque não vou comer quando ouço uma fungada.
Meus olhos caem para Audrey, mas ela está de costas para mim encarando o prato de panquecas, então vejo quando seus pequenos ombros tremem e outra fungada.
Toco a lateral dos seus braços e a viro para mim, minhas sobrancelhas se unem quando encaro seus olhos azuis cheios de lágrimas que ainda não caíram.
── Ei, o que foi, princesa? ─ pergundo calmamente.
── N-não é nad-da. ─ diz balançando a cabeça, o movimento faz as lágrimas gordas escorrerem pelas suas sardentas.
── Bobagem, o que foi? achei que éramos amigos.
Ela funga e meu coração dói no peito vendo sua luta para não chorar. Quero saber o que se passa, porque ficou assim de repente. Quando enfim me responde, depois de um minuto inteiro me olhando com esses olhos enormes, doloridos demais para uma criança de dez anos.
── Austin amava panquecas.
Meu peito se aperta e minha garganta fica seca. Daisy me contou que Audrey é gêmea, e o menino morreu no acidente que matou Hannah. A menininha pode parecer toda alegre, mas não é tão nova para não se lembrar dos pais e do irmão... por um momento desejei que fosse, mas isso era errado e eu me senti mal no segundo seguinte.
Me abaixo até estar na sua altura e dou a ela um sorriso fechado, erguendo minha destra e limpando suas lágrimas.
── Eu sinto muito, princesa. Quer que eu faça outra coisa? ─ questiono calmamente, não sabendo nada sobre como eu deveria tratar o assunto.
Audrey balança a cabeça. ── Não, eu também amo panquecas, eu só... sinto falta dele... Promete que não vai dizer a titia que chorei?
Olho para ela, parece envergonhada por ter chorado e não concordo com isso, mas não digo nada, agora, vou conversar com Daisy mais tarde sobre as crianças. As vezes Audrey parece ter mais idade do realmente tem, tipo agora, quando está me olhando assim. Sinto um pequeno sentimento dolorido no peito, sofrido por saber que ela e seus irmãos estão passando por tudo isso.
── Tudo bem. Mas não tem poblema chorar se estiver com saudades.
Ela não diz nada, somente me dá as costas e se senta numa das cadeiras. Coloco duas panquecas para ela e um punhado para mim, só para me manter ocupado. Desde que acordei estou tentando manter minha mente ocupada, e Audrey foi de grande ajuda, me mantendo longe de pensamentos que me levem a outra Sweeney.
Aviso: Vou escrever capítulos pequenos de agora em diante, para entregar com mais frequência... Caso prefiram os maiores, é só falar !!
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SEDUZINDO MEU PROFESSOR
RomanceSinopse: Estou quebrada, fui reduzida a cacos estilhaçados de quem um dia fui. As pessoas mais importantes da minha família estão mortas e nosso sobrenome não significa nada aqui, não sou ninguém, tão comum e desinteressante do que qualquer outra ga...