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"Robby..." Miguel disse, se afastando um pouco daqueles lábios tentadores. "A gente não pode fazer isso."

"Por quê? Você lembra que não é meu irmão, certo?" Robby disse, atrevidamente.

"Porque nós dois somos..." Miguel começou, sendo interrompido pelo outro no meio da frase.

"Garotos?" Robby completou, num tom debochado, fazendo Miguel revirar os olhos e o olhar com indignação.

"Claro que não." Ele respondeu, ofendido.

"Parece ridículo hoje em dia, né? É assim que toda essa baboseira de biologia soa pra mim." Robby falou num tom determinado.

"É diferente. É normal dois caras se gostarem, ok? Mas dois alfas?"

"Qual o problema? Ou você acha que só nasceu pra reproduzir? Pra engravidar qualquer ômega doce e dócil que te der chance?" Robby provocou.

"Dá pra parar de me ofender?" Miguel retrucou, com raiva.

"Se você parar de fugir, não vou precisar te ofender."

"Eu não tô fugindo de nada, ok? Isso é loucura. E a Tory?" Miguel perguntou, e Robby não podia negar que achava o leve tom de ciúmes um charme.

"É maravilhosa", Robby disse, vendo a confusão na face de Miguel. "Mas não é pra mim. Eu terminei com ela."

"Por quê?" Miguel perguntou baixinho, temendo já saber a resposta.

"Porque a Sam terminou com você. E eu percebi que eu e Tory sempre fomos só amigos." Robby disse, voltando a se aproximar do moreno. "E eu quero outra pessoa."

"Você não se sente mal de ter usado a Tory assim?" Miguel perguntou, chocado.

"Eu não usei ninguém. Nós só tínhamos uma amizade colorida. Ela também já tá de olho em outra pessoa." Robby disse, e só não contou que era Aisha porque Tory ainda não havia confessado para ela. "Para de mudar de assunto, Diaz." Robby enfatizou o sobrenome diferente do seu.

Miguel se levantou do sofá e deu dois passos vacilantes para trás. Seu corpo e seu coração gritavam para ele voltar, mas sua cabeça insistia que não podia fazer aquilo.

"Não. Não, não posso fazer isso. Você pensou no seu pai? Na minha mãe?" Miguel perguntou numa voz grave que faria qualquer um se render à sua autoridade. Mas não Robby Keene.

"Não usa essa voz comigo, alfa." Ele debochou. "Eu também tenho a minha."

"Me erra." Miguel disse e se virou para ir embora, mas Robby o segurou pelo pulso.

"Espera. Eu pensei, Miguel. Claro que pensei... mas a gente não precisa contar nada pra ninguém ainda."

"E quanto tempo você vai querer viver assim, Keene? Se escondendo como um criminoso? Você acha que vai ficar satisfeito com isso?" Miguel questionou.

"Não, não vou, mas eu aceitaria se fosse o único jeito. Miguel..."

"Sinto muito, Robby. Mas não dá." Miguel disse, lutando contra todos seus sentimentos e soltando sua mão, partindo em direção ao quarto que compartilhavam. Robby queria segui-lo e dizer o quanto aquilo tudo era idiota, mas não queria pressionar o outro, seus sentimentos eram verdadeiros e não faria nada que o machucasse.

Ele conseguia entender o quanto isso era difícil para o moreno, afinal a sociedade dava mais importância às castas e à reprodução que tudo, então relacionamentos entre alfas eram muito mal vistos. Além disso, havia o preconceito com a dinâmica e um dos dois sempre seria considerado inferior e tratado como se não se desse valor e tivesse escolhido ser submisso em vez de ser dominante como deveria na relação com um ômega. Robby tinha certeza que isso era besteira, que ninguém deveria ser submisso em relação alguma e que o amor era feito para libertar as pessoas, não dominar. Mas não era tão simples e Miguel nunca havia sido rebelde como ele, o moreno era um bom garoto de uma família tradicional, enquanto Robby havia praticamente criado a si mesmo por conta dos pais negligentes, então não tinha tradições familiares a seguir.

Alfa (kiaz)Onde histórias criam vida. Descubra agora