Fora do ar

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Um mês...um mês sozinha e um mês para finalmente se acertar com Trindade e realizar seu desejo mais urgente. A mãe até que tentou com que fosse com eles, mas como sempre parou ao notar o desejo de Madeleine de estar longe da irmã. Em outros tempos isso a magoaria, agora foi benção. Difícil foi se despedir de Jove. O menino não queria ficar longe e nem ela, mas agora era o momento de pensar na vida dela.

O primeiro passo foi ir até ao consultório de uma médica que ela ouviu uma vez em uma conversa das amigas de sua mãe. Doutora Maria era conhecida por ser moderna demais, além de ter preferido se formar ao casamento bom com um rapaz da sociedade. Irma precisava entender o que havia acontecido naquela noite e também se conhecer um pouco. Ela tremia quando a recepcionista chamou seu nome.

A médica fez todas as perguntas de rotina e Irma não sabia como entrar no assunto. A pergunta quase esquecida porque ela já havia falado sobre ser solteira foi a oportunidade.

-Bom, não preciso perguntar sobre riscos de gravidez.

-Então, doutora... Tudo que falo aqui, acaba aqui?

-Claro, minha querida. Além do juramento, não estou aqui para julgar nada. Tem algum risco?

Irma então relata sobre seu namoro com Trindade e as vontades que não passam. A doutora escuta com atenção e faz poucas perguntas, o que deixou a moça relaxada.

-Irma, o quanto você sabe sobre sexo?

- Quase nada. Assim, só o que a escola falava e minha mãe não gostava dos tópicos de biologia na escola. Minha irmã sempre zombou, mas não entrava em detalhes. Só sei que devo ficar longe da linha da cintura do homens e no dia do casamento, eu devo deixar que ele faça o que deve ser feito. Claro que com luzes apagadas. Porém com ele, doutora, eu me sinto livre e cada beijo eu tenho vontade de um mais que desconheço.

- Vou ser bem direta e peço que não fique com vergonha porque estamos entre mulheres, tudo bem? Na praia, vocês tiveram um pré coito. Ele provavelmente não resistiu e saiu para... digamos..se aliviar. Não tenha medo de gravidez porque não teve penetração.

Irma relembra o momento e como ela mesmo estava diferente. Ela estava quase febril e suas partes estavam molhadas quando chegou em casa.

- Não entendo o por quê de ter fugido...

-Esse rapaz quer lhe preservar. Irma, não sou conservadora, mas tenha em mente que é uma decisão adulta e sem volta.

-Não ligo para pureza e tudo isso. Eu só quero estar com ele. Trindade não me pressiona a nada, pelo contrário.

-Imagino que não e isso é bom sinal. Você deve fazer porque deseja e não para provar nada.

- Não é a minha motivação, doutora. Só quero viver esse amor em plenitude e Céus! Como é bom estar assim com ele.

Irma sente que ficou vermelha com a confissão para uma estranha, mas o semblante sereno de Maria a ajudou desabafar.

- Exatamente. Como você se sente deve ser a motivação. Você acha que pode acontecer?

-A gente está brigado, mas sim, acho que pode acontecer.

-Então vamos lá. Primeiro aviso que se você não tiver relaxada, pode doer um pouco no começo, mas é normal e você não precisa se assustar. Pelas datas de suas regras, você é bem regulada. Vou lhe ensinar uma tabela que indica seu período fértil e quando seria menos provável uma gravidez. Note que falo menos provável. Sempre tem chance e por isso deve ser um ato pensado. Até temos alguns métodos experimentais, mas para sua situação e pela pressa que parece ter, podemos trabalhar com isso.

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