Mais tarde já me tinha acalmado e voltei a deitar-me debaixo dos meus lençóis.
Enquanto tentava adormecer, ouvia barulhos estranhos, alguém a andar de um lado para o outro e coisas a cair no chão.
Eu não sabia o que estava por detrás desta porta mas calculei que fosse o meu progenitor.Talvez estivesse a arrumar as suas coisas para ir passar os tais dias fora daqui, agora que penso nisto e com todas aquelas emoções na altura, eu não me lembrei de perguntar onde ele ia e porque ia. A curiosidade tomou conta de mim mas o único que me podia ajudar era o Harry.
Fechei lentamente os meus olhos e mergulhei nos meus pensamentos, estes involuntariamente foram parar á 11 anos atrás, quando eu era feliz com a minha mãe, eu ajudava-a a fazer todas as refeições para o meu pai enquanto ele trabalhava o dia inteiro para nos sustentar, ele nisso sempre foi muito protector e sempre quis que a minha mãe ficasse em casa a tomar conta de mim.
Eu na altura lembro-me dele ter todos os dias um aspecto cansado e um muito descuidado, o meu pai não tinha o melhor dos trabalhos, lembro-me da minha mãe dizer que ele trabalhava nas obras e por isso é que não nos dava muita atenção, pois aquele trabalho puxava muito por ele.
Disso eu não me posso queixar, ele sempre se matou a trabalhar para que eu e a minha mãe não passássemos dificuldades, embora essas coisas todas, eu e ele nunca tivemos grande conexão embora eu gostasse muito dele.
Ele nunca foi uma pai presente como já disse antes mas eu na altura amava-o assim porquê eu pensava que ele só fazia aquilo para o nosso bem e que um dia ele iria arranjar um trabalho novo e passar mais tempo connosco, com a sua família. Todos os dias após o jantar a minha mãe , ia deitar-me na cama e ficava a ler um livro até eu cair num sono profundo.
Ao reviver estas memórias , senti as minhas bochechas um pouco húmidas indicando-me que tinha começado a chorar sem me aperceber, eu sinto tanto a falta da minha mãe e dos momentos que nós passávamos, rapidamente as minhas mãos pequenas passaram pelas minhas bochechas molhadas, limpando as lágrimas que estas continham.
Agora simplesmente passo os dias todos aqui fechada, sem qualquer tipo de carinho ou amor pela parte de um dos meus progenitores, eu não posso dizer que o odeio porque não o odeio, eu só queria que ele me explicasse o porquê de me fazer isto, na minha cabeça acho que não mereço o que ele me anda fazer, eu nunca lhe fiz nada de mal e quando a minha mãe morreu, o meu pai foi-se muito a baixo , estava disposta a estar ao lado dele enquanto ele passava os dias sentado no sofá da a sala a olhar para uma foto dela, eu pensei que nós nos íamos ajudar mutuamente um ao outro para ultrapassar a perda da mulher da nossa vida.
Mas houve um dia em que ele disse, para eu ir para o meu quarto porque estava de castigo, eu ainda tentei perceber o porquê de estar de castigo mas ele nunca me chegou a explicar , os seus olhos encaravam os meus com raiva e algum rancor. Depois disso, ele gritou comigo e rapidamente enfie-me no meu quarto.
Foi a partir daí que tudo mudou, eu mudei, eu cresci e tornei-me nesta rapariga graças a ele. Ele trancou-me neste quarto e nunca mais me deixou sair, por um lado eu só quero fugir daqui e tentar ser feliz, mas por outro lado, eu só queria ter respostas para as minhas perguntas.
Queria saber a razão destes acontecimentos todos que eu não pude impedir.
Saí do meu pequeno "transe" quando, eu suponho que seja a porta da rua, tenha sido fechada com alguma força, rapidamente aqueles barulhos estranhos desapareceram e não ouvi mais nenhum ruído.
Será que ele se tinha ido embora? Será que fiquei sozinha nesta casa? Será que vai ser sempre assim? será que vou estar sempre sozinha sem ninguém aqui para mim?
***
Depois da noite passada , daquelas memórias e pensamentos todos, eu adormeci com os olhos vermelhos e inchados fazendo os mesmo sobressair quando hoje de manhã me olhei ao espelho. O meu cabelo estava pior que nunca, estava cheio de nós e os meus olhos estavam agora num azul escuro e triste, acho que já estou habituada a acabar assim, eu não tenho razões para sorrir e muito menos para viver.
Nunca cometi nenhuma loucura porque apesar de tudo, eu ainda tenho alguma esperança que isto mude. Eu não quero fazer nada á minha vida porque eu ainda quero ser feliz.
Saí da casa de banho, voltando para o meu quarto e sentei-me na cama com as minhas mãos pousadas nas minhas pernas, de repente uma batida soou na porta e rapidamente direccionei o meu olhar para a mesma. Mais uma vez, os seus olhos verdes encontraram os meus e pode ver alguma supresa ao ver o meu estado, ele nunca me tinha visto assim, acho que por momentos vi um pingo de preocupação no seu olhar.
A sua boca abriu algumas vezes, dando a entender-me que ele estava á procura das palavras certas para me dizer mas parece que essas nunca mais estavam formuladas o suficiente para sair do jeito que ele pretendia. O seu corpo caminhou lentamente até mim e sentou-se a meu lado enquanto um pesado suspiro saiu pelos os seus lábios, senti o meu corpo a estremecer quando a sua mão pousou nas minhas costas, movimentando em seguida para cima e para baixo dando-me leves caricias. Fechei os meus olhos ao sentir a sua mão e desfrutei do momento ao máximo, eu presava disto, eu precisava de carinho e de amor mas principalmente alguém que se preocupasse comigo.
O seu toque é bom, nunca ninguém sem ser a minha mãe tinha demonstrado algum tipo afeto perante mim e neste momento eu acreditava profundamente que ele estava preocupado comigo, sei que não o conheço á muito tempo mas eu consegui ver muitas coisas pelo olhar.
Alguns minutos de silêncio após o seu pequeno afeto perante mim, a sua voz soou mais suave do que todas as vezes, eu também não queria isto, não queria que ele tivesse pena de mim porque no fundo eu sabia que ele estava com pena de mim, pena do meu estado e pena de eu viver assim. " Desculpa eu .. " Ele tentou dizer alguma coisa mas logo voltei a encara-lo e ele calou-se novamente.
"O teu pai já foi embora" O meu maxilar ficou tenso quando ele disse "meu pai", eu guardo algum rancor dentro de mim e eu sei que ele é meu pai mas depois penso no que um pai deveria mesmo fazer e o meu progenitor faz tudo ao contrário.
Finalmente ganhei coragem para falar com ele mais do que umas simples palavras. "Onde é que ele foi?" Perguntei um tanto curiosa mas também um pouco triste por ele nem sequer ter deixado um bilhete a dizer algo. Eu não sei porque é que ainda tenho esperanças que ele alguma vez , vá demonstrar alguma preocupação e carinho por fim.
"Eu não sei" Disse rapidamente respondendo á minha pergunta. " Não disse nada á minha mãe, só pediu para que tomassem conta de ti durante uns dias"
Engoli em seco e assenti levemente ao ouvir as suas palavras. Os meus dedos batalhavam uns com os outros e os meus dentes mordiscavam a minha bochecha por dentro demonstrando assim o meu nervosismo.
"Bem, eu amanha volto logo para te dar comida. Adeus" O seu humor mudou repentinamente, falando com a sua voz séria e fria como nos outros dias e vi o seu corpo repentinamente a sair pela porta fora. Mas ..? Como é que ele mudar de humor assim tão rápido?
***
Já eram 02h da manhã e o Harry ainda não tinha chegado para me trazer o jantar, sinceramente eu hoje estava a morrer de fome e ele nunca mais chegava. A minha barriga roncava e já começava a doer, eu não comia nada desde as 10h da manhã.
De repente ouço um estrondo de coisas a partir e levanto-me rapidamente apanhando um susto, fazendo o meu coração acelerar repentinamente. A minha porta é aberta com alguma brutalidade , dando-me assim a vista de um Harry completamente diferente. Ele tinha um cheiro horrível e os seus olhos estavam quase fechados, alguns murmúrios escavam pelos os seus lábios não me deixando entender nada.
E FICA POR AQUI HOJE
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NÃO SEI, EU ESTAVA A PENSAR FAZER UM POV DO HARRY, O QUE ACHAM?
OBRIGADA <3
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Four Walls || h.s
Teen FictionO seu nome é Rosemarie. Está fechada no seu quarto á muitos anos, o seu pai nunca mais a deixou sair desde a morte da sua mãe. Vai aparecer alguém que irá dar mais cor ou talvez mais escuridão á sua vida .. Ele aterrou no seu mundo , um mundo comple...