Diário de um suicida

Capítulo 2 Terror

     O jantar na casa de Jake foi maravilhoso, seu pai fez tanta graça que eu e Luna saímos com o abdômen dolorido. Tivemo que ficar lá, no caso dormir. A chuva que estava marcada caiu forte, assim impossibilitou que fôssemos embora.
Digo que foi uma das melhores noites da minha vida, além de termos dormido todos na sala. Passamos a noite assistindo filmes e comendo lanches.
   Na manhã seguinte tomei café e sai, acho que fui o primeiro a me despedir. Luna ficaria para ir com Hanna a alguns lugares da cidade enquanto Jake foi dar uma espiada na apresentação do colégio. Nossa, como pude me esquecer de falar sobre isso? Falta apenas algumas semenas para a formatura, eu, Luna e jake fizemos a mudança de colégio já estando no final da série. Ou seja, só estamos nesse colégio pra concluir o ensino e buscar por outra coisa melhor quando nós formamos.
     Eu particularmente acho que não mudará nada, só me trará ainda mais problemas. Ser menor de idade aqui me deixa com uma liberdade maior, mas no momento em que eu tiver com o meu ensino concluído e sendo maior de idade, estarei sobre uma vaga pressão para ser correto. Não que eu seja um ladrão ou coisa assim, mas é que... As coisas mudam para quem realmente não tem ninguém e vive com um indivíduo socialmente largado. Eu espero que nossa formatura pelo menos seja algo bom para mim.
     A apresentação hoje é justamente para isso, as líderes de torcida vão "finalizar" as aulas. Depois desse dia só vamos nós encontrar com todos para o baile e a formatura.

19:37

     Diário, hoje mal tive tempo de te contar como foi tudo. No momento me encontro em uma das arquibancadas com Hanna enquanto Luna e Jake foram pegar alguns lanches. O evento incluirá o jogo de futebol americano do time masculino do colégio, creio eu que isso vai demorar pra caramba.

        Percebo que Hanna tenta observar por muitas vezes o que escrevo, esqueci de mencionar aqui que sempre levo meu diário para vários lugares. Acho que isso me ajuda, como não sei expressar meus sentimentos falando eu apenas escrevo.

- Por que escreve tanto neste livro? - Ela me atrapalha e ao mesmo tempo me olha curiosa.

Eu já esperava aquilo, tanta observação da parte dela a tanto tempo só faria com que chegamos nesta questão. Ao olhar para ela percebo tantas coisas que não havia reparado antes.
       Como ela pode ser tão brilhante? Até seus olhos mesmo estando com pouca iluminação conseguem ter um raio de luz tão forte que parecem o próprio sol. Isso chega a ser irritante...

- Acho que isso não é da sua conta. - Fecho o livro antes que ela pudesse ler algo.

    Para não ser totalmente ignorante apenas tento sorrir, o que não funciona muito.

- Ah ok, entendo. - Ela se vira.

     Guardo o meu diário no bolso da minha jaqueta, fico um pouco sensível por ter sido tão ignorante. Cara, qual é o meu problema? Por que sou assim? Ela não me fez nada, mas na minha mente eu preciso acertá-la com mil pedras.

- Sabe Miles, as vezes escrever sobre o que sentimos é bom. - Ela olha para mim dando um doce sorriso. - É quando colocamos para fora tudo que está aqui dentro.

     Ela gesticula muito, usa tanto suas mãos e sua cabeça para falar.

- Minha mãe me diz que pessoas com o dom de escrever seus sentimentos, são as mais verdadeiras e sentimentais possíveis. Porque em cada letra, em cada palavra, elas conseguem expressar a mais pura e bela arte da vida.

      Ao ouví-la me sinto um tremendo burro, como posso ser ruim com este ser? Meu deus... Eu sou horrível, um tremendo idiota. Eu deveria me curvar ao ouvir suas palavras, eu jamais escutarei isso de outro indivíduo a não ser vindo da própria. Com certeza se fosse o antigo Miles, eu me apaixonaria por cada linha que sai de sua boca, anotaria em um papel e marcaria todo o meu quarto. Mas, neste momento apenas penso o quanto reajo mal a suas ações, tento entender o porquê de querer longe quem me quer perto.