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O clima na casa dos Diaz estava se tornando mais tenso a cada minuto que o cio de Miguel se aproximava. Seria o primeiro dele desde que Johnny e Robby haviam se tornado oficialmente parte da família e desde o nascimento do bebê, e ninguém tinha muita certeza de como lidar com a situação. Da última vez, Johnny havia deixado ele em sua casa e ido ficar com Carmen, e Sam havia ido fazer companhia a Miguel – que Daniel nunca suspeitasse disso, Johnny torceu.

Miguel estava ficando mais impaciente, um pouco desastrado e irritadiço. Claramente estava fazendo mais esforço para conter sua força e agressividade e isso tirava um pouco de seu foco. Estava levemente possessivo também e Johnny não queria levar a mal, mas conviver com ele estava sendo um teste nesses dias. Ele se sentia desafiado o tempo todo e, sendo o alfa mais velho e dominante, isso mexia com seus instintos. Os dois até brigaram pela primeira vez desde que se conheceram.

Miguel se levantou da mesa de jantar e foi para o quarto, onde bateu a porta ruidosamente. Carmen olhou para os outros como se quisesse se desculpar por ele, ao mesmo tempo em que entendia que não era sua culpa, com uma expressão constrangida. Rosa, que apesar de ter se mudado ainda fazia refeições com eles diariamente, apenas disse que aquilo era normal e que ela poderia deixar ele ficar na casa dela a partir do dia seguinte, e ela dormiria no quarto do bebê. Robby disse que ela podia dormir em sua cama e ele dormiria no colchão no quarto do bebê, sem problemas, e assim ficou combinado. 

Johnny parecia chateado por ter perdido a paciência com o jovem, mas não queria dar o braço a torcer. Robby fez menção de se levantar para ir conversar com ele, mas Carmen segurou seu pulso, para surpresa de todos.

— Não sei se é uma boa ideia. Ele já está possessivo e agressivo demais, talvez seja melhor ele dormir sozinho no quarto hoje. Pode ser que ele esteja encarando como território dele e se você entrar lá, vai estar invadindo. Não quero que vocês briguem também.

— Ela tem razão, Robby. Você pode dormir lá em casa hoje, se quiser, e amanhã mandamos ele pra lá — ofereceu Rosa.

Robby estava frustrado, queria manter sua posição, mas não podia fazer isso sem se denunciar, a lógica das duas era indiscutível. Pensou que talvez valesse a pena usar uma abordagem mais científica e imparcial.

— Eu só vou tentar falar com ele. Se ele estiver além do limite, eu saio. Não quero brigar, mas é bom a gente saber se ele deve ficar aqui hoje ou não. Prometo evitar problemas. 

— Certo… Se precisar de alguma coisa, me chame — Carmen reforçou, sabendo que ela era uma das poucas pessoas com quem Miguel não agiria daquela forma.

Robby foi até o quarto que compartilhavam e bateu na porta, ouvindo a resposta quase imediatamente. Um grunhido nervoso e um "me deixa em paz" sufocado. 

— Sou eu, abre a porta — ele disse, tentando não falar demais. 

Miguel o ignorou inicialmente, e ele bateu de novo.

— Sai daqui, Robby. Me deixa — Miguel pediu, e agora era mais um apelo que uma ordem, e isso fez sua resolução aumentar, então bateu pela terceira vez, pronto para entrar pela bendita janela se precisasse, mas o moreno abriu a porta, a contragosto.

O cabelo do mais alto estava bagunçado, como se ele o estivesse puxando ou correndo as mãos por ele sem cuidado. Estava suando e suas mãos tremiam. Não faltava muito, estava quase lá. Podia sentir suas emoções aflorando cada vez mais. Robby entrou e fechou a porta, então encarou o outro que apenas andava de um lado para o outro e fazia barulhos insatisfeitos, como se estivesse tentando queimar energia e não conseguisse.

— Eu não queria brigar com ele. Mas é como se eu não pudesse resistir, tudo que eu faço parece um desafio agora — Miguel reclamou. 

— Tudo bem, a gente entende. É natural, ele sabe disso. Vai ficar tudo bem — Robby tentou consolá-lo, pondo a mão em seu ombro. Miguel praticamente saltou para longe, como se estivesse assustado, e isso fez Robby sentir um sabor amargo de rejeição. Talvez nesses momentos a biologia fosse mais forte e Miguel achasse seu odor repulsivo por ele ser um alfa. Ele deu um passo para trás e levantou as mãos em sinal de paz. — Desculpa. Eu achei que — Robby se interrompeu, mordendo o lábio inferior sem saber como dizer o que queria sem soar bobo — não importa. É melhor eu ir — concluiu, olhando para baixo.

Alfa (kiaz)Onde histórias criam vida. Descubra agora