DOS | Donzela em Perigo

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A M A Y A

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A M A Y A

Eu queria matar o idiota do meu pai.

Minha respiração estava descompassada enquanto eu disparava pelos becos estreitos da parte histórica de Ibiza, desviando de um ou outro turista desavisado que não viu uma maluca correndo com uma câmera pendurada no pescoço, uma sacolinha contendo ervas para fazer chá, curativos colecionáveis do coelhinho da Páscoa — tinha sido difícil achar aqueles — e um cabo USB novo para o vibrador, que por coincidência, também tinha orelhinhas e fazia maravilhas. Aquele devia ser o Dia Nacional dos Coelhos. Para melhorar, só se eu tirasse um da cartola e jogasse na cara do maldito que estava me perseguindo.

Não pretendia sair naquela tarde para não lidar com o estresse de ser seguida, mas precisei tomar medidas desesperadas depois que peguei a minha cachorrinha destruindo o carregador da única coisa que poderia me tirar do tédio naquele momento. Estava novinho, eu só tinha tirado da caixa para ver se funcionava e quando me dei conta, lá estava Zelda o mastigando.

Para ser justa, ela era comportada na maior parte do tempo, graças ao adestramento, porém ficava maluca quando não passeava, e eu estava evitando sair, desde que dei de cara com o primeiro homem de terno me observando. Eu provavelmente tinha chutado um duende para merecer aquilo.

Ouvi os passos pesados do segurança de longe e virei bruscamente em uma esquina, quase escorregando no chão molhado de cerveja que algum bêbado derrubou. Meu coração batia forte por causa da adrenalina e do esforço físico, entretanto valia a pena para despistar.

Isso porque era para a minha estadia em Ibiza ser relaxante. Soltei um riso meio sem graça. Relaxante, como se isso existisse no mundo de Guillermo Medinaceli. O significado de me deixar em paz aparentemente envolvia me mandar uma babá de dois metros de altura.

Entrei em uma viela para pegar um atalho. O cara que ele mandou dessa vez era bom em perseguição, mas eu conhecia a cidade desde criança. Só precisava dar um jeito de chegar até onde estacionei a minha Vespa, e, pronto, liberdade.

Ouvi o som de vozes à frente e apressei o passo, quase sorrindo por saber que estava chegando ao meu destino: a Plaza de La Vila. Para a minha sorte, o Festival Medieval estava acontecendo naquele dia, e o lugar estava apinhado de turistas. Dei um sorrisinho sabichão e me joguei no meio das pessoas, ofegante.

As construções branquinhas se erguiam diante de mim, e olhei para trás para ver se ainda estava sendo seguida. Esbarrei em uma moça vestida de princesa e parei para pedir desculpas. Foi o que bastou para eu rever o segurança tentando me alcançar. Revirei os olhos. Ele não desistia nunca?

Fui para trás de uma barraquinha de acessórios para ganhar tempo e de repente, tive uma ideia. Pedi para a vendedora um capacete de cavaleiro, lhe empurrei mais euros do que o necessário para pagar e o coloquei de forma apressada. Ficou um pouco grande, mas ia servir. Homens eram meio burros e nunca reparavam na roupa. Aja naturalmente, aja naturalmente...

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