C A P Í T U L O | 0 3

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AH MEU DEUS.

Essa sou eu, soando bem menos nervosa que o esperado. Sinto minha coluna ficar mais ereta, me preparando para alguma coisa. O quê exatamente, eu não sei, mas se o Diabo na minha frente que é justamente aquele que me viu nua e tocou as partes mais íntimas do meu corpo me expulsar, prefiro fazer isso sem tremer e de cabeça erguida.

Mas observando a postura malditamente inabalável de Bellucci, tenho que admitir que ele não parece inclinado a fazer isso. Sou eu mesma quem quer sair pela mesma porta que entrei e nunca mais voltar. Mesmo que seja uma coincidência infeliz, existe uma fagulha de indignação que se sobressai da vergonha. É justo, no entanto.

As memória de seu corpo sobre o meu e a excitação sem freio que senti é somente uma pequena parte de tudo. A arrogância era notável desde o momento que o encontrei na boate, o que me deixa irritada por ter que sequer falar com ele novamente. Era para ter sido só uma noite, não?

Não acredito em destino, mas essa coisa de acaso é tão ruim quanto.

— Você — ele repete o que eu falei anteriormente, com a familiar carranca no rosto bem escupido. — Você me deixou sozinho hoje de manhã.

A frase não é melhor que um balde de água fria. Eu me apresentei como sua mais nova PA querendo desaparecer porque fizemos sexo, e ele está indignado porque fui embora sem deixar bilhetinho de despedida?

Definitivamente não. O homem de olhar firme que vejo não é do tipo emocionado.

— Eu nem sei o que falar para o senhor agora — eu recomeço, sabendo que tenho que explanar qualquer coisa a fim de não continuar parecendo tão abalada. — Se quiser me demitir, tudo bem, eu vou...

— Não vou demitir você — declara rápido e duro, e depois se levanta de sua poltrona. Quando faz isso, lembro do quanto não gosto de como sua presença é intimidante — O que aconteceu ontem não vai interferir no nosso trabalho — declara. — Eu sou seu chefe e você é minha assistente pessoal. Fodermos pra caralho numa noite não será um empecilho.

É, Brittany, eu não vou cair nas graças do chefe, mas isso não quer dizer que não tenha acontecido num passado ainda próximo.

Mas foi antiprofissional — contesto.

Eu não quero perder meu emprego. Mais do que um ser humano comum eu preciso de um salário generoso. Porém, esclarecer as coisas mesmo que me prejudique é um defeito meu. E se caso eu ficar, preciso que ele lembre dos lados ruins da situação.

— Não existe nenhuma lei que proíba um relacionamento entre chefe e assistente pessoal. Além disso, não sabíamos que você trabalharia para mim, e foi algo consensual, Chloe.

Droga. Agora que ele sabe meu nome e o pronuncia, o jeito que ele faz isso envia vibrações para todo o meu corpo. Me pergunto se eu chegaria em mais um dos múltiplos ápices se ele tivesse gemido da mesma forma ontem.

— Tem razão — falo, buscando apagar o pensamento descabido e impróprio que não consegui prever, muito menos conter. — Não é como se fossemos repetir. Então... — engulo em seco —, nossa relação a partir de agora é puramente profissional. — lembro me manter a cabeça erguida. — Vou me acomodar agora. Se precisar de alguma coisa...

— Vamos nos encontrar com um fornecedor no almoço para uma compra a parte. Você pode ir agora — falando isso, Bellucci senta novamente e volta sua atenção para o computador.

Okay, então. Poderia ter sido muito, mas muito pior.

Reunindo toda a minha força de vontade, me retiro do escritório e volto a respirar normalmente. Ou quase isso, mas já é um começo promissor. Eu ainda tenho um emprego e não vou ter problemas trabalhar para meu pequeno e breve caso. Apesar de ainda ser um pouco estranho saber o tamanho do "equipamento" do meu chefe, posso lidar com esse detalhe.

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