Pesquisas e Descobertas

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— Encontrei uma coisa interessante sobre a mediunidade em um site espírita — Charlie disse, chamando a atenção de todos —, aqui diz que a mediunidade pode causar sonolência, enjoo, náusea, tristeza, euforia, distúrbio comportamental, visões, cheiros, efeitos físicos como movimento de objetos, barulhos como batidas, arranhões, e também desmaios entre outras particularidades.

— Em outra parte — ele continuou, arrastando a tela para cima —, eles falam sobre sonhos e sobre paralisia do sono. O que eles relatam é bem parecido com o que a Eve nos conta dos episódios. Eles dizem que em alguns locais, onde existem muitos espíritos desencarnados vagando, as pessoas suscetíveis à mediunidade, podem ter contatos espirituais durante o período de vigília e esses contatos são a chamada paralisia do sono.

— Eu confesso que preferia a explicação da doutora Lauren — Eve disse, passando as mãos nos braços ao sentir os pêlos se eriçarem —, eu acho que não vou querer dormir mais.

— Calma, Eve — Chris disse, tentando acalmá-la —, vai dar tudo certo. Talvez se descobrirmos o que eles querem, eles te deixam em paz.

— Acho que devíamos falar com o padre Klaus ou com o padre William — Charlie disse, após ler mais do artigo que tinha encontrado —, aqui diz que às vezes é necessário fazer orações e rituais para acalmar ou expulsar os espíritos e que às vezes podem ser violentos.

— Talvez — Annie falou, pensativa —, mas o que o Luke disse me faz querer esperar. Ele contou para um padre que tinha visões e o padre o fez procurar um psiquiatra. Não sei se padres católicos realmente acreditam no sobrenatural e eu não quero que a Eve ou o Luke tenham que tomar remédios ou sejam taxados de loucos.

— Você que está aqui há mais tempo, Annie — Luke perguntou, enquanto pesquisava sobre o Orfanato de São Bento —, alguma vez já ouviu alguma história estranha sobre esse lugar?

— Não — ela respondeu com convicção —, desde que eu me lembro, São Bento é um lugar acolhedor e preocupado com o bem estar dos órfãos.

— Pelo que eu encontrei, essa construção é um orfanato desde sempre — Chris disse, mostrando para eles a sua pesquisa —, foi fundado em 1952 pela ordem de São Bento e o terreno foi doado por um homem chamado Abraham Majors, que estava bastante doente e queria receber, em troca de sua benfeitoria, a extrema unção dos beneditinos.

— Tem que haver algo a mais — ele continuou, pensativo —, porque teriam as desencarnadas em um lugar como esse?

— Não faz sentido eu ver leitos e pacientes abandonados ou um garoto com os pulsos marcados e tentando fugir pela janela, se o orfanato sempre foi um lugar onde tratam bem os jovens — Luke disse, pensativo.

— Você viu algo do tipo no último orfanato em que esteve, Luke? — Charlie perguntou, olhando para ele.

— Sim — ele respondeu sem hesitar —, eu via velhos andando pelo local, arrastando seus andadores ou batendo suas bengalas.

— Qual é o nome do orfanato? — Charlie perguntou novamente.

— São Patrício — ele respondeu.

— Aqui está! — Charlie exclamou, como se tivesse provado uma teoria que estava em sua mente — O prédio onde funciona o orfanato de São Patrício já foi um asilo e fechou por denúncias de maus tratos aos idosos.

— Olha só — Chris exclamou, ao ouvir a descoberta —, isso não pode ser coincidência. Tem alguma coisa sobre São Bento que não está na internet.

— E se não for exatamente sobre o orfanato? — Eve perguntou, fazendo todos olharem para ela — Talvez tenha existido outra construção neste terreno. As pessoas que eu vejo durante a paralisia geralmente estão bem machucadas, como se tivessem sido espancadas, ou talvez torturadas.

— Você tem razão — Annie disse, começando a digitar algo no teclado do computador —, vamos ver quem era Abraham Majors e porque ele achava que precisaria comprar a sua salvação.

— Caramba! — ela continuou, parecendo espantada com o que tinha acabado de descobrir — Abraham Majors na verdade se chamava Abraham Weinhof-Krauser e era um cientista alemão que pediu asilo político após a Segunda Guerra.

— É bem sinistro ligar assuntos sobrenaturais com um alemão da segunda guerra — Chris falou, se aproximando dela — mas se ele veio para cá depois de 1945, que foi o ano em que a guerra acabou, precisamos saber o que era feito nesse terreno antes dele doá-lo para os beneditinos.

— Talvez precisaremos ir até a biblioteca municipal — Luke disse, após digitar algumas palavras na barra de pesquisas e não encontrar nada —, alguns registros não são digitalizados, mas permanecem nos arquivos impressos.

— Não vamos conseguir sair todos ao mesmo tempo — Charlie disse, pensativo —, eu mesmo não conseguiria liberação, ainda mais que acabei de sair da R.C.

— Eu também estou em observação — Luke disse, abrindo os braços —, afinal eu sou um fujão.

— Está bem — Annie disse, sabendo que tinha sobrado para ela — Eve, Chris e eu iremos então.

— Annie — Meredith disse, meio sem jeito —, eu posso ser liberada dessa? Eu preciso terminar o trabalho de matemática.

— Também vai querer ficar de fora da pesquisa na biblioteca, Chris? — Annie perguntou, após lançar um olhar de reprovação para Eve, por ela ter ignorado as suas cobranças sobre o trabalho de matemática.

— Jamais — Christian respondeu, se levantando e ficando na frente dela —, inclusive já sei qual será o nosso pretexto para sair.

— Ah é? — ela disse, olhando para ele — e qual será?

— Então — ele respondeu, fazendo certo suspense —, na semana passada, eu pedi que o pessoal da sorveteria fizesse o sorvete de abacaxi com frutas cristalizadas e como sei que é o seu sabor favorito, quero te convidar para tomar um sorvete comigo.

— Realmente é um ótimo pretexto, Chris — Annie disse, parecendo admirada com a boa ideia dele —, falando assim eles certamente irão acreditar em você.

— Você não entendeu, Annabeth Conway — ele disse, pegando-a de surpresa ao dizer o seu nome completo —, eu tô te chamando pra sair. A gente toma um sorvete e depois vai à biblioteca.

— Responde alguma coisa, por favor — ele disse, coçando a nuca, enquanto os outros apenas os observavam em silêncio —, eu precisei de muita coragem para te convidar.

— É lógico que eu aceito, seu bobo — ela respondeu com um de seus melhores sorrisos —, eu jamais recusaria sorvete de abacaxi com frutas cristalizadas!

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⏰ Última atualização: Jan 07, 2023 ⏰

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