twelve

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Tudo parecia lento demais, sonolento ao máximo, as vozes longe e fracas. O balanço contínuo de Christopher em seus braços não era o suficiente para mantê-lo acordado o sono parecia mais forte que ele mesmo, mais do que poderia suportar.

Parecia um filme, tudo passava por sua mente, os motivos daquilo está acontecendo, os momentos dele com seu amado, seu pequeno robô, suas conquistas, familiares.

Absolutamente tudo passava por sua mente, menos uma resposta para passar por aquilo.

Os gritos de Christopher começaram a ficar mais altos e agudos, suas lágrimas caíam tão lindamente sobre si que era impossível se concentrar, mas seus olhos foram rápidos ao ver novamente aquela arma posicionada na direção deles e como se nada mais valesse apena para si acabou usando o mínimo de força que ainda tinha e se jogou sobre Bang e novamente mais um disparo pode ser ouvido bem ao longe mas diferente que dá primeira vez ele não sentiu nada além da escuridão.

🤖

- Por favor eu preciso de uma informação!

A voz rouca pôde ser ouvida pela jovem moça, isso era costumeiro para si afinal os doentes sofriam muito mas seus acompanhantes morriam em angústia e ansiedade pelos corredores do hospital.

O rapaz alto e de cabelos loiros parecia ser alguém bonito mas naquele momento estava tão decadente, olhos fundos e olheiras, além da boca seca e o rosto pálido o que será que havia ocorrido com aquele homem para transparecer tanta dor, era algo de se perguntar.

- Qual seria sua dúvida?

- Um paciente deu entrada hoje no hospital, Kim Seungmin! Eu queria saber como ele está.

- Só um minuto.

Rapidamente a moça saiu da vista de Bangchan, ele estava assustado e com medo. Todas aquelas memórias foram vindo vagarosamente em sua mente de novo e ele sentiu vontade de chorar novamente; hoje completa o segundo dia de Seungmin no hospital e ele nunca achou que em dois dias era possível se acabar assim tão rápido.

Estava tudo tão errado, confuso e doloroso. Queria saber em que momento da sua vida ele errou tanto para seu próprio irmão tentar matá-lo. Aonde ele havia errado, essa era a pergunta.

🤖

- Seungmin!!!!

Sua garganta doeu e a cabeça girou por alguns segundos em tontura, não, não era possível isso está acontecendo consigo. Seus olhos lacrimejados transpareciam dor, tristeza e raiva e nenhum sentimento é mais forte em um ser humano se não for o ódio, até mesmo os melhores robôs humanoides desenvolviam raiva e ódio dentro do seu próprio sistema e foi pelo seu momento de raiva que ele levantou furioso.

Changbin o encarava com raiva e pronto para disparar novamente, os olhos afiados e debochados por ver que conseguiu afetar tanto Christopher como ele mesmo foi afetado durante anos de sua vida.

A pior coisa que se entende pelo conhecimento é o próprio conhecimento, alguns evoluem e outros apenas se acabam na miséria, e todos naquela sala tinham um exemplo de evolução e miséria agora.

Raiva, para Aristóteles raiva era como um desejo, uma dor, vingança por conta de uma desconsideração percebida em relação a um indivíduo ou seu próximo, vinda de pessoas das quais não se espera uma desconsideração. Já para Spinoza o ódio é apenas uma tristeza que acompanha a ideia de uma causa externa. Como se aquele que odeia se esforça para afastar e destruir a coisa que odeia.

Changbin sentia raiva de Christopher pela falta de consideração dele no passado e ódio porquê ele nunca entendeu seus sentimentos e tristeza; Christopher tinha seu próprio conhecimento sobre aquele assunto, ele era farto e fazia sua própria evolução e por conta disso chuvas de elogios eram deferidos para si já Changbin era escasso de conhecimento e por mais esforço apenas a miséria era proposta para si, e entre os irmãos apenas o ódio e raiva eram sentimentos recíprocos.

Uma lágrima caiu sobre o rosto bonito, e com ela o ódio e raiva foram juntos e apenas a tristeza sobressaiu sobre sua derme. Olhando agora dentro dos olhos do seu próprio sangue ele entendeu sua própria filosofia e como se todo o mundo em sua volta não fosse mais importante a arma foi engatilhada novamente mas dessa vez não foi um disparo para o coração alheio e sim o seu próprio.

O corpo de Bangchan travou no lugar e todo sua raiva se esvaziou e novamente sua garganta voltou a doer pelo grito de mais uma dor naquele dia; novamente o vermelho voltou a sujar o chão, só que dessa vez não era do seu amante e sim sangue do seu próprio sangue.

🤖

- Senhor! Senhor!!

Como um balde de água fria ele foi jogado para fora de seus pensamentos, engoliu em seco e tentou se estabilizar para respondê-la.

- Sim! Como ele está?

- Ele está bem, receberá alta em breve mas infelizmente ainda não pode receber visitas, eu sinto muito.

- Ah... okay, sem problemas. Muito obrigado!

Um breve subir de lábios foi isso que a moça viu antes de Bangchan se afastar, jogou o casaco preto sobre seus ombros e caminhou vagarosamente em direção a saída, era tão doloroso ter que sentir tudo aquilo sozinho.

Sua paixão ficando entre a vida e a morte e seu irmão corrompido pelo próprio ódio, foi tanta raiva que o levou a óbito e o mais doloroso para Bangchan hoje não seria ter que enterrar um ante querido e sim saber quem era a pessoa que a terra iria consumir durante os próximos anos.

Ele fez tanto, fez de tudo pelo seu irmão, pelo menos ele achou que sim. Ele jurava a si mesmo que tinha feito. Parece que tinha sido ontem quando ouviu a notícia que sua mãe estava grávida, as lembranças vividas ainda em sua mente dos dois brincando até altas horas ou até mesmo do dia em que seu irmãozinho havia caído da casa da árvore e acabou quebrando o pequeno braço ele tinha ficado tão preocupado nesse dia, foi horrível.

Quando a porta do carro foi fechado às lágrimas enfim vieram e com elas todos os sentimentos possíveis que um ser humano poderia sentir, parecia o fim de um ciclo e apenas o fim. O início ainda não era um pensamento concentro.

As mãos grandes começaram a fazer seu trabalho e o volante do carro sacudiu pelos socos e mais socos que eram deferidos sobre ele e as mais puras lágrimas de dor que desciam pelo rosto bonito de Christopher.

Ele nem ao menos sabia como ou quanto tempo ele passou chorando naquele carro ou ao menos lembra de como chegou no cemitério, ou de como ele aguentou ver descerem o caixão tudo parecia um borrão muito grande em sua mente e então depois de muito tempo ele pôde ouvir ao longe uma voz doce e calma. Parecia uma voz feminina, dócil e transbordada de gentileza.

- Chan, como se sente? Finalmente você acordou.

- Hmn? Como vim parar aqui?

- Você desmaiou de exaustão, meu amor.

Rose disse calma e gentil, ao seu lado Jisso os encarava amigável. Então tudo não passou de um exaustão? Ele nem ao menos lembrava como seu irmão havia sido enterrado e isso o machucou, talvez Changbin estivesse certo e Seungmin não mereceu receber o que ele deveria ter recebido.

Inveja é realmente o pior sentimento que alguém poderia sentir, sendo robô ou não. Ela te destrói e te tira o que você mais ama.




ROBOTS - Chanmin Onde histórias criam vida. Descubra agora