[pt-br] Leave My Shit Outside ; Ziam

s ; BABY WE SHOULD SAY IT ALL. THERE'S BEAUTY IN THESE BROKEN WALLS

hey!

to pensando sobre soltar um capítulo por dia...

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O silêncio da madrugada me corrói às vezes, na maioria delas. Ainda mais quando estou sem meu remédio da noite, que é o que me faz dormir melhor, e que é o caso de agora. Dos últimos dias.

A pior parte nem é o silêncio, mas a inquietação que vem com ele junto de insônia pro meu corpo, e o cansaço avassalador que já me acomete só de pensar na hora de acordar, que será quando estarei o mais próximo de adormecer. Ou seja, não vou dormir essa noite e ainda terei de suportar mais um dia.

Perdi minha consulta no começo do mês e só me dei conta quando os remédios começaram a acabar. Mesmo assim só consegui remarcar pra daqui dez dias. Serão mais dez dias que viverei como um zumbi sequelado e deprimido. Espero não tentar nada contra mim nesse meio tempo.

Volto a tossir assim que me levanto, ou será que me levanto pela necessidade de tossir? Como se não bastasse estar ruim da cabeça, também estou ruim do pulmão. Não posso nem sanar uma crise com fumaça sem entrar em outra crise. Não que eu já tenha tentado, longe de mim.

Acendo a luz do corredor, mas preciso me apoiar na parede pra esperar a tosse diminuir. Que sensação horrenda. Na cozinha me sirvo de uma caneca de chá e refaço meu caminho para o sofá dessa vez. Será que pego no sono se estiver assistindo TV?

A resposta é não, caso tenha ficado alguma dúvida. Como previsto só começo a sentir algo parecido com sono perto das 5 da manhã, sendo que precisaria acordar pouco tempo depois, então sem chance.

Tomo um banho triste, me visto triste, e fico mais triste ainda por não estar com fome. Nem esse prazer da comida meu organismo está me permitindo, o que quer exigir de mim? A certeza que tenho é que hoje será um dia bem longo. Mais do que ontem.

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"Professor Payne?" Aaron toca meu braço me fazendo dar um pequeno sobressalto. "Desculpa, te assustei?"

"Tudo bem, Aaron. O que precisa?" Enxugo as mãos no avental.

"Eu não sei como é." Me mostra seu caderno com a atividade que passei há alguns minutos.

"Eu te explico." Apoio o caderno na minha mesa. "Trouxe seu lápis?"

"Aqui!" Ergue o objeto acima da cabeça.

"Ótimo. Nesse exercício você precisa ligar um número no outro, sabe? Na ordem deles, então o desenho pra pintar irá aparecer."

"Na ordem deles?" Aaron coça a cabeça.

"Você lembra os números que aprendemos outro dia? Um, dois, três... até chegar no dez."

"Não me lembro de todos."

"Eu te ajudo a lembrar. Veja." Posiciono minha caneta pra escrever e percebo estar tremendo. Tento continuar ainda assim. "Me diga quais você lembra, não precisa estar na ordem."

"Sete, dois, nove, três, um e... sete." Ele parece nervoso, eu também estou, mas ainda assim sorrio tocando suas costas.

"Vou colocar esses na ordem, aí a gente descobre os outros, pode ser?"

"Ta bom."

Escrevo os números que ele disse no topo da página, deixando espaço para adicionar os demais. Aaron parece bem concentrado.

"Certo." Limpo a garganta, mas preciso me virar pra tossir. "Desculpe."

Depois de explicar de formas diferentes para Aaron, ele retorna ao seu lugar me permitindo afundar mais uma vez em pensamentos.