ALMAS GÊMEAS PODEM SER AMIGAS. Greta me diz isso quando pergunto o motivo de confiar tanto sua vida a mim. Ela desabafa sobre como é ter 23 anos e não saber o que quer da vida, embora esteja cursando medicina do outro lado do país.
Com ela vestindo rosa e com bolsa de grife, é difícil vê-la com jaleco e máscaras de cirurgias. Preciso lembrar a mim mesma que julgar é errado, e quase sempre inútil. Todas as minhas primeiras impressões ultimamente vêm sendo apenas isso: primeiras impressões. A segunda é a que fica, e é completamente diferente da que geralmente dou a importância.
Greta Bellucci pode usar quantos vestidos tubinhos e gostar de viagens caras o que quiser. Isso não quer dizer que não se importe em salvar vidas. O propósito nobre me fez a admirar mais.
Como ela havia dito ao irmão, viemos ao shopping. Olhamos as vitrines e comentamos quais marcas se superaram nos modelos da estação, o que denuncia minha paixão por moda, e uma confissão que desfilar já foi um sonho para minha mãe e eu. Bem, talvez ainda seja, mas ficou guardado no momento que ela partiu.
Infelizmente, não compro nada além de calcinhas e sutiãs. E por mais que tenha um poder aquisitivo infinitamente melhor, Greta se contém apenas com uma pulseira de ouro que ajudei a escolher. Ficamos nesse ritmo por mais um tempo, até que passamos na praça de alimentação.
— Vamos comer alguma coisa. — ela convida, mas faz uma pausa. — Você está melhor?
O assunto levantado faz minha barriga roncar.
— Sim, não estou sentindo nada, mas eu prefiro não...
— Uma hora você vai ter que comer — pontua.
Embora o receio do meu estômago me faça passar por um vexame, acabo concordando com a cabeça. Afinal de contas, Greta está certa. Meu corpo ainda é de um ser humano comum, dependente de água e comida, então escolhemos uma lanchonete e fazemos nossos pedidos.
Sensata, peço um suco natural sem açúcar, enquanto minha mais nova amiga tem a liberdade de pedir taccos apimentados. É um pouco reconfortante saber que ela não é a do tipo "salada e água importada". Dessa forma não me sinto tão mal por saber que sou a única que faz isso, apesar de já está pagando o preço. Eu deveria aconselhar Greta.
— Não consigo vim a um lugar desses e pedir uma coisa saudável — fala, assim que ver meu pedido ser entregue no balcão.
Provo o conteúdo do meu copo. Minha nossa. Sem açúcar mesmo.
— Eu definitivamente não gosto — confesso. Começamos a ir em direção a uma mesa, onde nos acomodamos. — Mas vou começar a ter uma alimentação mais regrada. É saúde, não estética, sabe? Eu abri mão do sedentarismo pra ir à academia com esse pensamento, mas não consegui fazer o mesmo com minha dieta. Tenho que começar a fazer isso.
Greta me observa sugar o canudo, pensativa. Quando alguma coisa parece clarear o suficiente na sua mente, ela deixa seu lanche de lado e junta as mãos sobre a mesa. Eu espero ela falar, um pouco confusa com a sua postura recém adotada.
— Me diga uma coisa, Chloe. Felix falou que você estava com náusea. Sente mais coisas além disso?
Deixando meu suco de lado, começo a ficar preocupada.
— Como o quê?
— Tontura, dor de cabeça... Pode ser uma labirintite. — afirma.
Felix Diabólico Bellucci. Esse foi o motivo de ele aceitar tão bem meu passeio com sua irmã. Estou tendo uma consulta com ela.
— É só enjoo.
Ela ergue as sobrancelhas escuras, como se estivesse surpresa.
— Há quanto tempo?
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O Que Nós Temos
RomanceSérie: Bellucci's / Livro 1 Para Chloe Hopkins, sua felicidade se resume em ter todos os problemas financeiros resolvidos. Renunciando seus sonhos e pronta para iniciar em seu novo emprego de assistente pessoal numa das empresas mais prestigiadas do...