Você diz que eu não me doo o suficiente
Eu te digo que você tem mais de mim que eu mesma.
E eu sinto que cada parte do meu corpo me trai com a sua chegada, pois até ele já se rendeu a você
Pra falar a verdade, eu já não sei o que essa rendição toda significa,
As vezes eu me sinto uma tola
Tão caótico e confusa
Não se sinta ofendido, meu bem,
Mas me entenda
É que por tantas vezes ergui os meus castelos... Ah, os castelos, você bem sabe deles
Me protegi com as mais fortes das proteções
E pelo visto, eram frágeis demais
Pois com a sua simples chegada
Desmoronaram
Uma por umaOlha só que ironia
Eu, sendo mar
Tenho medo de me afogar no seu laguinho
Mais irônico ainda que eu
SENDO MAR
Ainda não tenha aprendido a nadar
Me entenda... Eu já passei por tantas marés
Sobrevivi a tantas tempestades marítimas
Que pode se considerar um milagre que eu ainda esteja aqui, me arriscando em suas águas doces
Vez ou outra coloco apenas a pontinha dos pés para medir a temperatura da água
Em determinado momento cheguei até a arriscar a metade do corpo, você parecia tão seguro
Morno e aconchegante...
E então, me puxou de uma vez para o fundo
Por sorte,
Por sorte...
Eu ainda sei prender a respiração
E consegui fugir para a superfície
Você se desculpou
Se desculpou e
Se desculpou
Se desculpou por mesmo sendo tão comum, possuir armadilhas tão ocultas e meticulosas
E eu
Me sentindo traída por suas técnicas,
Sendo mestra em marés
Caí na mais antiga das mentiras
E mesmo assim...
Não fui embora
Sentei na beirada, ainda assustada, sem confiança alguma
Sabendo que mesmo jurando não faze-lo novamente, ainda existem riscosVez ou outra me atrevo a colocar a ponta dos pés para medir a temperatura
Irônico que mesmo sendor mar
Eu me limite a pequenos lagos.
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entrelinhas e abismos
PoésieEntre a linha do estar e ser cabe muita coisa. Morte, cor, dor, vida... O quanto de mim existe no abismo indecifrável das palavras? No final, quem determina toda a história são as palavras não ditas. (conjunto de textos e poemas desconexos-interli...