Ensine-me a Amar - Tanaenno

Nova Perspectiva

🔴 gatilho: relacionamento abusivo e violência

Ennoshita encarou os olhos castanhos do ex-namorado com um misto de medo e raiva. Seiji, um alfa, não mudou nada desde a última vez que se viram. Mantinha o curto cabelo preto e a franja ondulada para o lado, os músculos sobressaiam a camiseta cinza que vestia e usava os mesmos tênis pretos dado por Chikara. 

O alfa inclinou-se na direção de Ennoshita para beijá-lo, mas o beta se desviou e sentiu um gosto amargo subir a garganta quando os feromônios de Seiji atingiram seu olfato. Apesar de ser um beta, Chikara era capaz de sentir o cheiro de alfas e ômegas quando estivesse muito perto destes ou quando os feromônios eram exalados em grande quantidade. 

— Se veio me ver, agora pode ir embora. — Ennoshita tentou fechar a porta, porém Seiji a segurou.

— Não seja tão antipático, meu amor. — O alfa sorriu e adentrou a casa. — Como eu disse na mensagem, vim te buscar. — Então Seiji agarrou as mãos do beta com falsa ternura. — Vamos voltar para onde morávamos. Estou com saudades de você. 

Chikara interrompeu o contato bruscamente e apontou para a porta aberta com a sobrancelha franzida em irritação.

— Pode sair, eu não quero ir com você. Minha vida nessa cidade está caminhando muito bem e não preciso que você a atrapalhe.

Chikara admitia para si próprio que era libertador dizer palavras rudes ao outro depois de tudo o que ele fez. Sorriu orgulhoso por ter superado esse obstáculo, mas logo desmanchou o sorriso quando viu os orbes castanhos se tornarem frios e sombrios. Engoliu seco, seus dígitos ficaram trêmulos e o medo dominou seu coração. Aquele olhar era o mesmo de quando Seiji coloria seu corpo em vários tons de roxo. Chikara prendeu involuntariamente a respiração e tentou ficar o mais longe possível do outro, porém o alfa agarrou seu punho com tamanha força que Ennoshita achou que seus ossos iriam se partir.

Ele mordeu a língua para não soltar uma exclamação de dor sequer, não iria oferecer ao ex-namorado o prazer de vê-lo sofrendo. Então Chikara reuniu toda a força que possuía, puxou o braço, e felizmente conseguiu se soltar das garras de Seiji, entretanto o alfa não ficou nada contente com o ato de rebeldia e ergueu a mão, pronto para acertar o beta. 

Ennoshita já estava se preparando para a possível dor, contudo a ação foi interrompida por Tanaka, o qual chegou de maneira repentina e segurou o punho de Seiji, que então ouviu ele dizer:

— Não encoste nele.

— Ora, ora, arranjou outro namorado? — Seiji sorriu sarcástico, olhando para Chikara com fúria.

Tanaka acertou um soco no olho do outro e ambos começaram a discutir. Ennoshita tentou intervir, mas sentiu cheiros diversificados invadirem suas narinas, deixando-o desorientado. Certamente eram os dois alfas expelindo seus feromônios. Em seguida, o beta parou de tentar apaziguar, pois estava ocupado demais esforçando-se para manter a respiração, a qual fugia de seus pulmões. O ar estava tão denso com a quantidade de feromônios expelidos que seu corpo começou a ficar fraco, sua vista escureceu e ele caiu no chão, desfalecido. 

[...]

Chikara abriu os olhos lentamente, acostumando-se com a luz local. Olhou para cima e viu um desconhecido teto branco. Com certeza não estava em sua casa. Vagou o lugar com os olhos negros, notando que estava no quarto de um hospital, deitado em uma maca, e havia um inalador em seu nariz. Antes que pudesse dizer algo, a porta se abriu e uma médica entrou com a prancheta em mãos.

— Ainda bem que acordou, senhor Ennoshita. — Ela sorriu gentilmente e olhou o prontuário. — Você tinha uma grande quantidade de feromônios nos pulmões, por isso desmaiou; mas não precisa se preocupar, seus órgãos já estão completamente limpos.