Prólogo

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Fecho o computador depois de estudar um pouco para aula de amanhã

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Fecho o computador depois de estudar um pouco para aula de amanhã. Sorrio pequeno ao lembrar dos meus pestinhas, sabendo que receberei muitas reclamações por causa da prova surpresa. Sou professora do terceiro ano, o que me treinou para ser muito paciente. Lidar com crianças nem sempre é fácil, mas amo cada turma que tive a honra de ensinar.

Os outros professores costumam dizer que pareço um anjo de tão calma, mas estou longe disso. Apenas prefiro agir de forma pacífica, levando em consideração que gritos e violência nunca trazem nada de bom.

Apago a luz do meu pequeno escritório, caminhando lentamente até a cozinha na esperança de saciar minha fome noturna.

Meu celular vibra, avisando que chegou uma nova mensagem. Sei que é Nancy porque, além da minha mãe, que dorme particularmente cedo, ela é a única amiga que tenho.

Não ouviu minhas ligações, Violet Maria Santos???

ATENDE ESSE CELULAR!!!

Você assistiu ao noticiário? UM PSICOPATA FUGIU DA PRISÃO, VIOLET.

Dizem que ele estava apenas de passagem, amanhã mesmo seria transferido para clínica psiquiatra de Portland.

Você morreu???

Pelos céus, ele te pegou, não é??

Decido responder antes que minha amiga tenha um colapso, enviando uma mensagem de voz avisando que estou bem. Entendo sua preocupação, afinal, há muitos boatos sobre coisas estranhas que aconteceram no Oregon. Imediatamente Nancy responde, informando que amanhã eu receberia um belo cascudo por não ter atendido quando ligou.

Preparo um sanduíche com manteiga de amendoim e geleia, chamando por minha gatinha, Jolie, que adora comer as cascas do pão. Estranho quando ela não aparece, então caminho até o quintal balançando seu potinho de ração.

Ela sempre corre quando ouve esse som.

— Jolie? — chamo mais uma vez. — Cadê você, menina?

Procuro por toda área, mas nenhum sinal dela. Começo a me preocupar, afinal, Jolie nunca foi de desaparecer assim. Não quero adentrar na floresta, porque mesmo sabendo que é um território seguro, está de noite e nunca sabemos o que se esconde nas sombras.

Me assusto quando escuto um miado sofrido não muito longe. Meu coração bate freneticamente enquanto corro em direção ao som.

— Jolie! — grito por minha gatinha ao encontra-la embaixo de uma árvore, com um corte horrível no estômago. — Meu Deus!

Jolie me encara, os olhinhos cheios de dor e sofrimento. Ela chora angústiada, como se chamasse por mim enquanto suplica por ajuda.

Meu estômago embrulha quando percebo seus órgãos de fora, me fazendo virar o rosto para vomitar o que comi recentemente. Busco respirar fundo, lembrando que alguém muito ruim matou minha gata e provavelmente está perambulando por minha propriedade.

Olho mais uma vez para Jolie, minha parceira de vários anos. Não sei o que fazer. Devo ligar para polícia? Ou tento pegar Jolie nos braços e levá-la para dentro?

Em meio a tantos pensamentos, não percebo quando uma silhueta humana se aproxima. Solto um grito agudo quando um corpo me agarra por trás, tampando minha boca e pressionando uma faca contra minha garganta.

Um medo como nunca experimentei antes me domina, de forma tão intensa que sinto minhas pernas falharem. Penso na minha mãe e irmã, implorando a Deus para não morrer e deixá-las sozinhas.

Tento com todas as forças escapar de seja lá quem esteja me segurando, gritando alto suficiente para me ouvirem a quilômetros.

Fico ainda mais aterrorizada quando lembro do psicopata que Nancy mencionou ter escapado da prisão.

— Quietinha! — uma voz masculina alerta, cortando levemente minha garganta. — Se tem amor por sua vida, sugiro que não grite.

— Me solta. — imploro, a voz saindo quase inaudível.

— Anda. — ele manda, nos guiando até minha casa.

Eu vou morrer.

A percepção disso me deixa fraca, mas continuo obedecendo esse maluco até entrar novamente em casa.

Ele me joga no chão, causando uma dor insuportável no meu pulso. Não consigo enxergar muito bem devido as lágrimas, mas percebo que o homem revira toda minha cozinha até achar uma fita isolante.

Grito quando ele me pega pelo pulso, fazendo minha visão escurecer por alguns segundos. Já quebrei o braço quando tinha oito anos, mas havia esquecido o quanto dói.

Sou colocada numa cadeira, em seguida tenho meus pés e mãos amarradas com muita força.

— Para com isso! — grito, quase caindo na cadeira ao balançar o corpo freneticamente. — Sai da minha casa, seu maluco.

Meu rosto é virado bruscamente quando ele acerta um tapa na bochecha direita. Isso serve para me deixar desorientada, tanto que perco a consciência por alguns segundos.

O homem cobre minha boca com fita antes de voltar para cozinha, retirando o casaco e permitindo que eu veja suas costas cobertas por tatuagens.

Há um ferimento de bala localizado no seu tronco, quase perto do peito. Sinto novamente aquela vontade de vomitar quando ele enfia dois dedos no ferimento, provavelmente procurando pelo pequeno material.

Apenas lhe assisto retirar a bala, pressionando a faca quente - que ao menos o vi ligar o fogão para esquentar - contra a própria pele na tentativa de estancar o sangue. Em nenhum momento ele mostra sinais de dor, apenas mantém a respiração pesada enquanto trinca o maxilar.

Quando ele termina, finalmente se vira para mim, permitindo que eu visualize todo seu rosto. Um homem de, mais ou menos, trinta anos. O rosto com algumas tatuagens aparenta tranquilidade, mas seus olhos são como duas esferas que ameaçam me levar diretamente para o inferno.

— Certo, boneca, vamos conversar. — ele puxa uma cadeira, se sentando a minha frente. — Primeiro, gostaria de me apresentar. Me chamo Deimos Maverick.

Não entendo aonde ele quer chegar, afinal, se pretende me matar, por que se apresentar? Mas penso que grande parte dos assassinos gostam de praticar terror psicológico com suas vítimas antes de matá-las, o que apenas serve para aumentar meu desespero.

Deimos me encara por longos segundos, virando a cabeça para o lado como se estivesse me avaliando. Por fim, ele retira sem nenhuma delicadeza a fita que cobre minha boca.

— Vou perguntar seu nome para que possamos conviver tranquilamente, okay?

Conviver?!

— Não pretende me matar? — pergunto, a voz saindo rouca depois de tanto se esforçar para gritar.

— Bem, sim. — sua resposta me causa uma tontura, mas ele segura minha cabeça antes que ela tombe para o lado. — Mas ainda vamos nos divertir muito, boneca.

— Por favor, não faça isso. — imploro, me entregando novamente a um choro sufocante e desesperado. — Ninguém, além de Deus, tem o direito de tirar a vida do próximo.

— Ah, então é uma vadia religiosa? — Deimos sorri, revirando os olhos pro que acabei de falar. — Então, acho melhor começar a rezar, boneca.

Dear KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora