O Jardim

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As histórias, por mais simples que sejam, sempre tem um começo... Peculiar. A minha no entanto, é até que simples.

Ainda me questiono em que momento nós decidimos que iríamos mudar, mas estávamos excitados demais para isso para nos importarmos. Meus pais estavam no banco da frente contando como seria a nova casa no campo, e como tudo seria maravilhoso daqui pra frente.
Meu irmão mais velho, estava do meu lado dormindo. Antes de dormir murmurou alguma coisa sobre precisar de energia pra quando chegar, que honestamente, não me interessa.

Só sei que estava de fones, ouvindo qualquer coisa da playlist, observando o grande campo florido sendo pintado pelos raios de sol da manhã. O amanhecer aqui é lindo. Cada flor parece ganhar vida à medida que o alaranjado surge. Interrompendo minha visão, surge nossa nova casa; uma casa com estilo antigo, porém muito bem cuidada, um pouco afastada da pequena vila de Arcan.
Suas paredes amarelo pastel, com tábuas pintadas a branco fazem contraste com o teto azul e o amarelo vivo do sol, que nascia ao seu lado.

-Chegamos!! - entusiasmada, minha mãe diz, cutucando meu irmão- Rápido, acorde! Vamos, temos muito trabalho pra arrumar tudo!

Assim que peguei uma das minhas mochilas, meu irmão me olha, sussurrando:

-Quem chegar no quarto primeiro, é dele!

Mal ele terminando a frase, ambos corremos, gritando e brigando. Coisa de irmão.
Nem conseguimos observar a casa direito, só consegui ver as escadas enquanto gritava que ele estava trapaceando, me empurrando.

-NÃO VALE, VOCÊ ME EMPURROU- Grito, tentando ficar com o quarto, bem no meio do corredor, de frente para a descida das escadas de madeira bem escura, porém brilhante.

-NÃO EMPURREI NADA, VOCÊ QUE É LERDA- retruca, já apelando para- MÃNHEEE, A SARA NÃO SABE PERDEER!!

-PAREM DE GRITAR VOCÊS DOIS, E VENHAM AQUI, TEM MUITA COISA PARA SUBIR!! E RAVI, PARA DE BRIGAR COM SUA IRMÃ!! - ela responde, acho que ainda do carro, de tão longe que sua voz parece.

Como não quero irritar ainda mais a mamãe, que já deve estar uma fera, eu desisto do quarto.

Saindo do quarto, consigo observar melhor a casa, e com mais calma já que não tem um idiota gritando no me ouvido; Era uma casa até que grande vista do mezanino. As paredes brancas e bem esculpidas, davam a entender que independente do quão bem conservada ela estava, ainda era uma casa muito antiga.

No corredor, haviam 4 quartos, sendo um deles separado para ser o escritório novo do meu pai, que infelizmente, seria ao lado do meu quarto. Não tinha nenhuma curiosidade de ver, porém quando fui entrar no meu novo cômodo, vi de relance o escritório. Era um lugar mais acabado, com um grande tapete vinho todo detalhado em branco. As paredes ali, diferente do resto, eram todas feitas na madeira, e completamente preenchidas ou por uma enorme estante de livros, ou por diversos quadros, logo atrás da mesa. Mas sem dúvida, o que mais chamava atenção, era um enorme quadro, o mais velho de todos, que pintava uma senhora. Era uma senhora, até que bem feia, meio... Cheia, emoldurada num grande quadro com vinhas, flores, espinhos, e algumas bolinhas douradas.

Eu, sendo eu, ignorei. Entrei na porta ao lado, vendo meu novo quarto, muito mais simples que o escritório ou até mesmo o quarto que o babaca do meu Ravi pegou. Joguei a mochila em cima da cama, e fui descer. Observando um pouco a cozinha, detalhada em preto, com um balcão dividindo da sala, toda decorada em branco, preto e cinza também.

-Relaxa, vai ser só uma chuvinha de nada.- escuto meu pai, enquanto saio de casa-E é nossa primeira noite em Arcan, nada de mais pode acontecer.

- acontecer o que? - questiono, intrigada - algo de interessante pode acontecer nessa cidadezinha?

Tales: Histórias de Amor, Tempo & vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora