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Cai na grama fria e molhada de orvalho enquanto minha mãe  tentava sair também, ela gritou para que eu corresse, eu o vi se aproximar dela segundos antes de cair na grama se levantar e me puxar pelos braços, ele estava saindo, vindo atrás de mim, não conseguia pensar em nada, apenas olhar, um grande nó surgiu na minha garganta, mas estava com medo demais para chorar, para fazer qualquer coisa. “Corre, anda corre" Foi tudo o que ouvi quando minha mãe soltou minha mão  e  correu em direção a sombra, queria gritar, mas não consegui, queria chorar, mas não tive tempo, só consegui me mexer quando ele soltou o corpo da minha mãe e continuou andando na minha direção. Corri o mais rápido que conseguia, mas as pernas “Dele" eram maiores, senti como se uma estaca de gelo atravessasse meu ombro e aquela voz assustadora sussurra mais uma vez “Eu disse para correr" Sinto o sangue escorrendo pelo meu corpo e finalmente ele veio, o grito que estava preso dentro de mim esse tempo todo, ele sai como uma trovoada anunciando a tempestade. Eu sinto o vazio, e caio lentamente no asfalto frio, uma poça se forma a minha volta, quente e viscosa, eu deveria estar desesperado, mas não estou, está tudo tão calmo, ele ainda está de pé aí meu lado, consigo vê-lo, o sorriso ainda está lá, agora é sincero. Não sinto nada, nem medo, nem dor, nada. E rápido como um apagar de vela, tudo se torna escuro, e vou embora. Eu ainda o vi se afastar pra ir atrás de mais alguém.

A Sombra (Concluido )Onde histórias criam vida. Descubra agora