Uma língua estranha

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KYRIANN não consegue dormir, seus olhos percorrem o teto do quarto enquanto as mãos perambulam pela grade da cama

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KYRIANN não consegue dormir, seus olhos percorrem o teto do quarto enquanto as mãos perambulam pela grade da cama. Ela respira fundo e fecha os olhos, ah... Como ela queria conhecer o porto! Acabara de ler "O Mar Sem Estrelas" e agora tentava entender o que de fato aconteceu com o porto... Abriu os olhos e então soltou um longo suspiro, desviou os olhos para o despertador, 01:57. Céus! Ela teria aula pela manhã.

Levantou-se e foi até o banheiro, as olheiras ainda não marcavam tanto quanto era de se esperar. A alguns dias não conseguia dormir, os dias eram os mesmos, repetitivos e cansativos como sempre. Não era como ela gostava, não era o mundo com o qual ela sonhava... Os reinos encantados, exércitos poderosos, reis e rainhas, castelos exuberantes, as guerras épicas, os dragões...

Mas nada disso existia, talvez ela simplesmente devesse parar de sonhar. Afinal de contas ela não era o personagem de um magnífico livro de fantasia, era Khyriann , uma adolescente comum de 17 anos de idade, que cursava o ensino médio. Os cabelos eram ruivos não tão comuns como a maioria das garotas de Montana, a altura era praticamente a mesma, até mesmo o corpo magro, com seios pequenos e nádegas um pouco maiores. A única diferença eram seus olhos meio dourados, já que a maioria ali possuía olhos castanhos escuros, era estranho mas não o bastante para se discutir, já que apenas ela e o pai possuíam essa coloração nos olhos.

— Querida?

— Ah, oi pai. — pronunciou após se recuperar do pequeno susto, estava pensando demais para notar a chegada do pai.

— Você não deveria estar dormindo? Até onde me lembro amanhã tem aula...

— É, eu sei... Mas não consigo dormir.

— Foi um pesadelo? — perguntou tocando seus ombros e fazendo a virar para si.

Ela balançou a cabeça negando.

Pelo menos não dessa vez, a serpente não a visitará em seus sonhos dessa vez, ela era de dar arrepios e Khyriann nunca conseguia dormir quando a via.

— Apenas perdi o sono.

— Hum... Venha, — ele a guiou até a cozinha. — vou preparar um chá para você, talvez a ajude.

— Obrigada pai.

Ele sorriu e foi até o armário em busca do sachê de chá.

Ela puxou um livro que estava na bancada, a capa era preta e as letras eram douradas, era uma capa perfeita, mas que Khyriann Delacroix não saberia ler nem se quisesse. Forçou os olhos e então desistiu, aquilo não era português nem de longe! Muito menos inglês. Olhou para o pai, ele continuava inerte em sua tarefa, encolheu os ombros e então voltou sua atenção para o livro e o abriu. Quase desistiu, também não era português ou inglês, não fazia ideia de que língua era aquela.

Mas então algo estranho aconteceu assim que focou os olhos no trecho de uma canção. As letras começaram a dançar em sua visão, ela esfregou os olhos achando aquilo totalmente bizarro e então a estrofe estava legível:

"As portas se abrirão,
Para aquele que cantar.
Sete espadas
e sete mares!
Venha nos salvar,
Oh, rainha de Hagna!"

— Khy?

— Desculpe pai...

— Conseguiu ler o livro? — perguntou lhe entregando uma xícara.

— Bom... — ela olhou do livro para ele e então notou a sombra de um sorriso em seu rosto. — Vai acreditar se eu disser que sim?

— Talvez — ele deu de ombros e se sentou. — o que exatamente você conseguiu ler?

— Algo sobre sete espadas e sete mares, uma porta e uma rainha... — ela olhou de novo para a estrofe, porém as letras estavam outra vez inelegíveis. — e acho que tinha uma canção no meio. — falou por fim meio confusa.

O senhor Delacroix fechou o livro e então leu o título em voz alta:

— A entrada oculta de Hagnná.

— Esse é o nome do livro?

— Sim.

— Como você leu isso? Nem ao menos é inglês!

— Do mesmo modo que você conseguiu ler aquela estrofe.

— Eu não sei como consegui ler...

— É a língua de Hagnná, poucos conseguem.

— Hagnná!? Que lugar esse? Eu nunca ouvi falar...

— Na-na-ni-na não! É hora de dormir, vamos!

— Paiiii...

— Sem mais, você tem aula amanhã e essa conversa já durou demais vamos!

Ela agarrou o livro o fazendo a olhar desconfiado.

— Sem mais leitura por hoje!

— Vou ler amanhã. — ele apertou os olhos. — Eu prometo, lerei só amanhã. — disse erguendo a mão aberta em sinal de jura solene.

— Tudo bem. — ele a abraçou depositando um beijo em sua cabeça. — Boa noite abelhinha!

— Boa noite papai!

Khyriann colocou o livro no criado e então se deitou outra vez olhando para o teto, só que diferentemente desta o vez o sono veio lhe abraçando calmamente.

O Porto Dourado (Herdeiros De Hagnná I)Onde histórias criam vida. Descubra agora