Diário de um suicida

Capítulo 1 família

Meu nome é Miles, acho que todos me conhecem assim. Meu nome verdadeiro é Mikhal, só que ninguém sabe disso. Na verdade ninguém sabe nada sobre mim, passo invisível aos olhos de outras pessoas. E acho isso perfeito o suficiente pra nunca reclamar, quanto menos saberem quem sou... Melhor.

      
     Acho que um garoto russo nunca será bem vindo em uma escola americana, sou logo recepicionado no banheiro com uma surra que quase me mata. O meu nariz sangra tanto que mal consigo colocá-lo de volta no lugar, o que é uma grande merda.
     Me levanto ao poucos e ao me olhar no espelho, me vejo. Eu estava tão péssimo quanto um porco indo para o abate. Na verdade estou bem pior.

- Cara, o que aconteceu com você? Até parece que um carro da polícia militar passou por cima de ti. - Jake chega se aproximando e olha o estado do meu rosto e corpo.

- Engraçadinho em? O seu amigo está quase morrendo e você metendo piadas? Pelo amor de Rashen, Jackson Ludbenguer. - Luna trás consigo uma toalha azul escuro molhada com água quente.

  

        Jake me ajuda a levantar, enquanto isso Luna me limpa e me ajuda com os ferimentos. Os dois me tiram do banheiro e me levam para o pátio do colégio, nessa altura não teria ninguém lá já que o sinal havia tocado. É nesse momento que Jake me olha e sorri, juntamente com ele eu e Luna fazemos o mesmo. Era incrível como podemos fazer graça em uma situação ruim.
    Eu acho que se algum dia eu perdesse eles, jamais seria o mesmo. Os dois se mudaram de escola comigo para que eu não ficasse só, todos os dias agradeço a Deus por terem feito isso. Com certeza não ficaria vivo por muito tempo se não tivesse Jake e Luna comigo, mesmo sendo diferentes em personalidades e estilos, se dão muito bem e posso até dizer que formariam um belo casal futuramente. Pena que não vêem isso.
    Os conheci quando me mudei, estudávamos no oitavo ano quando fizemos grandes laços. Desde então sempre estão ao meu lado para o que preciso, me dão apoio em tudo e ótimos conselhos. Eles são simplesmente maravilhosos comigo, queria eu poder retribuir tudo que fazem por mim.
    Eu quero poder contar algum dia o que passo, que não tenho lugar fixo para viver ou dormir. Simplesmente ando como mendigo achando lugares isolados e longe de outros indivíduos que podem me denunciar por invasão, é muito mais seguro ficar só. Tanto que no momento estou morando numa cabana perto da floresta, ela é pequena tendo apenas a sala e um banheiro, mas pra quem não tem absolutamente nada já é um bom começo. Foi lá que também conheci Hera, minha gatinha de estimação. Ela é linda, tem pelos brancos e na sua face tem uma mancha marrom que forma um coração. O que mais acho lindo nela são seus olhos vesgos cor de azul mar, tão perfeitos que as vezes tenho inveja dela.
    A cabana fica perto do lago, o que é ótimo pra mim. Nesse tempo morando lá, consegui plantar algumas coisas e também pesco nas águas claras do lugar. Alguns móveis que também tenho foram Luna que me deu, na antiga casa dela ficaram algumas coisas que seus pais jogariam fora. Com a permissão dela peguei o que mais precisava, o que me salvou muito. De uma cama velha, um armário pequeno e outras coisas, a mais valiosa pra mim foi um pingente. Eu não comentei com Luna sobre, mas resolvi ficar mesmo sabendo que não o usaria. Talvez algum dia eu o dê pra alguém importante.  

      
   

- Bom, já que estamos a sós. - Diz Jake se certificando que Luna já havia saído. - Queria te convidar pra jantar lá em casa, bom... Quero te apresentar uma pessoa.

- Quem?

     Ele sorri, acho isso estranho. A um brilho em seu olhar o que eu jamais tinha visto, tanto que agora ele fica um pouco vermelho.

- Bom, tenho certeza que vai amar conhecê-la. Do jeito que falo tanto de você pra ela, é capaz da mesma te tratar como alguém próximo.

- É sua namorada Jake? Não me venha com suspresas cara, eu não gosto disso. - Sorrio um pouco dolorido.