Capítulo 16 - O traidor

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Estava tudo escuro. A sala, assim como toda a casa, vazia e com as luzes apagadas. Um breu total. E então de repente, como se um raio caísse por entre os móveis, quatro crianças surgiram em meio a uma luz tão forte que cegaria quem olhasse por muito tempo. Tão rápido quanto surgiu, a iluminação desapareceu, sugada para os colares mágicos. No primeiro instante Jackie não enxergou nada, até que as coisas foram criando forma. No meio de toda aquela escuridão ninguém falou nada. O combinado foi ir para a casa de Sebastian, o local mais próximo da casa de Arthur. Dali seguiriam à pé.

Depois de um estalo tudo ascendeu. A claridade repentina surgiu dando visão de Sebastian ao lado do interruptor. Jackie se encontrava entre sofás e perto de uma mesa de centro. Samira não estava tão longe e atrás dela havia uma escada para o andar de cima. Jimmy estava no lado contrário dela e bem à frente de uma estante fechada com portas de vidro, com fotos de Sebastian e um casal adulto.

Samira observou o local inteiro ao seu redor. O cômodo era espaçoso e estava muito limpo, cada coisa certinha como se quem o organizasse fosse perfeccionista. Logo atrás de Jackie havia uma passagem para a cozinha, bem à vista dos visitantes. A sala tinha cor amarela e o piso tinha um desenho de madeira. Uma televisão do outro lado completava o lugar.

— Você ficou maluco? — Samira controlou a voz, enfurecida. — Nos trouxe para o meio da sala.

Sebastian revirou os olhos para ela.

— Eu não sou burro. Não tem ninguém aqui.

Nesse momento Jackie sentiu o sangue escorrer no lábio de novo. Já havia limpado o rosto tantas vezes que tinha perdido as contas. Foi Jimmy quem notou isso.

— Cara, você tem que dar uma olhada nisso.

Jackie passou a mão no rosto. Não queria que ninguém além dele se importasse o nariz machucado.

— Tem um banheiro lá em cima. — Sebastian falou, indicando a direção. — Vai lá e para de sujar minha casa.

Jackie hesitou, mas percebeu que os outros também queriam que ele fosse. Quando começou a caminhar notou que a cada passo que dava podia sentir o olhar sobre ele. Foi um tanto humilhante se retirar naquele momento, quando o que mais importava era acabar com os planos de Godby. Jackie sentiu que estava atrapalhando.

— E vê se não mexe em nada. — Sebastian voltou a falar assim que Jackie chegou a metade da escada.

Jackie ouviu quando o anfitrião ofereceu algo para os outros beberem. Foi nesse momento que chegou ao andar superior. Sozinho lá em cima, em meio a divisão entre o escuro do novo andar e o claro do andar anterior, Jackie acendeu a luz e viu um pequeno teste em seu caminho. A escada dava em um corredor com três portas: uma a esquerda, uma a direita e uma mais afastada à frente. O único problema era que Sebastian não havia dito qual das portas era a do banheiro. Jackie pensou em voltar e perguntar, mas era mais fácil abrir uma por uma e entrar na certa.

Ele caminhou até a porta da direita. Sem fazer barulho girou a maçaneta e deu de cara com um cômodo escuro. Talvez devesse ter empurrado a porta mais devagar, pois acabou derrubando alguma coisa. Pareceu algo pesado, que rolou pelo piso quando Jackie se apressou e procurou o interruptor do banheiro. Quando ascendeu a luz se deparou com o erro.

Aquele era o quarto de Sebastian.

A cama do garoto estava bagunçada e o guarda-roupa aberto, como se da última vez que ele o usou estivesse com pressa para sair. Jackie sentiu o desespero tomar conta imaginando que acabaria se dando mal se Sebastian soubesse que havia invadido seu quarto. Ele tinha que sair dali, mas o objeto que caiu o denunciaria logo que ele retornasse. Rapidamente Jackie se ajoelhou para ver o que havia derrubado. O objeto rolou para debaixo da cama e Jackie procurou um instante at[e encontrar uma esfera. Parecia um globo de neve, mas sem neve. Somente uma esfera de vidro, como uma bola de gude grande.

1 - Os elementares e o mistério da pedra de água e fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora