- Eu sinto muito pelo sua perda senhorita Minatozaki - Quem dizia não era o mesmo doutor da noite anterior, esse estava de folga. Era um homem que aparentava ser um pouco mais velho que o outro.
Sana não disse nada. Nada que fosse dito iria ajudar a lidar com aquela dor. Perdeu sua melhor amiga, sua pessoa favorita no mundo, sua fonte de felicidade. A única pessoa que conseguia espantar toda e qualquer negatividade apenas com um sorriso e a única pessoa
para quem Sana guardou todo o amor que havia dentro de si. Tzuyu estava morta. Nada poderia ser mais doloroso que isso.Piorava também o fato de que Tzuyu não conheceria seu filho, não o veria crescer.. Sana sabia o quanto Tzuyu esperava por ver aquela criança, e aquilo também não pôde acontecer. Já que ela não acordou do acidente, e não acordaria.
Sana sentou-se no chão do hospital, agarrando seus joelhos e desabando em lágrimas de uma vez. Precisava se livrar delas, não aguentava mais ter que prender toda aquela angústia que estava dentro de si. O médico olhou tudo aquilo, mas não houve palavras. anos de experiência e ele ainda não sabia como lidar com aquelas reações, se retirou no fim.
Uma semana depois e o bebê de Tzuyu teve alta, como sua única família era Sana, agora a mulher resolveu ficar com ele. A papelada da adoção correu muito rápido e logo a criança ganhou o sobrenome "Minatozaki" sem deixar de lado o nome de sua mãe biológica. Chou-Minatozaki Chanyeol. O menino que tinha dois sobrenomes.
Flashback off
- Omma eles disseram que minha mãe está morta. - Saía a criança de seis anos da sala de aula direto para os braços de sua mãe adotiva. Chorando.
Aquele tipo de coisa acontecia com frequência. Sana nunca contou ao menino sobre Tzuyu, ou sobre seu pai, ou a morte de seus avós. Era trágico demais para uma criança de seis anos ouvir e Sana não saberia como dizer aquilo sem desabar completamente.
Seis anos haviam se passado e Sana ainda chorava por causa de Tzuyu.
Mas Sana não era a única pessoa que se lembrava da Chou, poderia ter se mudado daquele lugar e se poupado do olhar de pena dirigidos a ela, ou do bullying que sua criança sofria constantemente.
É claro que sabiam quem ele era, e é claro que os adultos contavam as suas crianças, logo as crianças contavam para seus amigos e se juntavam para brincadeiras de mal gosto para com o pequeno Chanyeol. Sana odiava aquilo, mas falaria com a diretora amanhã, hoje seu dia era especialmente para seu pequeno Chou.
- Hey? Eu pareço morta pra você? - Abraçou a criança rapidamente e o olhou em seus olhos. - Hey. - Disse ela vendo que a criança continuava a chorar. - Meu amor, mamãe está aqui. Eu estou aqui não estou? - Segurou as pequenas mãos tentando acalmar o menino.
- Eu sei Omma, Mas eu tenho medo, não quero que você morra. - O menino sentia seu corpo minúsculo sendo puxado para outro abraço.
- E eu não vou. Eu prometo. - Sana sabia que aquela era uma promessa que ela não tinha controle, mas mesmo assim a fez, só queria acalmar seu filho.
Seguiram para fora da escola e logo já estavam em casa. Sana morava há poucos minutos da escola, no mesmo quintal que seus pais. Morava sozinha porém, apenas ela e o último pedacinho que Tzuyu deixou no mundo.
Seis anos desde a morte da garota e Sana não pensou em ter um relacionamento com nenhuma outra pessoa. Talvez estivesse mantendo um luto por tempo demais, seis anos é mais que suficiente para superar alguém e ter uma vida saudável ao lado de alguém certo?
Sim, talvez para outras pessoas mas para Sana não. Era impossível se desprender de Tzuyu quando tinha em sua vida alguém que a lembrava todos os dias de como Tzuyu a fez bem e como ela sente sua falta.
- Sua egoísta desgraçada. - Em um sussurro, trancada no quarto, a Minatozaki verbaliza. Olhando algumas fotos que ainda tinha guardada. Sim, Sana era do tipo que revelava fotos.
- Como você teve coragem de me deixar assim? E seu filho? - As lágrimas desciam de uma vez do rosto da mais velha.
Suspirou, ficando em silêncio por um tempo, ainda olhando uma das fotografias que tirou de Tzuyu, quando elas estavam em Jeju.
Fotografia era um hobby de ambas, revelar fotos também. E agora encarava em suas mãos uma Tzuyu encostada na parede, com um copo de água em mãos, bebendo. Sana se lembra perfeitamente de quando tirou aquela foto. Se lembra também de ter dito para a Chou o quanto ela era linda bem depois de tirá-la.
- Sinto sua falta. - Sussurrou para a foto, abraçando aquele pedaço de papel como se a saudade fosse capaz de diminuir com o ato. - Eu sinto tanto a sua falta. - Dizia entre soluços. - Deveria ter me declarado nessa viajem. - Continuou com dificuldade. - Devia ter dito tanta coisa que não disse. - Voltava a olhar a foto. - E agora eu não posso dizer nada disso por que você não está aqui pra escutar. - Tentou manter o tom de voz baixo, mas era difícil graças a intensidade do choro. - Mas eu te amo.
- Omma? - É claro que aquele choro audível iria chamar atenção de uma pequena criaturinha que dormia no quarto ao lado. - Tudo bem? - A voz dizia meio receosa, enquanto abria a porta devagar. - Posso entrar? - Perguntou o menino escondidinho atrás da porta.
Sana sorriu assentindo e o chamando com as mãos. - Estou bem meu amor, não se preocupe. - Abraçou Chanyeol assim que o menino deitou ao seu lado, depois de guardar as fotos na primeira gaveta do criado mudo onde sempre ficavam.
Obrigada por deixar um pedacinho seu pra mim. - Sana pensou.

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Before You Go | Satzu
FanfictionÀs vezes a vida pode ser cruel e em meio a tantas coisas ruins, um menininho de seis anos com os mesmos olhinhos de gato de sua mãe biológica, é a única coisa de Tzuyu que Sana tem. ·esta obra é uma adaptação. Todos os direitos são reservados para o...