What else should I do?
As vezes lugares comuns podem acabar se tornando lar dos piores tipos de sentimentos, porque as coisas que fazemos neles deixam marcas, que mancham suas memórias.
Se guerras foram travadas em um campo de batalha, esse campo para sempre estará repleto de sangue.
Se uma casa for morada de uma família abusiva e perversa, sempre será uma casa com uma áurea triste e um ar pesado.
Porque se algo cruel é feito, se torna uma manchinha na memória do espaço e do tempo. E talvez até possa ser ressignificado, mas ainda esta ali.Para Angel, voltar para o mesmo quarto no clube 666 todas as noites, e encontrar o cor de rosa das lâmpadas e o cheiro entorpecente de morango, era algo angustiante. Afinal nada de bom acontecia naquele lugar, e cada canto, cada móvel, cada travesseiro, fazia com que lembranças traumáticas voltassem a ocupar sua mente.
Mesmo assim ele entrou pela porta, e ignorou tudo a sua volta enquanto ia até a varanda, pegou um cigarro e ficou encarando a vista.
Se ele ignorasse a cidade suja abaixo, e focasse no céu, encontraria uma visão bonita apesar de tudo. E então o demônio se pegou pensando no quanto a lua brilhava mesmo num lugar como aquele. O céu estava escuro, algumas estrelas estavam visíveis, mas ficavam escondidas por conta da luz da cidade, e então Angel viu uma estrela cadente rasgando a vastidão nebulosa.
Ele fechou os olhos por um segundo e fez um pedido, pensando em coisas boas pela primeira vez em algum tempo, e então sorriu.E subitamente o som três batidas na porta fizeram sua felicidade se esvair completamente.
Ele queria tanto que o que quer que estivesse atrás daquela porta fosse embora, mas não importava o quanto ele desejasse, nem quantas estrelas o ouvissem.
Logo as batidas vieram outra vez, e então ele se viu obrigado a se desfazer de seu cigarro, se despedir da lua com um olhar pesado, e ir em direção aquilo do qual ele estava tentando fugir.Ali, em pé sob o assoalho vermelho estava Valentino, seu terno bem alinhado, seus óculos de coração e seu sorriso macabro entravam em harmonia de uma forma intimidadora.
Antes aos olhos de Angel, Valentino era encantador, mas agora era somente repulsivo, e estava se tornando cada vez mais difícil olhá-lo nos olhos sem poder demonstrar uma gota de nojo, somente medo e repressão."Angel cakes."
"Hey."
Antes Angel respondia com "hey sweetheart" ou "Hey meu amor", no entanto, conforme o relacionamento de ambos começou a se degradar e a se tornar algo violento, Angel também parou de tentar ser amoroso e demonstrar o que sentia.
Valentino continuou chamando-o de Angel cakes, mas o apelido deixou de ser algo carinhoso e se tornou algo triste e cruel, que causava pesar no coração de Angel sempre que o ouvia."Você vai ficar no clube hoje, apresentar aquele número que você me mostrou a alguns meses, temos uma plateia...especial."
Angel arqueou as sobrancelhas, com o seu tom constante de provocação e sátira.
"Tudo bem." E sorriu, como sempre fazia, com uma risada falsa e um tom forçado quase imperceptível.Até que Valentino se foi, a porta se fechou, e a expressão de tristeza e desdém tomou conta do rosto de Angel mais uma vez.
Ele suspirou e olhou em volta, até que uma caixinha vermelha em cima da cama o chamou a atenção, ele caminhou ate lá e a tomou em mãos, tinha um laço sob a tampa, e um cartão preto que tinha transcrito em uma caligrafia perfeita com tinta dourada "de um amigo" e dentro, apenas as palavras "faça sua escolha, mon ange."
Angel sentia seu coração palpitando, ele abriu a caixinha e dentro dela, encontrou um pequeno boneco com a aparência de Valentino, perfeitamente costurado a mão, cada ponto de linha reluzindo num brilho esbranquiçado, semelhante as armas usadas pelos exterminadores. Era uma magia que ele nunca havia visto, uma magia que Alastor havia aperfeiçoado, juntando suas habilidades no voodo com as tecnologias do inferno. E então ali estava uma maneira de matar um demônio de alta classe como Valentino.
Os olhos de Angel brilharam ao notar que tinha a vida de seu agressor nas mãos.Mas na sua mente ele se perguntava qual era o preço que teria que pagar, e todas as armadilhas nas quais podia acabar encurralado mais uma vez. Afinal um acordo com um demônio sempre será um acordo com um demônio.
Eu fiquei meio sem inspiração, mas de pouco em pouco as coisas vão acontecendo.
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we have a deal?
FanfictionOnde Angel faz um acordo com um dos overlords mais poderosos do inferno na tentativa de se livrar de Valentino. Ou Onde Alastor encontra uma gota de humanidade perdida no próprio coração. Perdidos nos próprios infernos pessoais, os caminhos de Angel...