Reflexões de um peregrino moderno - amostra

QUEM SOU

Bom, primeiro queria me desculpar, pois as regras da boa etiqueta dizem que ao começarmos um diálogo precisamos nos apresentar, e de fato é bom. Só que acabei explodindo as palavras em você e convidando-o(a) a ouvir minhas cartas, e nem sabe quem sou. No começo é desconfortável contar um pouco da minha história, mas conforme vou me sentindo à vontade, me torno como aquelas pessoas tagarelas que você torce para que tomem água para ficarem um pouquinho quietas. Acho que para todos nós é difícil nos abrir no início para alguém, ainda mais no nosso caso que acabamos de nos conhecer, mas sinto que seremos bons amigos enquanto estivermos juntos.

Como todos, quando criança, queria descobrir a vida. Não queria me limitar a apenas o que me diziam. Queria crescer e poder começar minha própria jornada. Sempre me diziam que ela não seria fácil, que poderia haver obstáculos no caminho, pedras e buracos. Haveria também alguns trechos ensolarados, cheios de beleza e flores. Sou uma pessoa sonhadora e decidi focar nas partes legais da jornada. Bem ali, no início da minha historia, quis arriscar e conhecer de fato com meus olhos a vida. Até porque ver o mundo através dos olhos dos outros é ter uma vista incompleta. É como ir a uma viagem à praia de carro e dormir o caminho todo, não saberá nada e outras pessoas guiarão você. Então, logo que pude, peguei minha mala e coloquei todo o presente

de aprendizado que ganhei desde que nasci das pessoas que amo, pois seriam a base que me ajudaria a seguir na viagem e me lancei. Por um tempo, as coisas até que foram tranquilas, pois eu estava na minha zona de conforto, então tudo me era familiar. Mas conforme fui adentrando mais no amadurecimento da vida, percebi coisas que ninguém percebia. Um pleonasmo? De fato, pois para mim a situação era bem dramática, assim como repetir essas palavras. Foi aí que percebi que realmente não seria uma viagem fácil, mas não poderia desistir no início e, de fato, não queria, até porque um pouquinho de adrenalina não faz mal a ninguém, né?

Ao longo dela, conheci pessoas incríveis que, assim como eu, estavam em suas próprias jornadas pessoais. Nos ajudamos por um tempo até que percebi que precisava partir para uma nova caminhada, mas nunca as esqueci. Muito pelo contrário, guardo no coração a amizade e carinho eterno e, algumas vezes, nos comunicamos para matar a saudade. Depois, conheci outras pessoas maravilhosas. O bom da jornada na vida é que sempre encontraremos alguém para compartilhar um trecho dela. Em alguns momentos, não vou mentir, tive que andar só e lutar contra meus próprios demônios e, deles, levantar e prosseguir viagem.

Ainda estou no começo dela, aprendendo muito a cada passo que dou. Neste momento, já me dei conta de que nunca pararei de aprender coisas novas e que posso ter me equivocado em atalhos. É uma boa sensação saber que preciso me reinventar às vezes, que não é vergonha

alguma admitir meus erros, pois me darão experiência para a próxima caminhada. Com tudo o que aconteceu, eu passei a refletir sobre os percalços da vida e seus "personagens". Em cada fase que passei, decidi escrever cartas, e tenho guardado desde então. Nunca consegui encontrar alguém para lê-las, até porque, como eu disse cada pessoa tem sua própria caminhada, e não posso julgá-las. Mas isso já não é mais verdade, pois vi alguém sentado ali disposto a dar atenção a essa história doida. Quem? Você é claro. Desde já, agradeço e de antemão torço para que fique até o fim para me ouvir.