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A dor de cabeça ia e voltava, em pequenos lapsos que fazia com que Kira pressionasse seus olhos contra a palma de suas mãos, vez ou outra. Ela não estava bem, não havia nada bem na maneira que as coisas haviam acontecido. Em um minuto estava andando pelo centro de Shibuya, esbarrando em diversas pessoas, pela lotação que aquela parte da cidade sempre é. E no outro segundo estava em um ambiente completamente perdido, mas semelhante.
— Onde tá todo mundo? — foi a voz de Arisu que fez com ela levantasse os olhos mais uma vez.
Estava se amaldiçoando, pois toda vez que inventava de sair com aqueles três —, acontecia alguma coisa. Na última vez haviam cortado seu cabelo (tinha sido um bêbado na rua que passou a faca em uma de suas mechas quando os quatro estavam na rua), de todo jeito havia sido obrigada a pagar um corte de cabelo, se não iria ficar toda desregulada.
Os olhos pacíficos e calmos de Arisu se cruzaram com os dela, ao mesmo tempo em que ele se aproximava e apoiava a mão esquerda em seu ombro.
— Tudo bem, Ki?
Essa era uma das coisas a qual Kira gostava no amigo, uma das pequenas coisas que faziam ela ter uma queda por ele. Ryohei era sempre atento aos detalhes, sabia quando ela estava bem, mal, ou quando estava prestes a ter um surto. Talvez, nesse exato momento ele soubesse que o surto estava prestes a começar.
Kira conheceu o grupo de três amigos quando tinha apenas quatorze anos, na época ambos tinham a mesma idade e passavam horas e horas jogando videogame. Até claro, a vida adulta os obrigar a amenizar aquela parte divertida e focar em sobreviver.
— Eu não sei se você já se deu conta de que todo mundo na merda dessa cidade desapareceu, Arisu. — desatou a falar de uma vez, após seu pequeno período de choque — Então, não, não está nada bem. Eu tô perto de ter um ataque de pânico. Para de fazer pergunta estúpida.
Os olhos do mais velho (apenas algumas semanas) pousaram sobre os dela mais uma vez. Graças ao bom Deus, Ryohei conhecia o temperamento de Kira. Então, ele não se aborreceu com as palavras cuspidas em sua cara. Ela apenas disse o que todos ali queriam dizer, era assim que Harlow era. Nunca segurava os sentimentos e aflições para si.
