Abro a pasta tirando de dentro várias coisas, a primeiro estava mais fotos.

0 0 0
                                    

Eu estava um pouco preocupado por Jake ter mandado todas as nossas fotos e momentos juntos. Penso que talvez de algum jeito, isso faz com que ele esteja me lembrando o quanto tudo isso significa para o mesmo. O quanto ele sempre olhará para esses momentos como "Os melhores da minha vida". E eu quero também fazer o mesmo.
Passo as fotos e encontro algumas folhas com desenhos, percebo que o garoto feito ali era eu. Eu não sei quem havia feito aquilo, mas estava tão lindo. Ao virar a folha vejo que havia um pequeno texto escrito.

"Não temos fotos juntos, então leve este desenho como algo perto disso. Agora sei que posso desenhá-lo sem ao menos esquecer de cada detalhe seu, o guardarei como pedacinho da minha arte."

Com amor, Hanna.

Aperto firme o desenho, o seguro perto do meu peito e o abraço como se ela estivesse em seu lugar. Eu sinto até seu cheiro naquele ar, é tão intenso saber que eu era algo significativo para ela. Agora eu só queria poder dizer a mesma um sincero obrigado pelo desenho, eu o amei tanto que com certeza o colocaria em um quadro para que ficasse seguro. Digo que em todos os dias da minha vida eu olharei para ele e pensarei o quanto verdadeiro e puro foi o meu carinho por sua criadora.
Eu espero que algum dia eu consiga ser como Hanna, talvez até melhor. E mal posso acreditar o quanto julguei o seu jeitinho fofo de ver tudo e todos ao seu redor, não consigo digerir o quão rude fui com ela nesse tempo. Posso até me explicar dizendo que fiz isso pelo meu medo de não querer companhia que não fosse de Luna e Jake, mas ainda não foi motivo suficiente para ter feito aquilo tudo. Eu não relatei muito dos meus dias aqui, então apenas os mais importantes consigo escrever. Posso dizer que foi nesses dias que não escrevi, que aconteceram os piores momentos ao lado dela. Um deles foi quando tivemos uma briga feia depois do acontecido no estacionamento. Sei que Hanna estava preocupada, ela queria saber o que havia ocorrido, mas eu apenas esquentei minha cabeça demais e acabei descontando com palavras tudo que eu sentia. Eu falei coisas tão horríveis para ela, que sinto o remorso tomar conta de mim cada dia a mais que passo sem me desculpar. E digo a mim mesmo que quando eu conseguir sair daqui, quero ir diretamente a ela fazer o que deveria ter feito a semanas.

Depois de guardar tudo com um amor enorme, percebo que dentro daquela pasta havia mais uma coisa, era como uma carta que estava recheada de outras fotos. Ao abrir novamente vejo fotos de uma mulher. Olhos verdes, cabelo escuros e lisos com o mesmo corte reto. Um olhar mais envelhecido e cansado, suas expressões um pouco mais dura que da última vez. Com certeza eu a reconheci no mesmo segundo que a vi. E foi a pior do decisão possível.
Rasgo todas as fotos as jogando na lixeira ao lado da minha cama, guardo todas as outras coisas deixando apenas aquela pasta. Tiro tudo que ainda está dentro e me deparo com pedaços de jornais e alguns documentos. Para que eu conseguisse não ser atrapalhado por nada ou ninguém vou em direção a porta e a tranco, logo voltando a maca. Agora sentado sobre a mesma eu analiso o que realmente está acontecendo.

Como eu poderia ter recebido isto? Algo tão pessoal e que ninguém mais sabe? Porque a Anastácia faria isso? O que ela quer me falar? Sei que sua fama por inteligência e estratégia corre pela cidade, mas teria ela cometido uma burrice como essa? Eu me sinto em um filme de suspense onde todo o meu passado está de volta. E a minha frente está a maldita pasta que revela tudo, pois nestes jornais e documentos conta em passos lento e pesados o motivo de ter escolhido renunciar toda as minhas características ou até mesmo nacionalidade.
Me levanto da maca segurando meus cabelos, era tudo que poderia me aborrecer depois de dias em coma num quase morte. Mesmo nesse estado parecia tão longe a paz que eu procuro, eu nem queria estar vendo isto novamente, logo agora. Me pergunto qual foi o santo que eu chutei, para ter tanto esse mal de azar. No meu caso eu poderia não ter lhe dado a moeda sagrada.

Me sento sobre o chão, fico a olhar para aqueles papéis um tanto quanto perturbado. Eu só quero que isso suma da minha frente, que pare de existir. Eu mal consigo reagir a isso, porque no fundo eu ainda me lembro do que acontecia quando não era o bom garoto do papai.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 07, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Diário de um suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora