Caro leitor, devo admitir que contar a história do meu grande amor não é fácil. Absolutamente não. Eu lembro de tudo com clareza, marcado em minha memória eterna desde o dia em que nos conhecemos, mas é difícil pôr tudo em palavras entendíveis com uma cronologia correta que não esteja bagunçada como minha cabeça.
Para você que vai ler, tenho algumas informações que acho relevante você anotar para que seja mais compreensível a minha história: 1- Sou uma pessoa que está dentro do espectro autista; 2- Não apresento todas as características do TEA(Transtorno do Espectro Autista); 3- Tenho algumas obsessões, sendo elas: história, botânica, geografia(em especial a Hidrologia referente à hidrelétricas); 4- Sou absolutamente gay, homosexual, yag, bixa, entre outros nomes ofensivos e não ofensivos para designar minha sexualidade, sei disso desde que me conheço por gente; 5- Sou brasileiro comunista, creio que este seja o 1º ou o 2º tópico que mais te impacte no momento atual, mas não acho que deva ficar com raiva disso, se for continuar a ler você deverá abrir sua mente.
Agora me apresentando para vocês, não gosto disso, me sinto muito idiota, mas enfim. Sou Aurélio, prazer! Eu sei que talvez se você já tenha ido a qualquer biblioteca tenha visto um dicionário Aurélio, mas saiba que do latim Aurelius, "de ouro, dourado" e do etrusco Úsil, "brilhante como o Sol" e no Brasil, Aurélio Buarque de Holanda que foi um crítico, ensaísta, tradutor, filólogo e lexicógrafo foi o autor do dicionário Aurélio e também foi membro da Academia Brasileira de Letras
Além disso, ele era primo de 2º de Chico Buarque de Holanda, que é um dos meus cantores favoritos pelo simples motivo de algumas de suas músicas me fazerem arrepiar. Minha mãe fez faculdade de letras, e durante esse período veio a se apaixonar pelo nome Aurélio e quando me teve foi uma decisão fácil me nomear, fui batizado com o seguinte nome: Aurélio Adorno Aldila, em uma igreja antiga erguida por mãos ásperas pela dureza do trabalho do campo e desgastadas pelo tempo que as perseguiu, uma torre bem alta no lado direito olhando de fora, uma mistura de arquitetura dos anos 1940 aos anos 1960, adaptada ao frio e chuvas do inverno e ao forte sol de verão. Devo dizer que tenho um fascínio pela arquitetura, mas voltando ao assunto, minha mãe havia feito uma faculdade de letras e dava aula na cidade vizinha de Campos do Sul, chamada Pinhais do Sul, minha família se estabeleceu nessas duas cidades interioranas do Rio Grande do Sul há pelo menos três gerações, quatro se contar comigo.
Porém não nos mantivemos por lá por muito mais tempo, aos meus quatro anos nos mudamos para uma cidade menor ainda, mas mais próxima da capital regional, assim deixemos para outro momento essa conversa. A cidade é denominada Vale dos Cravos em homenagem a um homem de sobrenome Cravo, por acaso ele odiava cravos, mas eu amo. Este que viveu no final do século XIX e doou parte de suas terras para se estabelecer um povoado, esse povoado se tornou distrito e posteriormente conquistou sua emancipação no ano de 1996. Ao longo dos anos cresci e passei por diversos problemas típicos de cidades pequenas com pessoas diferentes.
Aprontei bastante nesses meus anos, quando chegou o meu ano de ir para o ensino médio fiz um processo seletivo para uma escola federal e passei, foi um sincero respirar, eu estava absolutamente sufocado por mentes fechadas e asas cortadas, imaginações mortas e preconceito, mas enfim eu havia arrumado uma rota de fuga. Eu sempre era elogiado e atacado por ter uma opinião crítica, eu não era um Abaporu(hoje sei o real significado do Abaporu de Tarsila do Amaral, mas neste caso é em relação ao pensar pouco e trabalhar muito), eu era mais que isso. Apesar de minha mãe ter feito duas faculdades, letras e pedagogia, sua mente era fechada e sua imaginação fora assassinada há muito tempo.
Cresci então nessa casa conservadora, um pai que havia deixado a mim e meu irmão e aparecia periodicamente, mas então a vida bateu me a porta e aos poucos fui me formando como ser humano, entendi que ser como eu não era errado e me revoltei com o sistema. Enfim há muita história a ser contada, mas por hoje cansei-me de escrever.
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Arquivo Histórico
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