É difícil ser mina na cena, ainda mais se relacionar com um mano do mesmo corre que você, o din é lucro, a fama que é foda.Cristal
Hoje temos o último show desse mês, pela glória do pai, amo demais estar em cima do palco mas estou sem parar o pé em casa a meses, todos os finais de semana é o mesmo corre, noites viradas, trampo atrás de trampo, grata acima de tudo por estar vivendo do meu som e da minha arte, porém ainda cansada, preciso demais só ficar na minha gominha com uma brejinha e Netflix
Já estava arrumada terminando de passar meu pente garfo no cabelo, Nic estava comigo me ajudando a ajeitar minha roupa, hoje o show vai ser na Zona Oeste, muito bom estar perto de onde eu vivia antes de toda minha vida mudar, os predinhos tiveram história pra contar. Coloco minha Swarovski no pescoço e como esperado já vejo a ligação da Joyce tocando no meu celular que estava em cima da pia do banheiro
- boa noite vida! A van já chegou, consegue descer? Nem vou subir para não atrasar hoje em - a voz dela sai calma como sempre, ela era a única que mantia a calma em qualquer situação e por isso era minha assessora, parceira na real
- boa noite amor, estamos descendo! A Nic conseguiu vir dar um jeito na minha maquiagem e na minha roupa - falo aliviada, tenho as mais brabas do meu lado, não tem jeito
Desligo o telefone depois de avisar, e pego minha bolsa na cama agradecendo Niccole pelo esforço, saímos do meu apartamento já chamando o elevador, carregava meu salto na mão e um chinelinho ia no meu pé, rejeito andar de salto no momento, sei que vou virar a noite tendo que sustentar, então aproveito os momentos livres
- Tá uma gata viu, cê é louco, tô até com orgulho dessa roupa - No elevador Nic fala me fazendo sorrir, de fato ela é monstra criando e fazendo roupa, especialmente pra mim, ela tenta ao máximo valorizar a pessoa, o corpo, transparecer o próprio estilo
- Fia te admiro muito, te falo isso direto e não vou cansar de falar nunca - ela sorri tirando uma foto nossa no espelho enorme e iluminado do elevador
Chegando na Van é uma correria, a gente entra e em um piscar de olho e um papo solto já chegamos na casa de show, entramos pelos fundos direto para o camarim, e diferente do que eu pensei não teria um camarim divido oque normalmente acontece, havia só nomes em cada canto da sala com bebidas e comidas em cada um para cada equipe, eu sabia quem ia cantar hoje também, só que eu queria fingir normalidade ao máximo
Veigh canta hoje logo depois de mim, é até estranho pensar que iremos nos ver depois de tanto tempo, até chamar ele de Veigh me soa estranho, éramos Thi e Cris, nada além disso, vivíamos em Itapevi e por coincidência da vida nos conhecemos rimando na quadra, ele era um mulekote que cantava funk ainda, eu era a única mina que colava com os muleques naquela época, sem ser ficante deles e essas fita, mas sim pra trocar ideia e rimar na zoeira
Depois disso o tempo passou, a gente cresceu e quem diria que os dois iam conseguir ter os nomes marcados no rap e trap nacional tá ligado, sempre estávamos um para o outro, por toda a trajetória até um tempo atrás. A fama mexe muito com a gente, mas o dinheiro nunca comprou nossos sentimentos, a gente vinha de onde não tinha nada e mesmo assim nos mantínhamos ali, porém sempre digo, até pra mim mesma, precisamos saber lidar com a fama e oque ela nos oferece de ruim também, é um processo fia, longo pra caralho
Aquecia minha garganta ficando só na agua até o momento, beber antes de show me mata, fico com um sono pesado toda vez que pingo um gole de álcool na boca. Minha equipe toda já estava ali, organizando as coisas e falando com os preparadores da festa para verificar se estava tudo ok, e bebendo também pois ninguém ali era besta, sempre pondero que podemos aproveitar também, trampar a noite toda não é fácil e eu entendo muito bem
Alguns minutos depois escutamos a porta do camarim abrindo e uma equipe de vários mano entrando e logo reparando que estávamos ali
- opa família, boa noite - vejo que Nagalli fala olhando para minha equipe enquanto entrava, logo reconhecendo eu e as meninas - quanto tempo minha parceira, não to acreditando - ele me fala sorrindo depois de ter cumprimentado minha equipe
- de fato minha joia, parece que não te vejo a séculos - apenas pego na mão dele dando um toquezinho, esse menino sempre foi assim, pura alegria também
- pois é, cola no estúdio qualquer dia, saudade de trocar ideia contigo fia - concordo com ele mas não respondo assim que vejo o Thiago entrando distraído com uma garrafa de água na mão também, percebe que tem mais que sua equipe aqui e finalmente olha na nossa direção logo sorrindo pras meninas
- eae minha gata - sua gata? chapando demais, me cumprimentou com a mão mas ainda sim estava sem muita expressão no rosto
- eae - respondo sem nem querer prolongar o papo, e deu certo, ele só acenou com a cabeça e foi para o outro lado do camarim conversar com os moleques
Veigh
Ver a cristal hoje me fez sentir esse bagulho de novo, me sinto breck demais. Reconheço meus erros e por eu ter achado que demonstrar demais ia me deixar mais fraco, errei feio com a mina que colava comigo desde mulekote
E na real continuo aquele memo Thiago bundão, a mente tá outras fita, mas ela ainda mexe comigo, não só vendo pessoalmente hoje, mas a cada clipe, som dela, me faz pensar mais em tudo e nela.
- ta maluco tio, hoje vi que geral da plateia tá forte - Vitin meu assistente lança pra gente voltando pro camarim - daqui 5 minutos Cristal entra, e você entra umas 02:40, vão cantar a última música juntos, aquela lá de cotas tá ligado?
- oque? parça tá na neurose? não está na lista essa não maluco
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Jeito bandida | Veigh
FanfictionCristal e Thiago começaram a cantar e produzir os próprios sons juntos, no começo era tudo por amor, parceria, sem pensar na fama, que uma hora chegaria de forma ruim. "Cê quer mesmo que eu viva mentiras contando mentiras que ainda não disse? Acho q...