Segunda Noite

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Violeta saiu rapidamente da casa de seu sócio, entrou no carro e saiu rumo a sua casa. Ela sentia seu corpo vibrar a medida que ela ia recordando de todos os momentos que passaram juntos naquelas horas. Seu corpo clamava por mais contato. Ela necessitava de mais. Queria gritar, queria gemer, querer sentir, queria ver estrelas. Mas não podia. Sentiu seu corpo arrepiar e lágrimas surgirem em seu rosto, a medida que lembrava de tudo o que Matias dizia para ela. Acima de tudo, se sentia uma traidora por ter sentido tudo isso.

Maldito seja Matias que a colocou nessa situação.

Maldita seja ela por ter aceitado estar nessa situação.

Maldito seja Eugênio por proporcionar todas essas vibrações e sensações em seu corpo.

Ela finalmente chegou no Engenho Camargo e rapidamente fez seu caminho para o quarto deles. Ela sabia que Matias estaria acordado e ela sabia que não queria falar agora. Antes de tudo, precisava acalmar seu corpo com um banho gelado demorado.

A medida que se aproximou de seu quarto, uma Manoela atrevida se aproximou.

- Finalmente a senhora chegou. Já estava ficando preocupada.

- Tive pendências na fábrica para resolver, Manoela. Agora estou exausta e preciso descansar. Até amanhã. (Abriu a porta do seu quarto, mas a mulher a impediu de entrar)

- Doutor Matias saiu faz horas. Disse que ia para o cassino. Certeza que vai encher a cara de bebida e sair apostando tudo. Isso se não resolver se enrabichar com uma daquelas vedetes...

- Manoela, por Deus, eu tive um dia de cão, estou exausta e com uma dor de cabeça insuportável. Não me importa o que Matias faz ou deixa de fazer, o que eu mais quero hoje é sossego e se para isso ele tenha que passar a noite toda fora de casa, sabe-se lá com quem... que assim seja. Eu só preciso ficar sozinha e descansar. Tenha uma boa noite. (Entrou no quarto, batendo a porta logo em seguida)

- Ora, pipocas. O marido é que sai para raparigar e eu que tenho que aguentar as chatices? Pois eu falo mesmo, comigo não tem lorota.

Violeta correu para o banho e permitiu relaxar as tensões do seu corpo, a medida que a água fria caía sobre seus músculos.

Depois de alguns longos minutos, vestiu seu roupão e se deitou na cama.

Não sabe quando exatamente adormeceu. Quando deu por si, já estava sentindo uma mão acariciar suas costas fazendo uma jornada de baixo para cima.

Ela abriu os olhos, ainda meio sonolentos e se deparou com seu marido. Rapidamante um odor de bebida lhe invadiu as narinas, fazendo com que seu cérebro se despertasse.

- Então, tudo ocorreu bem? (Ele diz)

- Eugênio foi muito respeitador. (Foi a única resposta ou informação que recebeu)

- Acho que isso é tudo o que podemos pedir para ele.

- De fato.

Um silêncio absurdo se instalou entre eles, enquanto ainda se encaravam fixamente.

- Você demorou mais do que eu imaginei. (Matias resolveu usar desta tática para obter mais informações dela)

- Foi uma situação muito desconfortável, Matias. Conversamos um pouco antes e depois. (Seu tom estava afiado com um pouco de mágoa e descrença)

- Conversa de travesseiro... eu entendo.

- Não foram 'conversas de travesseiro', na verdade, nos discutimos sobre contos da carochinha. (Ela retrucou)

- Contos da carochinha?

- Sim. E se você não fizer mais perguntas, assim como você concordou, então talvez eu compartilhe a história da carochinha com você pela manhã. Entendido?

Gerar um Herdeiro - A PersonificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora