Capítulo único

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Cega pelas cores mortas da televisão com interferência, meus olhos doem.

Na poltrona, eu engulo metais. O café sempre teve este gosto estranho?

Os quadros vazios na parede da sala escura me encaram. Eles estão rindo desta garota cinza?

Meu peito dói, minhas pernas não se movem, eu não sei dizer se sempre foi assim.

As marcas na poltrona, os olhos chocados. Os metais estão frios.

Um corpo cansado se levanta rapidamente, se ele fosse puxado para baixo, o que aconteceria?

Joelhos batendo no chão, os metais finalmente querem sair pela boca. Uma mão segura os metais, enquanto a outra desesperadamente tenta sustentar o corpo.

Oque eu me tornei, afinal?

Totalmente inútil, eu sou um ciclo terrível. Eu poderia vomitar essas palavras secas se eu quisesse? Eu poderia sumir de uma vez? Estes sentimentos, eles estão presos a mim?

Escapando entre meus dedos e manchando tudo ao meu redor, aqueles sentimentos trancados profundamente escondem-se nas lacunas do chão frio.

Uma garota sem nome aparece no reflexo no banheiro, seu rosto desconhecido e perdido nas minhas memórias. Ei, o que você vê? Você me enxerga? Você pode ajudar? Você sente a mesma coisa que eu? Suas pernas caminham lentamente na direção da cidade.

Minhas mãos tentam alcançar o reflexo, tudo se tornou preto.

Sem um objetivo em mente, os dias no calendário são apenas números.

Incontáveis vezes, mais e mais números passam.

Serei capaz de amar? Os números pararão em algum momento? Por mais que eu procure incansavelmente as respostas dessas perguntas, não tenho nada.

Os quadros da parede gargalham histericamente. Histórias engraçadas de uma garota sem nada. 

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