Nobody move, there's blood on the floor
And I can't find my heart
Where did it go? Did I leave it in the cold?
So, please, give it back, 'cause it's not yours to take﹙ thundercat ﹚ ⸻ THEM CHANGES
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Ela estava em um hospital. Shizuka aparentemente havia sofrido um acidente que, pelo tom desdenhoso de seu pai, que foi o primeiro rosto que viu ao acordar, era um acidente de mínima preocupação.
— Você sabe quanto custou a cirurgia? — Reclamou mais para si mesmo do que para a filha: — Como pode uma vida custar tanto?
Esqueça o que ela tinha pensado. Ele só estava irritado por ter gastado dinheiro.
— Você deveria ser mais cuidadosa, estou devendo até a minha cabeça agora, sua garota burra...
Os olhos escuros dela não se afastaram da figura irritadiça do homem mais velho, cujo dedo apontava para o rosto dela enquanto ameaçadoramente a repreendia. Seu tom não era alto, já que não estava em casa.
Ela deixou as palavras ditas irem de uma orelha à outra, não encarando ele diretamente e preferindo não gastar saliva retrucando. Não, ela precisava guardar energia para entender completamente tudo ao seu redor.
Ela se manteve calada na surpreendente mudança visual de seu pai, cujos olhos e cabelo estavam em cores saturadas. O corte de cabelo também parecia desafiar a gravidade.
Em menos de uma hora o homem saiu do quarto, dizendo que precisava falar com o médico. Deixou a filha à mercê da solidão. Isolada pelas quatro paredes esbranquiçadas, que ironicamente eram a maior fonte de conforto na situação que estava.
Ela aproveitou a oportunidade de não ter olhos sobre ela para se levantar, mas suas pernas não a permitiram. A única coisa que foi capaz de fazer foi se sentar e olhar pela janela que estava aberta na parede paralela a sua cama.
As paredes a separavam de um espaço que não reconhecia. Estruturas um pouquinho ultrapassadas para serem de 2023. Ela, que tinha um bom sexto sentido desde que nasceu, notou como o ar do lugar parecia diferente. Um tempo diferente.
Anúncios eram escritos em japonês e as ruas estavam preenchidas com pessoas de aparências extravagantes. O último detalhe foi o mais importante, com um adendo: não só os cortes de cabelo eram diferenciados, como as cores de olhos e cabelos também. A maioria era vibrante, como se estivesse em um desenho animado.
Agora fazia sentido o cabelo do pai dela não ter caído com a química. Aquele homem não era seu pai de verdade. Ela tinha realmente ido para outro mundo!
Massageou a cabeça, seus olhos se fechando em concentração, inspirando pelo nariz profundamente. As pálpebras se apertaram tanto que os seus orbes doeram.
O que a levou ali foi por ser puramente boba.
Ela era uma funcionária do Mcdonalds. O dia de trabalho dela não teria sido arruinado se ela não fosse intrometida; se não fosse tão xereta, não teria entrado em uma porta que apareceu do nada na sala de funcionários.
Era como a creepypasta das backrooms, só que era menos assustadora e mais tentadora. A porta que tinha repentinamente começado a existir estava meio aberta. E havia um gatinho a esperando do outro lado.
Como ela poderia não ir atrás de um gato como aquele? Um gato cor de rosa! Super fofo! Miando, como se pedisse para que ela se aproximasse e o acariciasse!
Era madrugada e ela tinha pensado que estava dormindo no trabalho, por isso perseguiu o gato. Um sonho raro que só tinha quando era uma criancinha, sonho fantasioso. Uma válvula de escape da realidade turbulenta.
Shizuka precisava admitir, no entanto, que ela foi impulsiva em perseguir sem pensar duas vezes, sem questionar a origem misteriosa e o motivo pelo gato era cor de rosa.
Anotado! Pensar duas vezes antes de seguir pessoas/criaturas/coisas suspeitas. Ela vai tentar ao máximo se lembrar dessa dica.
A visão dela voltou, voltando-se para a janela. Cabeças coloridas se cruzando em uma cacofonia de cores. Era cativante o quão mundano e ao mesmo tempo único aquilo se mostrava ser.
Quão diferente ali era do seu planeta original?
Um miado a assustou, causando visível estremecimento. O gato de antes de alguma forma estava em cima da cama, sentado em seu estômago, que estava coberto por um lençol.
Ela o encarou com desconforto, por um, dois, três minutos inteiros recheados de tensão. Como ela não o tinha notado antes? Ele era pesado, como esperado de um gato gordo.
Hesitantemente acariciou as cabeça do animal, seus dedos coçando sutilmente as orelhas rosadas. Um formigamento percorreu o corpo dela com o contato; havia algo inexplicável sobre a criatura que a deixava à vontade.
— Gatinho, por que me levou pra cá?
O felino miou e ronronou com o toque carinhoso que recebia. Shizuka foi hipnotizada pelo que havia nos olhos da criaturinha, um redemoinho de cores frias que pareciam se mover de verdade. Shizuka suspirou pelo nariz, deixando a mão pousada na cabecinha felpuda.
— Só vou descobrir isso ao longo do tempo, né? — ela sorriu com os olhos e a boca adquiriu a mais sutil curvatura para cima. Lambeu os lábios, sentindo-os rachados.
Sua garganta, agora que havia notado, estava dolorosamente seca e não só isso, o corpo dela estava suando. Muito quente.
— Por favor, gatinho... — Pediu ao gato, esperando que entre as características estranhas dele, compreensão humana fosse um dom que possuísse. — Por favor, saia da cama.
Em vez de sair, acomodou-se ainda mais. Deitou-se em cima das patinhas e começou a tirar um cochilo.
— ...
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𝐒𝐇𝐈𝐙𝐔𝐊𝐀 𝐈𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐑𝐄𝐀
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𝐁𝐎𝐘'𝐒 𝐀 𝐋𝐈𝐀𝐑 • saiki kusuo
Fanfiction〘 𝗳𝗲𝗺!𝗼𝗰 𝘅 𝘀𝗮𝗶𝗸𝗶 𝗸. 〙 ⸻ Como ter uma rotina normal se ela vive em um mundo tão bizarro quanto esse? E como ela pode começar a achar atraente um cara de cabelos rosas que usa acessórios ridículos?!