151 29 13
                                    

A chuva já estava próxima da cidade, o céu já estava nublado e a previsão do tempo já havia mudado.

Juliette só estava focada no seu livro e a xícara de café quente que estava no seu lado direito. A morena estava se preparando psicologicamente para os novos acontecimentos da semana que vem, muita coisa iria acontecer e mesma queria estar bem paciente.

— Como vai querida, os sintomas já passaram? – a morena sentiu um velho amargo na boca quando pronunciou "querida" para sua namorada.

Não conseguia olhar nos olhos de Carol depois de descobrir toda mentira que foi construída debaixo dos seus olhos.

— Um pouco, ainda me sinto levemente tonta – Juliette reparou o momento exato que a sua namorada colocou a mão de leve na barriga, dando um sorriso de canto — Pensei que já estivesse na biblioteca buscando os livros que sua irmã comprou para as crianças.

— Já estava de saída – os olhos de chocolate desviaram da loira para a janela, ela sabia que iria pegar uma chuva pesada no meio do caminho — Só queria me despedir de você, sentirei saudades.

Eu não vou sentir sua falta.

— Eu também. Tome cuidado, você sabe o perigo de dirigir rápido na chuva e mesmo assim dirige, tome cuidado – um beijo foi deixado nos lábios carnudos da morena, que logo puxou a cintura da loira pra beijá-la de verdade.

— Até breve, querida.

A morena entrou no elevador e assistiu às portas se fechando atrás de si, olhando profundamente no espelho a mesma se permitiu a derrubar algumas lágrimas.

Não restava dúvidas que Carol esta grávida, o teste de gravidez no lixo do banheiro de visitas, os sintomas e vômitos. A loira ama sopa de tomate e do nada começou a enjoar.

Juliette sentia nojo, nojo de ter sido traída por sua namorada e pelo seu melhor amigo. Uma traição que durou por tanto tempo.

——

— Sarah por que demorou pra responder as minhas mensagens? Droga eu precisei da sua ajuda faz horas, se o Vinicius não estivesse aqui eu não sei oque teria acontecido!

— Angel, de Los Angeles pra São Francisco são exatamente 06 horas de carro, eu não poderia vir pra cá voando – a loira estava estressada, passou seis horas dentro de um carro pra ouvir sua amiga reclamando no seu ouvido — Seja lá qual foi a emergência, não coloque a culpa em mim.

A mulher de olhos castanhos claros olhava pra loira enquanto tentava não explodir de felicidade por tê-la ali. Angel e Sarah Andrade são amigas de longas datas, suas famílias são amigas antes mesmo delas nascer.

O pai de Angel tem um negócio com a família Andrade, eles tem uma marca de vinhos excelentes que faz o maior sucesso por toda a Europa.

— Você trouxe o presente do Patrick? – logo ao ouvir a pergunta Sarah já tinha levantado o presente do rapaz.

Foi uma péssima ideia ter pensado em fazer uma festa de aniversário para o seu primo e ter pedido ajuda pra Angel, uma festa simples estava se tornando um festival já.

— Tenho uma notícia não tão agradável pra você – Angel sentiu seu corpo arrepiar com o olhar frio da sua amiga. Sarah odiava imprevistos — Penélope convidou uma pessoa pra festa.

— QUE?

— CALMA, é uma mulher bem reservada, ela nem vai fazer parte da festa.

— Angel o problema é nem ela participar da festa, o problema é ela estar AQUI e você não ter me falando NADA!

Angel desviou o olhar para a mulher e começou a encarar a cama de casal que tinha no quarto, sorriu de canto e olhou pra Sarah.

— Sinto muito por não ter avisado antes, mas pra compensar a mulher é muito bonita – a loira franziu o cenho — Você se amarra por mulheres lembra? Vai ter alguém pra pegar nesses três dias.

— Você nem sabe se ela vai ficar três dias, e se curte mulher – a loira tomou iniciativa de sair do quarto.

A mulher riu com a resposta simples de sua amiga. Angel era capaz de descobrir qualquer coisa da pessoa antes mesmo de conhecê-la.

——

O vento gelado de São Francisco combinava com a expressão de Juliette. Seu coração, sua pele, sua alma gelada.

A morena pensou que havia encontrado o "amor", Carol parecia ser a mulher perfeita para a mesma. A loira sabia conversa, respeitava os momentos de crise da morena.

Respeitava quando Juliette sumia por dias e não dava sinal de vida, ela só precisava de um tempo pra melhorar. Seus traumas de infância fizeram com oque a mulher não tivesse,  sentimentos?

— Eu nunca amei a Carol.

A mesma disse pra si mesma, sentada no banco do seu carro com um copo de café. Estava a um bom tempo parada no meio do nada, a noite já havia chegado.

— Eu gostava da presença dela, gostava da ideia de ter alguém, mas nunca amei ela – sorriu em meia lágrimas, sempre foi chamada de insensível e sem coração, coração de pedra. — Será que um dia eu ainda vou amar alguém? Que piada Juliette, ninguém nunca vai amar você.

Silêncio.

Eu nunca me senti amada, não vai ser agora que alguém vai te amar, pare de ser boba.

Lágrimas caíram do rosto delicado da morena, depositando um soco forte no volante. Um grito interno habitava no ser da mulher, um grito pedindo liberdade.

Juliette só queria felicidade, ser feliz, suas coxas doíam de tantos socos que ela depositava em si mesma. Ela só queria ser feliz, se sentir amada depois de tanto ser abusada.

É tão difícil ser feliz?

——

oi.

Chasing Cars.Onde histórias criam vida. Descubra agora