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Pov Tzuyu-Seis anos atrás.

Não era ele quem eu amava, definitivamente não. Não quando tudo que aquela mulher fazia mexia tanto com as minhas estruturas.

Mas eu gostava dele. Bem, não era amor, mas ainda havia um sentimento que deveria ser considerado, certo?

Ele era um bom amigo, ouvinte, conselheiro. Sabia me fazer feliz mesmo que houvesse outra pessoa.

Não sei dizer o exato momento em que ele descobriu que eu estava me esforçando demais para fazer um sentimento existir, ou se ele sabia que havia outra pessoa desde o início e mesmo assim se declarou.

Mas ele soube e isso eu percebi.

- Você deveria conversar com ela. - Kai estava sentado na cama, aparentemente exausto. Havia acabado de chegar em casa, tomado um banho e agora me olhava ao dizer as palavras.

- E falar o que? - Iniciei meio sem vontade de falar sobre. - Isso não mudaria nada.

- Você não me ama. - Disse o óbvio.

- Isso não é verdade. - Era sim. -Não estaríamos juntos se eu não amasse.

- Não sei de quem eu sinto mais pena. - Continuou ele, agora entre uma risada sem ânimo. - De mim, por estar em um relacionamento onde minha mulher gosta de outra mulher. Ou de você que é covarde ao ponto de guardar esse segredo até o túmulo se necessário.

Tzuyu não disse nada. Não havia argumento no mundo que o fizesse acreditar na veracidade de suas palavras, simplesmente pelo fato de que não havia veracidade alguma.

Tzuyu apenas mentia.

Mentia para si mesmo tentando todos os dias acreditar que poderia amar seu noivo mais do que amava sua melhor amiga.

Mas ela poderia amar aquele homem, não poderia? Ele a amava. Isso nunca deixou se ser verdade, Tzuyu tinha certeza que era amada por ele e sabia também que poderia viver com aquilo.

Agora ele a amava pelos dois, mas quem sabe um dia ela não o amaria de volta?

O problema era que aquilo parecia absurdo até teoricamente.

- O problema são seus pais? Acha que eles não vão te aceitar? - Ele continuou, tentando encontrar uma resposta para Tzuyu estar agindo daquela forma.

- Eu estou grávida! - Aquilo era óbvio, mas Tzuyu achou que era argumento suficiente para continuar com ele.

- Já te disse que eu nunca abandonaria meu filho.

Kai parecia sensato demais? Ele só estava cansado demais.

Ele queria fazer Tzuyu feliz, mas sabia que isso nunca aconteceria, porque ela estava com medo de se arriscar. Ele só não sabia o que exatamente ela estava com medo de arriscar.

Então ele tentou a próxima coisa que ele achava que era o motivo.

- Tem medo de ela te recusar?

Sim!

Era claro que sim! Era óbvio!

Uma amizade de anos não poderia acabar assim. Tzuyu não podia arriscar. Ela se contentava em ter Sana por perto apenas como sua amiga.

Que idiota.

E pensar que se Tzuyu não tivesse cometido a idiotice de se envolver com o noivo, poderia estar noiva de Sana agora.

- Não! - Mentiu mais uma vez.

Tzuyu era uma mentirosa. Mas pior que mentir para Kai sobre uma coisa que, sendo honesto, ele já sabia. Era mentir para si mesmo repetindo em sua mente que um dia ela seria capaz de deixar de amar Sana.

- Eu cansei Tzuyu. - As palavras de Kai foram as últimas a serem ouvidas.

Tzuyu ficou em silêncio.

Ela sabia que ele estava cansado.

- Eu posso amar você um dia. - Depois de um tempo a Chou achou sensato falar mais alguma coisa.

Mas Tzuyu estava totalmente errada.

Primeiro que ela não poderia amar os dois. Era impossível. Segundo que ela não conseguia aceitar o fato de que estava cometendo um erro e se deixando levar por ele.

- Vamos terminar. - E como sempre acontecía quando Tzuyu dizia que poderia ama-lo algum dia, ele ignorou.

- Não! Por favor.

- Eu já disse que vou ser um bom pai, mas nunca vou poder ser um bom marido pra você. - Começou com pesar. - Eu sinto muito que tenha que ser assim, mas eu não posso continuar com uma pessoa que não faz nem um esforço pra fingir que me ama.

- Eu.. - Não tinha palavras para o que acabou de escutar.

- Você poderia ao menos fingir. Se não pode fazer o que eu te pedi e se afastar dela poderia ao menos fingir que não está apaixonada quando está com ela. - Ele se levantou, seguindo em direção para mais próximo de Tzuyu, que estava de pé, chorando. - Eu só te pedi pra se afastar e se mudar comigo e nem isso você pôde fazer, como você quer que eu acredite que está se esforçando pra sentir alguma coisa por mim? - Dizia em tom mais alto, não se importando que a noiva estava grávida, e agora chorando mais forte.

Tzuyu sabia que estava errada, mas não esperava ouvir aquelas palavras de Kai. Ele nunca foi rude com ela, sempre mostrava preocupação e cuidado, principalmente agora com a gravidez.

- Você conheceu outra pessoa? - Perguntou entre os soluços.

- Que direito você tem de me perguntar isso, quando você nunca deixou ela ir? - Começou, seu tom de voz agora mais alto, seu dedo indicador acusando a Chou. - Mas não, a resposta é não.

Ele passou a mão pelos cabelos, virando-se de costas para a garota, voltando a si. Não acreditava que tinha dito tudo aquilo assim tão de graça.

Mas não se arrependia.

- Olha, me desculpe por ter gritado com você. - Voltou a encarar a Chou, que agora tentava controlar o choro. - Mas ainda quero terminar.

Alguns minutos depois Tzuyu recebeu a ligação de seu pai lhe convidando para visitar sua vó.

Convidou seu noivo também, que não queria ir a princípio mas logo foi convencido a ir também. Tzuyu achava que a viagem o ajudaria a mudar de idéia.

Na verdade Tzuyu até cogitava a odeia de se mudar para Ansan agora e se afastar um pouco de Sana se isso fosse salvar sua família.

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Atualmente

Tzuyu abre os olhos mas permanece deitada e imóvel. Encarando o teto, que eram pra onde seus olhos miravam agora, mas sua cabeça estava em outro lugar.

- Eu gostava dela? - Sussurrou. - Levantando subitamente e encarando seu reflexo no espelho que estava a sua frente agora. Levou as duas mãos até o cabelo bagunçando-os um pouco mais.

Tzuyu então pegou seu celular e ligou para alguém que achava que poderia ajudar.

- Mina?

- O que você quer as sete da manhã, Chou? - Sempre disposta a amiga respondeu.

- Tem alguma possibilidade de lembrar alguma coisa através de um sonho? - Perguntou.

- Não sei, você se lembra de alguma coisa agora porque sonhou com isso e agora se lembra da situação como se fosse real? - Perguntou.

- Sim. - A reposta veio na mesma hora.

- Então sim, passar bem.

E a ligação foi encerrada.

Mina não havia ajudado muito naquela situação, mas Tzuyu agora se lembrava perfeitamente do rosto de Kai, e sabia muito bem quem ele era.

Aquele era seu ex noivo e o pai de Chanyeol, ela tinha certeza.

Ele estava também estava no carro no dia do acidente, então aquilo significava que ele também estava morto agora? Tzuyu quem insistiu pra ele ir naquela viagem então a morte dele era culpa dela?

Tzuyu estava confusa, mas sabia com quem ela queria falar. Sana poderia não saber nada sobre o acidente e mesmo assim Tzuyu queria conversar com ela sobre suas mais novas memórias.

Before You Go | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora