Era uma vez um coração puro, que pulsava dentro de uma bela camponesa, seu nome, Elora.
Ela vivia num pequeno vilarejo, sua grande família, onde todos se ajudavam, mas a mais altruísta entre eles era Elora.
A moça passou o dia plantando e colhendo com os pais, tratou dos doentes e ainda ensinava as crianças a ler.
Nessa rotina, um rapaz fazia questão de ajudá-la, eles se conheciam desde pequenos, nunca se desgrudavam.
Esse rapaz a pediu em casamento e ela toda encabulada aceitou, então se casaram e o vilarejo festejou por sete dias.
Um tempo depois o mais novo casal da aldeia teve gêmeos, um menino e uma menina, e o ninho de amor explodiu de felicidade.
Tanto amor, tanta alegria que não tinha ideia da lástima que estava a caminho.
Os pais de Elora adoeceram, a moça realizou todos aqueles trabalhos de sempre e ainda criava muito tempo pra cuidar dos pais.
Numa manhã de sol entre nuvens pesadas, Elora teve o pesar de receber a notícia, seus pais deram início e com eles o primeiro pilar da moça também.
Sem um pedaço de si, suas irmãs lamentavam a perda, com gritos de desespero, mas Elora sofria com o luto em silêncio. Não se ouvia um murmúrio, nenhuma lamentação foi entoada pela alma da moça.
Quando não sonhavam que sofriam mais baixas, o vilarejo foi atacado por um clã rival, instalou-se um grande conflito e com muitas pessoas se foram, incluindo o marido de Elora, o corpo ensangüentado do amado descansava nos braços da angustiada viúva, derramando sobre suas lágrimas de tristeza. O segundo pilar da moça estava em pedaços.
Os irmãos de Elora se vingaram dos malfeitores que tiraram a vida do amado de sua irmã, mas aquilo não trouxe conforto ao coração da moça. Sofria em silêncio, suas lágrimas desciam com melancolia, mas nenhuma lamentação ou ódio se ergueram.
Com dois, dos três pilares, destruídos, Elora só tinha seus filhos. Com cada perda que sofreu, continuou com sua abnegação intacta, aquilo a que fazia viver.
A época das chuvas chegará. Os campos estavam todos alagados, como plantações destruídas. E as chuvas aumentavam cada vez mais. Quando os pequenos ainda se encontravam adormecidos, Elora se levantava para tentar salvar algum alimento. Assim todas as manhãs.
Num fatídico dia, enquanto procurava alimento, a chuva causava uma chuva nas montanhas em volta do vilarejo, e com isso, a primeira casa atingida nessa tragédia era a da tão sofrida Elora, que não teve chances de salvar seus filhotes, seu último pilar foi a moça sentiu a morte e de sofrer em prantos sem produzir um único som, as lágrimas se misturavam com a chuva em seu rosto.
A moça passou pelo luto tantas vezes e mesmo assim continua a ajudar o próximo.
Em uma noite estrelada, passando o período de chuvas, a moça estava sofrendo seu luto à luz da lua, quando a própria lamentação se fez presente e questionou deliberadamente:
Por que não me invocastes? Por que não se vingou? Por que não gritou desesperadamente? Por que não lamentastes? Nem murmurastes?
A moça com seu grande coração respondeu:
Nada disso os ansiosos de volta, então sigo de cabeça erguida e ajudando quem passou pelo mesmo, assim posso viver sem morrer aos poucos.
A lamentação ficou surpresa com a resposta e contorno:
Seu coração é puro, a tristeza não te despedaça, te abençoadorei nela e dela você recebeu aos corações da sua aldeia tão amada.
A lamentação tocou o coração de Elora de maneira sutil, e ele brilhou, os cabelos da moça se esbranquiçaram, sua pele se iluminou tornando-se alva como a neve. E quando a transformação acabou soltando elau um grito que a muito tempo estava guardado, um grito rouco de dor e recebido ao mesmo tempo. A lamentação pegou em suas mãos e disse:
Você está livre, vá e destrone a tristeza dos corações dos seus.
E assim ela foi e seu espírito iluminava os corações amargurados, e com a alegria da aceitação, celebravam a vida de quem já não estava mais lá.