>by jennie<
Quarta-feira chegou depressa. Talvez a maratona de ensaios para o Party People e campeonato tenha contribuído para isso.
Saí de casa e bati na porta de Jisoo. Ela saiu como se fosse natal com um sorriso no rosto e os olhos felizes, eu parecia morta ao lado dela.
"Nossa, por que esse desanimo?"
"Nossa, por que esse ânimo?" Rebati e ela rolou os olhos enquanto andávamos até o carro. Jogamos nossas mochilas nos bancos traseiros e entramos.
Quando chegamos à escola fomos direto ao estúdio. Professora Choi nos avisou que se atrasaria um pouco e que poderíamos nos aquecer e ensaiarmos por enquanto.
"O que acha de ensaiarmos a abertura do Party People?" Sugere Lisa, eu esticava os braços de Jisoo para trás e Rosé se alongava.
"Parece uma boa, há alguns passos na coreografia que acho que não peguei bem." Diz Rosé.
"Nem acredito que conduziremos a abertura. Estou nervosa." Diz Jisoo.
"O Party People não é uma competição. É um aquecimento para o campeonato, não precisamos ficar nervosas." Diz Lisa indo até o som. "Mas temos que fazer bem. Vamos começar?" Nos posicionamos.
"O Mashup é Whistle, Playing with Fire a partir da line da Lisa e finalizamos com Boombayah." Diz Jisoo sorridente e eufórica.
"Uau. Você está muito feliz hoje." Diz Rosé e ela ri baixinho.
"Final de semana de licença." Digo e elas entenderam o motivo da felicidade de Jisoo.
"Seu namorado consegue muitos dias de licença, não?" Comenta Rosé. "Ele tem licença praticamente toda semana." Jisoo deu uma leve risada.
"Ele é sobrinho de um general ou algo assim, por isso ele consegue licença." Suspirou triste. "Mas infelizmente ele não vai mais poder ficar saindo sempre. Notaram o favoritismo com ele."
"Poxa que pena... Você ficará sem seu namoradinho." Zombou Lisa. Jisoo apenas rola os olhos.
"Tá, vamos parar de falar da minha vida amorosa e focamos no que realmente importa." Diz ela e nos posicionamos para ensaiar.
Senhorita Choi chegou. Ela nos orientou em alguns erros e nos deu algumas dicas. Após toda a rotina de fim de ensaio seguimos para nossas aulas e a maldita aula de matemática chegou querendo fazer com que eu me matasse.
Raciocínio Lógico Matemático foi algo inventado pelo satanás. União dos conjuntos, interseção dos conjuntos, diferença entre os conjuntos, e conjunto complementar. Deus, PRA QUÊ? Eu obviamente não entendi muita coisa, mas quem sabe eu conseguisse fazer algumas questões.
E foi estudando sozinha e tentar resolver as questões que tive a certeza de que sou um ser humano acéfalo. Como é possível eu acertar algumas questões na escola e parecer ter entendido lá, mas em casa esquecer até mesmo quantos N tem no meu nome?
Fechei o caderno com raiva ao notar que havia respondido todas as questões erradas e quis rasgar minha apostila, quase chorando de ódio e de dor de cabeça, dorzinha chata essa que sempre fazia questão de aparecer quando eu tentava decifrar os hierógrafos disfarçados de números e operações matemáticas.
"Senhorita Kim." Sue, uma das empregadas, me chama na porta, abrindo-a gentilmente. "Seus pais chegaram e me pediram para avisar que irão jantar fora. Pediram para você usar sua melhor roupa." Assenti.
"Obrigada, Sue." Digo sorrindo, mas assim que Sue se retirou, meu sorriso se transformou em uma carranca e eu respirei fundo, bufando irritada.
Meus pais não eram os piores pais do mundo, mas também não eram os melhores. Eram ausentes, mas exigentes, eu deveria ter sempre boas notas, boa aparência e me dar bem em qualquer coisa que me propusesse. Exceto na dança, esse tópico eles desejavam que eu fracassasse, então tínhamos um acordo; o mínimo deslize nas notas, e a dança já era. Por isso Taehyung e sua extrema inteligência eram importantes.
Me arrumei para o jantar a contra-gosto, os jantares com meus pais eram sempre um tédio, pouca conversa, sermões, meu pai atendendo à algum telefonema e eles extremamente distantes. Acho que meus pais nunca se amaram e se casaram e permanecem juntos por conveniência, a prova disso é a Ella, minha meia-irmã caçula, filha da amante estrangeira do meu pai.
Minha mãe aceitou a traição e apesar dela dizer que meu pai não a trai mais, eu tenho certeza que ele o faz, ou não teria razão para tantas viagens ao exterior durante o ano. Não me surpreenderia se aparecesse algum irmão que eu não conheço ou meu pai tenha uma amante em cada continente do globo.
Escolhi um vestido preto de alcinha e brilhante, um pouco curto. Coloquei saltos e fiz uma maquiagem leve, deixando meus cabelos soltos. Desci as escadas e esperei meus pais na sala enquanto conversava com minhas amigas por mensagens, Jisoo estava na casa dos sogros, Lisa iria sair com alguém e Rosé estava em casa assistindo uma série qualquer na netflix.
Após cerca de 1h ou mais, meus pais apareceram na sala, devidamente vestidos para o jantar. Me levantei para recebê-los e forcei um sorriso. Meu pai sorriu animado e minha mãe também, pareciam felizes.
"Querida, como está linda!" Minha mãe vem até mim e me dá um abraço. Eu retribuí.
"Está pronta, Jennie?" Meu pai perguntou com a voz firme, apesar do sorriso.
"Estou sim, papai."
"Ótimo, vamos..." No carro eu pensava como meu pai e minha mãe conseguiam ignorar completamente todos os problemas no matrimônio e dentre eles as traições e uma filha que todos sabiam que meu pai tinha, mas fingiam não existir.
Aquilo me incomodava até certo ponto, afinal, ignorar até mesmo a existência da menina, era fazer do meu pai outra pessoa fora do continente e, provavelmente, assim como a Ella e a mãe, eram ignoradas aqui, eu e a minha mãe, com toda certeza, somos ignoradas lá. Eles exigiam de mim a perfeição quando nem eles mesmos sabiam ser perfeitos.
Meu cérebro ficou no automático até chegarmos ao restaurante e pedirmos nossas comidas. Eu odiava ter que me arrumar e ir à restaurantes onde as comidas eram chiques e bregas, pagar uma fortuna para comer uma pequena porção de algum prato estrangeiro de algum chefe renomado ao invés de pedir uma pizza tamanho família e comer assistindo alguma comédia romântica boba enquanto usa pijama.
"Então, filha..." Meu pai me chamou a atenção enquanto eu comia seja lá o que era aquele prato. "Como anda à escola?"
"Vai bem. Estamos trabalhando duro para a maratona de dança." Eu sabia que não era isso que eles queriam saber, mas eu não perderia a oportunidade de uma provocação.
"Enquanto suas notas, Jennie?" Perguntou mais sério e mais rude. "Suas notas em matemática não estavam tão boas." Forcei um sorriso.
"Estão melhorando, papai."
"Hm, acho bom, se não melhorarem você pode desistir dessa coisa idiota de dança." Respirei fundo.
"Querido, se as notas dela não estão ruins, não há problema em continuar na dança." Minha mãe entrou em minha defesa.
"É uma distração do que realmente importa. Jennie, você é minha primeira e única herdeira, você tem que continuar o meu legado." Ri levemente.
"Você tem a Ella." O clima na mesa ficou tenso, eu tinha essa capacidade. Notei quando as veias das mãos do meu pai ficaram evidentes quando ele apertou o talher com força, em uma luta interna para não me estrangular. Ella era quase que um assunto proibido de se falar com o meu pai ou minha mãe.
Porém, deixar o clima tenso e pesado teve sua boa consequência, meus pais ficaram em silêncio e não me importunaram mais sobre as notas ou como a dança era uma perda de tempo. O jantar voltando a ser tedioso e silencioso com uma tensão enorme pairando sobre nós, mas era melhor do que conversar com eles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Operação Matemática [Taennie]
Fiksi PenggemarTaehyung é o melhor aluno em Raciocínio Lógico Matemático, enquanto Jennie é a pior. Buscando não reprovar e perder a chance de viver a única coisa que gosta de fazer na escola, ela pede ajuda ao melhor aluno da turma com aulas particulares e em tro...