✯AS LONG AS I'M HERE, NO ONE CAN HURT YOU✯

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Se mudar de Billings para Austin havia sido uma das coisas mais difíceis que Castiel já precisou fazer. Ele não gostava de mudanças; em todos os sentidos. Era doloroso e a adaptação era uma tortura.
Morar com seu pai nunca se passou por sua cabeça desde que tinha 5 anos de idade. Seus irmãos mais velhos odiavam a ideia tanto quanto ele. Mas depois do assassinato de Uriel, livre arbítrio para escolher uma casa não era uma opção para os assistentes sociais, e muito menos para Chuck. O homem era dono de uma editora de livros, sendo enxergado como uma boa pessoa aos olhos da maioria das pessoas.
E por mais que Chuck fosse um bom homem no trabalho e no convívio social, ele estava longe ser um pai exemplar.

Mil coisas se passavam pela cabeça do garoto, mas pelo menos as lágrimas já haviam secado e mais nenhuma ousava escorrer. O silêncio do armário havia sido um bom calmante para seus nervos, e estar sozinho sem todas aquelas pessoas lhe encarando era aliviante.
Porém, a paz do ambiente não durou mais nem um instante quando o barulho do sino da escola começou a soar. Castiel se tornou alerta e levantou-se de imediato quando ouviu passos e burburinhos altos vindo em direção ao corredor.

O jovem se deslocou para fora do armário e por sorte ninguém tinha se importado em olhar quem era. E com passos apressados e cabeça baixa, Castiel voltou para a sala de história. E felizmente não havia mais ninguém alí, a não ser seus materiais. Intocados, deixados do jeito que ele havia posto antes de sair correndo daquela sala, cena da qual ele não se orgulhava e sentia até um pouco de vergonha.

— Qual é, Castiel, você não está em um show da Netflix... — o garoto murmurou para si mesmo, enquanto recolhia suas coisas da carteira.
— Eu podia ter sido menos dramático.

  Felizmente, o resto daquele dia tinha sido mais tranquilo. No almoço, Castiel se encontrou com seu irmão e finalmente pôde se sentir mais a vontade. Digamos que Gabriel Novak era um pouco amedrontador quando se tratava de cuidar de sua família. Ninguém ousava mais olhar para eles com aqueles olhares tortos, pelo menos sem que eles percebessem.
— Você não quer me contar algumas coisa, Cassie? — Gabriel perguntou para o irmão com um olhar preocupado e com desconfiança.
— Você está bem mais quieto que o normal e eu te conheço. Teve outra crise de ansiedade?

— Gabe! — Castiel rosnou frustrado. Ele odiava quando Gabriel fazia tantas perguntas sobre a vida dele, principalmente em público.
— Eu... Eu estou bem, okay? Não precisa se preocupar comigo, não aconteceu nada.

— Você não me engana... — Gabriel murmurou pegando o garfo de plástico para aponta-lo para o mais novo.
— Vamos, desenbucha ou eu juro que espeto sua garganta com esse garfinho!

Castiel riu sofrego e revirou os olhos.
— Não foi nada demais. Eu só tive um probleminha com algumas pessoas da minha turma.

— Mais específico!

— Olha, eu realmente não quero falar sobre isso e não vai acontecer de novo. Só esquece isso, tá?

Gabriel revirou os olhos, desistindo de insistir naquele assunto. Por hora, ele sabia que no fundo era o melhor a se fazer.
— Tá bom, mas não pense que esse assunto acabou aqui.

— Céus! Desde quando você ficou tão protetor?

— Desde que fiquei sabendo que não seria mais o caçula da família e nossos pais chegaram em casa com um bebezinho com cara de joelho.

— Hey! Eu era um bebê lindo!

— Tá bom, e eu sou a Gaga.

— Você já se veste como ela, então...

— Cala a boca!

Castiel riu, eram tão bons aqueles momentos em que ele podia conversar naturalmente com seu irmão, sem se preocupar se alguém estava ouvindo atrás da porta ou dizendo para ter mais decoro.
Estar estudando na mesma escola que Gabriel havia melhorado muita coisa, principalmente depois de tudo e a história do desapego sobre a outra instituição de ensino.

— Sabe, acho que podemos sair depois da escola para conhecer melhor a cidade. Podemos ir ao cinema e comer sorvete... — Gabriel sugeriu sorrindo divertido.

— E temos dinheiro pra isso?

— Acontece que seu irmão aqui é o mestre da persuasão e chantagem emocional sobre Chuck Novak, então sim, temos dinheiro.

Dito e feito. Quando o sino da última aula tocou, os irmãos não perderam tempo para sair da escola. Um verdadeiro alívio. O primeiro dia sempre de aula sempre era difícil, talvez os dias seguintes melhorassem, e Gabriel, particularmente, podia dizer que teve a auto confirmação dessa teoria.
No caminho para a saída da escola, o Novak mais velho estava tão entretido na conversa com seu irmãozinho que não percebeu o "gigante" distraido com o celular vindo em sua direção.

O impacto foi desconcertante, e Gabriel apenas não caiu no chão, porque seu irmão o segurou.
— Mas o q...? Quem foi o idiota, miserável, cego que... — não houve tempo para terminar o insulto. Assim que os olhos de Gabriel se encontraram com os do garoto, até então desconhecido, ele sentiu que poderia vomitar borboletas cor-de-rosa.

— Perdão! Eu estava distraido, foi minha culpa, você está bem? — ele era alto, bem mais alto do que Castiel e Gabriel. Tinha olhos verdes, ou eram castanhos? Bem não importava, ele era quase um deus na opinião de Gabriel.

— Eu, eu, eu...

— Eh... Sim, ele tá bem. Nós que pedimos desculpa... Ham... Perdão, qual seu nome? — Castiel precisou intervir, já que seu irmão parecia estar sobre um feitiço ou algo parecido.

— Samuel, mas todos me chamam só de Sam. Vocês são novos aqui, não é? — aquele sorriso, deus, aquele maldito sorriso que podia derrubar exércitos só com seu brilho.

— Sim, eu sou Castiel.

— E eu sou... Eu sou...

— Gabriel! Ele é Gabriel. Achamos de nos mudar para Austin.

Foi como um desbloqueio de memoria. Sam conhecia aqueles nomes como todo mundo naquela escola, mas não deixou de sorrir amigavelmente. Ele sabia como era ser o centro das atenções em um inferno como a escola.
— Legal. Sejam bem vindos, e mais uma vez, desculpa por quase te derrubar, Gabriel.

O Novak mais velho apenas deu uma pequena risada em resposta e Castiel suspirou levemente envergonhado por ter que segurar uma situação tão embaraçosa para seu irmão.
— Está tudo bem, ele está bem.

— Certo... — Sam riu baixinho. — Bem, vejo vocês por aí.

Dez passos de distância de Samuel foi o necessário para que Gabriel voltasse ao seu estado normal, era como se ele tivesse acabado de chegar a superfície depois de um mergulho incrível em Atlântida.
— Céus! O que era aquilo?

— Aquilo era a prova concreta de que você não é mesmo hétero... — Castiel disse revirando os olhos, guiando seu irmão pelos ombros até a saída da escola. Com sorte eles não tinham perdido o ônibus.

— Mas quem é que seria hétero perto daquele deus!!???

— Shh! Fala baixo, quer que o estado inteiro ouça?

— Será que ele tem namorado?

— Ele pareceu muito hétero pra' mim, mano. Acho que o termo certo dessa vez é "namorada".

Gabriel bufou.
— Seu gaydar tá muito fraco pro' meu gosto.

Our Love; Our Colors {DESTIEL}Onde histórias criam vida. Descubra agora