GUILHERME SAITO

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Não me ponha no altar Que eu sou meio desonesto Eu te juro amor eterno mais no fundo eu não presto.
(Jão - Santo)

Bom, se já não imaginavam, é assim grande parte do tempo. Eu falando com adolescentes da minha idade: não jogue lixo no chão, não corra perto da piscina, não bata no seu colega, entre outras dezenas de regras que eu tive que gravar.

Talvez eu seja dramático, mas ele não foi o primeiro a infringir as regras e nem será o último. E sei que pode parece regras para crianças más eu tenho que dizer pelo menos para fingir que as sigo.

Assim que todos chegarem, o diretor Marcelo vai dar as boas-vindas na frente dos dormitórios para todos, o que é praticamente inútil porque quando o momento chega quase ninguém ouve. Eu, vendo aquilo acontecer, tento dar apoio moral e olhar como se não soubesse todas as regras, até que ele termina e provavelmente ele sabe do apoio que do a ele, por isso uma vez ou outra eu vejo ele sorrir como agradecimento.

Eu sou aquele tipo de pessoa que quer apoiar qualquer um e ver o lado de todos, então muitas vezes ninguém vê o meu.

— Agora nossos colegas Guilherme, Rodrigo e Sofia vão levar vocês até os dormitórios.    Viro-me para os meninos, que já parecem entender que é pra fazer fila e eu os levo. Antes, fazemos um teste de personalidade online e decidimos quem ficará com quem pra evitar brigas e, depois de uma semana, eles podem trocar, o que não acontece muito porque muitos aceitam o seu colega de quarto. ​

  Chamo os nomes de dois em dois e apresento os quartos para eles. Acho que tem em média 26 meninos comigo, perco a conta quando vejo um menino alto e bronzeado, duas coisas que aqui no acampamento não se vê muito. E por fim o insuportável daquele garoto de jaqueta preta, que já começa a rir de mim. Minha vontade é socar a cara dele e raramente sinto isso. Espera, como assim ele está sozinho? Não sobrou ninguém pra dormir no dormitório com ele? Ai que ódio.      

  Explicando as regras... Eu, Guilherme, só consigo um quarto todinho pra mim se o número de pessoas for  impar e eu sobrar, mas, como ele fica sem ninguém, pelas regras eu faço companhia. Minha raiva vira tristeza na hora. Claro, não é uma coisa insuportável, mas é tão bom ter o meu cantinho da bagunça e eu só o divido com quem é bem próximo a mim.

— Onde fica meu quarto, bom moço? Ele me tira do transe de tristeza e raiva e eu faço uma cara de deboche que com certeza ele deve odiar.

— Ah, você vai ficar no meu dormitório. —Falo com um sorriso, tentando ser amigável. Ele apenas me olha estranho e vai à frente como se soubesse onde é, o que claramente não sabe e eu passo por ele. Kayo com certeza é um palmo maior que eu.

— Aqui está. Você pode escolher qual cama vai dormir, eu não me importo. —Digo confiante, esperando que ele entenda o meu sinal de paz.

— Ok, a da direita. — Escolhe ele, se jogando na cama. Eu não sou muito fã de janela, gosto de dormir no mais escuro possível, então apenas me sento na outra.

— Você pode guardar suas coisas e ir lá fora. Depois eu e os meninos vamos tocar.  Ele não dá ouvidos, então eu continuo recitando regras e explico que teremos que dividir um armário, o que não me agrada muito, mas já estou acostumado e sei que as roupas dele ficariam bem largas em mim então seria impossível vestir por engano. Decido ir até o campo gramado, onde minha banda se encontra. Vamos tocar sem palco, na frente mesmo. A guitarra, o violão e o piano já estavam lá então decido sentar e ver a música que vamos tocar. Dessa vez fico com violão, Jacke com microfone e Arthur no piano dele. Claro, como sempre, percebo que Jacke chama toda a atenção com o corpo definido. Um moreno grande e simpático, bem difícil de não olhar. Já eu e Arthur somos dois garotos com nada para chamar atenção, apenas cabelo. O meu todo definido em cachos 3A e o de Arthur 2B, a diferença é que o dele está totalmente platinado e o meu é curto e preto. Por fim, decido me apresentar e apresentar os meninos. ​

Querido acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora