Capítulo 22 - Godby

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A mente de Jackie explodiu em uma montanha infinita de pensamentos. Talvez tivesse ficado louco de vez. Aquilo diante de seus olhos não era possível. Luís estava morto. Um bilhão de teorias loucas surgiram enquanto, estacado ali, ele encarava o homem alguns degraus acima. Sentiu o estômago embrulhar. Não conseguiu controlar a tremedeira que surgiu no corpo. Era um alerta.

Luís estava acabado, vestido com o mesmo uniforme da noite em que foi morto. Morto? Sangrava ferimentos diversos por todo o corpo. O sorriso fraco que mostrou era repleto de um vermelho forte. Um de seus olhos estava inchado. As pernas fraquejavam e ele só se mantinha de pé graças a um pedaço de madeira em que se apoiava.

Uma corrente de ar passou por Jackie. A brisa soprou seus cabelos antes de sentir o incontrolável instinto de ir ajudar o amigo. Correu para apoia-lo em seu ombro.

— Luís? O que... — Jackie começou mas não conseguiu terminar, incrédulo apesar de agora poder senti-lo. Carne e osso. Não era ilusão.

Luís tossiu, deixando um bocado de sangue jorrar por sua boca após emitir um som horrível, como se aquilo rasgasse sua garganta. O olho melhor se direcionou a Jackie, uma imensidão azul que o encarava com alegria e agradecimento.

Uma multidão de perguntas gritou dentro da cabeça de Jackie. Ele tentou afastá-las, mas sabia que não conseguiria. E, de verdade mesmo, não queria.

— O que aconteceu? Como veio parar aqui? Você estava morto. — Jackie gelou ao pronunciar a última palavra. O coração apertou.

— É uma longa história. — Luís respondeu, a voz quase não saiu.

— Não. Você morreu... — Jackie insistiu. Olhou fixamente para Luís não como se suas palavras fossem uma reflexão, mas um aviso para o amigo. Ele estava morto.

— Foi Godby. — o nome veio como um tiro. — Foi ele quem fez isso. Não morri. Ele quis que você pensasse isso.

— Por quê?

Luís tentou falar mas foi em vão. Suas forças eram sugadas pelos ferimentos e jogadas para fora de seu corpo em forma de sangue. Ele balançou a cabeça tentando se manter acordado. Do jeito que estava, era impressionante ter conseguido ficar de pé antes da chegada de Jackie. Era incrível ele ainda estar vivo. Vivo. Jackie refletiu. Não encontrava nada que pudesse explicar, mas algo lhe dizia que coisa boa não era. Sentiu medo ao entender que Godby havia feito aquilo e mais ainda ao procurar ao redor e não ver ninguém além de Luís.

— Cadê ele? — Jackie se preparou para defendê-los de qualquer um que se aproximasse. Tentou observar todos os lados.

— Eu não sei. Ele apenas me deixou aqui.

— Por que ele faria isso?

Luís se adiantou. Olhou para os lados como Jackie fazia, atento nos lugares mais distantes.

— Não sei se estou a fim de saber os motivos dele. — esforçou-se em dizer. Deixou a procura de repente e observou Jackie, e depois a mais forte fonte de luz do lugar. — O que importa é que podemos pegar a pedra e ir embora.

Jackie parou, os olhos arregalados. De repente já havia esquecido o perigo. O sentimento de que algo estava errado o perseguia. E ficava cada vez mais forte.

— É isso o que Godby quer, não é? — Luís apontou para a pedra. Seus olhos brilhavam em admiração, mas ele tentou disfarçar ao perceber que Jackie o estranhava. — Se Godby não está aqui, é o momento certo para você toma-la. Você é o elementar-líder.

1 - Os elementares e o mistério da pedra de água e fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora