Capítulo 2

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Estava sentada na secretária a resolver uns exercícios que a Dr.Anne tinha deixado para tentar executar, quando se ouve uma pequena batida na minha porta, rapidamente desviei o meu olhar para a mesma e esperei que a pessoa do outro lado tomasse iniciativa para abrir.

Comecei a ouvir o ranger da porta dando assim a oportunidade de ver um rapaz de cabelos encaracolados e com os olhos verdes cor esmeralda , o seu corpo era coberto por uma tshirt branca e umas calças pretas justas , usava também umas botas castanhas dando a entender que estas já tinham muito uso.

Não fazia ideia de quem ele era e sinceramente estava com um pouco de medo, rapidamente levantei-me e encostei-me á parede acabando por engolir em seco sem cortar o olhar com o rapaz que provavelmente pela descrição devia ser o filho da Anne.

"Sou o Harry, o teu novo explicador" disse de uma forma rude e soltou um leve suspiro

A minha sobrancelha levantou e eu entreabri os lábios para falar mas não saiu som nenhum, a sua cabeça abanou negativamente e tomou a liberdade de se sentar e pousar os cadernos que tinha nas mãos, na minha secretária.
Muitas eram as perguntas na minha cabeça fazendo-me ficar confusa , mas como é que o meu pai permitiu uma coisa destas?! Eu sempre pensei que ia rejeitar a proposta da Anne em relação ao seu filho. Deve haver aqui alguma mal entendido. Eu não estou a perceber, como é que isto é possível? Será que o homem está a ficar tão mal da cabeça que já não sabe o que faz?!

"Eu sou o filho da Anne, venho substituí-la durante os tempos" disse num tom mais calmo que o anterior e respondeu á pergunta que estava na minha cabeça "Podes vir para cá , eu não te vou morder"

Os meus dedos batalhavam uns com os outros e os meus pés pareciam estar presos ao chão, passado alguns segundos de assimilar as suas palavras e o facto de como é que o meu pai o deixou entrar , caminhei lentamente com alguma receio até á cadeira e sentei-me a seu lado.

Foquei o meu olhar no meu colo e esperei que ele fizesse alguma coisa , eu estava bastante nervosa , isto nunca me tinha acontecido , á muito tempo que não estava perto de outra pessoa sem ser a Dr.Anne e agora aparece-me alguém caído do céu.
Não pude deixar de reparar nas inúmeras tatuagens que ele tem nos seus braços e devido ao tecido branco da sua camisola, dava para notar que o resto do seu corpo estava também marcado com esta tinta preta.

"Vamos começar que eu não tenho o tempo todo para estar aqui"

Mal estas palavras soaram ele começou a abrir os livros e rapidamente discursou sobre a matéria , a Anne era completamente diferente a dar-me aulas , ele apenas veio aqui e disse tudo o que tinha a dizer sem perguntar no fim se eu tinha alguma dúvida. A sua simpatia foi tão grande que até fiquei com vontade de conhecer mais pessoas lá fora, apesar das suas tatuagens e da sua voz dura, ele era um rapaz inteligente e engraçado .. Quer dizer , eu não o achei nada de especial, é o primeiro rapaz que vejo da minha idade mas ele , tendo em conta o meu histórico de rapazes .. Que são imensos como podem reparar, ele era realmente atraente mas existe qualquer coisa nele que não me agrada, o seu ar misterioso e a sua forma de falar é algo que deixou-me bastante intrigada.

Soltei um suspiro alto que estava contido desde que o rapaz chegou , quer dizer , o Harry chegou e levantei-me dirigindo-me á casa de banho.
Fiquei a encarar o meu reflexo fixamente enquanto os meus pensamentos se perdiam no rapaz que conheci á umas meras horas.

Retirei a camisola que cobria o meu corpo e as minhas calças , nunca me preocupei com o modo como me vestia tendo em conta que nunca sai de casa , o meu corpo nu apareceu no espelho após ter despido a minha roupa e a minha mão tocou no objeto que refletia o meu ser passando assim pela a minha cara refletida.
Eu era infeliz, nada me fazia sorrir e nunca descobri o mundo lá fora.
Eu tento não pensar muito nesse facto é ás vezes dou por mim a falar sozinha para não enlouquecer , quer dizer .. Se eu já falo sozinha quer dizer que já estou a enlouquecer. Ok , se calhar já é demasiado tarde para corrigir esse facto.
Tanto estou em momentos deprimentes como estou a gozar com a minha própria vida. Eu acho que preciso de ajuda rapidamente.

Só queria sair daqui e poder viver mas parece que cada vez mais, isso está longe de acontecer.

Abanei a cabeça , afastando assim os meus pensamentos e liguei a água da banheira.
Entrei na mesma quando a água já estava morna e tomei um banho rápido, antes que o sujeito que vive comigo comece a bater á porta a reclamar que estou a gastar muita água. Nunca me ligou nenhuma , não me deixa sair daqui e a única coisa que lhe importa é que eu não gaste água.
Tenho razões maravilhosas para gostar de viver.

EU SEI QUE DEMOREI MUITO TEMPO A PUBLICAR E PEÇO DESCULPA
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Four Walls || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora