𝕮ʰᵃᵖᵗᵉʳ [𝟐]

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Some things just never seem to fade
I'm thinking about how we were on our first date
You understood the words I was saying
I knew I'd never let you get away

clairo ﹚ 4EVER


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A estadia de Shizuka no hospital foi de vital importância para que pudesse compreender o que tinha acontecido.

Fingir confusão mental não foi difícil, já que ainda sofria de dores e cabeça e parecia ter passado um bom tempo sem comer. Uma enfermeira explicou tudo que ela inocentemente perguntava:

Quem era ela? Shizuka Mori, filha 'secreta' de um político renomado, 16 anos, nascida em abril e signo de áries. Isso continuava o mesmo de antes.

A enfermeira relatou que ela desmaiou de exaustão no meio do trabalho de fast food - o que faz completamente sentido. Se ela não tivesse passado pela porta, realmente acabaria desacordada naquele dia. Não havia comido e nem bebido nada de tão ocupada estava.


Sua vida era praticamente a mesma, com mudanças que não a afetavam tanto.


— Nós estamos em Saitama? — ela perguntou a enfermeira.

A mulher mais velha piscou os olhos em confusão.

— Saitama? Nunca ouvi falar desse lugar.


Agora ela não morava em Saitama. Agora, era moradora de Hidariwakibara Cho, da Prefeitura de S. A área não se assemelhava com Saitama em nada; as únicas coisas que reconhecia era a casa dela. Nem os vizinhos eram os mesmos.

Havia uma mãe solteira com queixo de bunda e seu filho, que tinha herdado toda a sua cara e corpulência. Ele tinha a mesma idade que Shizuka e ela imaginava que provavelmente acabariam caminhando juntos para as aulas.


A enfermeira que conversava tinha cabelo vermelho arrepiado. Seu pai tinha cabelo roxo e o médico que a examinou era um japonês loiro (natural!) de olhos azuis e topete horroroso. Aparências estranhas são comuns nessa sociedade.


Mais interessante que isso foi saber que a escola dela era outra, embora também fosse particular. Academia PK. Nome estranho. Ficava no mesmo endereço que a sua escola 'real'.

Uma pena que o apartamento dela era o mesmo. Poderia ser um pouco maior.


— Pelo menos meu pai ainda mora do outro lado do país. — Shizuka conversou com o gato que a seguiu para dentro de casa.

O felino rosado não chamava a atenção das pessoas pela sua coloração, mesmo que não exista animais de pelagem igual a dele. A condição dele era algo que provavelmente só ela enxergava? Ou talvez ele tivesse uma ilusão visual que causasse efeito de ignorância nas pessoas.

Um gato excêntrico aparecendo do nada e fazendo a vida de uma garota virar de cabeça para baixo... Isso parece familiar.


— Você é como aqueles mascote que toda garota mágica tem. — ponderou em voz alta. Ela o pegou e o colocou em seu colo. Dois dias juntos e ela já estava nesse nível de contato.

Ela arrulhou: — Você só esta esperando uma oportunidade em que eu esteja sozinha para começar a falar, não é? Pode falar, ninguém está ouvindo.


O gatinho virou a cabeça para encará-la.

— Ok.


— KYAA! — o susto foi tão grande que ela soltou o animal rosa. Enquanto ele caiu com as quatro patas, Shizuka acabou pousando no chão de bunda. Sua boca não conteve o sibilo de dor.


— Pra quê tanto alarde? Você mesma deixou que eu falasse.


A humana amaciou o traseiro enquanto encarava a criatura cor-de-rosa, o rabo longo e fino ondulando com regozijo. Não havia como explicar o que estava acontecendo. Gatos não tinham cordas vocais para falar igual gente!


— Não questione meus métodos de comunicação. — o gato parecia estar lendo sua mente, mas na verdade apenas tinha traduzido sua cara assustada como confusão. A patinha direita dele gesticulou de forma esnobe. — Agora, vou me apresentar formalmente. Eu sou o senhor dos multiversos, também sou seu pai. Meu nome é ███████.

— ... Como? — Ela não tinha ouvido o nome dele.

— Olha, eu me relacionei com sua mãe através dos sonhos, coisa bem normal para um ser cósmico igual a mim. Fiz com que todos os testes de paternidade fossem alterados para qualquer desconfiança, é claro. — o felino disse casualmente a frase mais confusa e aterrorizante que Shizuka teve que ouvir (ela suou frio e empalideceu).

— ...Eu não consegui ouvir seu nome. — foi a única coisa que decidiu se importar.


Ela tinha que chamar essa coisa de 'pai'?

Caso tentasse engolir tudo de uma vez, provavelmente acabaria tendo um aneurisma. Como que um gato █████ com sua mãe? (por que o xingamento foi censurado? coisa de outro mundo? droga.) Se era um ser cósmico, provavelmente ele nem era realmente assim, um gato.

Ela deixou as questões de lado. Era melhor ela só aceitar, não questionar demais, apenas... Seguir em frente com o que puder. Se precisasse pensar mais a respeito, faria isso sozinha enquanto dormia. Ninguém a veria chorando desesperadamente.


— Deve ser seu sangue humano te impedindo. Pelo menos você não explodiu quando mencionei. — Shizuka ficou mais pálida ainda com a informação que não havia pedido.

 Gulp! — engoliu em seco, olhando para o ser com cautela. — Por que veio atrás de mim agora?

— Isso dá pra explicar com facilidade. — o ser supremo convertido a gato murmurou para si mesmo antes de voltar a falar com a filha: — Sua maioridade está chegando e seus poderes irão se manifestar. Como organizador de mundos, preciso que coisas existam em equilíbrio, sabe? Por isso te mudei de lugar. Seu mundo real não é compatível com sua existência.

— E você me colocou aqui para não acabar estragando meu mundo?

— Isso mesmo. E eu vou fazer isso com todas as crianças que tive ao longo dos anos.

Esse ser com certeza não se importava em espalhar sua proles por aí. Shizuka perguntou rapidamente.

— E meus poderes?

— Não se preocupe, eles virão no momento necessário. — O rangido de madeira fez o gato olhar para trás. Outra porta havia aparecido na entrada do apartamento. — Oh.

Ele começou a se afastar, sem dar as costas para a garota, até estar longe o suficiente para correr para dentro.

— Ei! Eeeei! — Shizuka gritou enquanto corria atrás do gato, mas antes que pudesse tocar a maçaneta, o porta se fechou e desapareceu mais rápido que um piscar de olhos. Sua palma se apertou e ela bateu a parede. — Haaah.

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𝐍𝐀𝐒𝐓𝐘 𝐓𝐖𝐈𝐒𝐓

𝐁𝐎𝐘'𝐒 𝐀 𝐋𝐈𝐀𝐑 • saiki kusuoOnde histórias criam vida. Descubra agora