00 | onde os por quês se encontram

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Os dedos de Joel Miller batucavam o balcão da conveniência em que se encontrava

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Os dedos de Joel Miller batucavam o balcão da conveniência em que se encontrava. Havia acordado mais cedo para comprar um dos remédios de gripe de Sarah, mas até agora o farmacêutico não havia voltado com seu pedido.

Ele respirou impaciente.

Uma, duas, três vezes.

— Foi fabricar o remédio? — indagou grosso, tentando ver o corredor por trás do balcão.

Joel era impaciente, na maioria das vezes perdia a cabeça fácil. Mas, precisava daquele remédio, por Sarah.

— Olha, — coçou a nuca — Senhor Fitzgerald, eu volto mais tarde já que...

— Não, não Senhor Miller. Já estou pegando.

A voz do mais velho o interrompe lá de dentro. Joel revirou os olhos, checando o pulso, onde seu antigo relógio costumava ficar. Ainda não tinha se acostumado com a ausência do objeto.

Ele se virou de costas pro balcão, apoiando os dois braços ali, ganhando uma pose bacana.

Seus dedos doíam, por conta do trabalho da noite passada. Sua cabeça começava a querer latejar, todos os sinais indicavam que ele precisava urgentemente espairecer. Não podia se dar o luxo de enlouquecer, não com uma criança em casa.

— Não encosta em mim, otário.

Uma voz desconhecida, fina e aguda soou do outro lado da porta —, chamando a atenção de um Joel impaciente.

— Eu já mandei não mexerem com ele.

A voz repetiu, firme e seria.

Joel se mexeu um pouco, tentando ver pela porta transparente o que acontecia lá fora. Havia uma garota de no mínimo um e sessenta, cabelos longos e escuros, os dentes trincados e a mão fechada.

Miller cruzou os braços, observando a cena.

Gatinha, vou te deixar em paz quando pagar o que deve. Se não, seu irmão vai ter o mesmo fim que seu pai. — o cara que a acompanhava rosnou de volta, a segurando pelo braço com força.

Joel se inclinou mais um pouco para ver o que estava acontecendo. Notou o rosto da garota tomar uma cor diferente ao ouvir aquelas palavras. No momento seguinte ela havia socado o rosto do garoto com a mão direita com tanta força que sentiu escorrer sangue por seus dedos.

— Sua vagabunda-

— Ei, ei, ei.

Quando Joel se deu conta já estava do lado de fora, impedindo aquele cara de socar o rosto da menina de volta. Ele passou tão rápido por aquela porta da conveniência, que não percebeu o que fizera, até os olhos apreensivos da menina estarem postos sobre si.

— Você não me escapa. — cuspiu sangue, apontando o dedo na cara dela, se virando dali.

O mais velho o acompanhou com os olhos até ele virar a esquina.

— Você tá bem? — Joel perguntou a ela.

Agora observando de perto dava para ver o vestígio de um antigo roxo, saindo de seus lábios. Como se tivesse apanhando a alguns dias atrás.

— Eu não preciso da sua ajuda. — revidou ela, começando a andar na direção oposta.

— Sua mão tá sangrando. — gritou Joel, acompanhando em passos rápidos — Como pode ser tão burra em quebrar sua mão com alguém como ele?

Ela parou de andar, virou para Joel com os olhos frívolos.

— Como você pode ser tão otário em chamar alguém de burra em menos de trinta segundos que você a conhece? — ela cruzou os braços, fazendo uma careta de dor ao sentir a mão.

Joel soltou uma risada nasalada, sincera. Apoiando as duas mãos na cintura, diante aquela cena.

— Creio que já faz mais de trinta segundos. — provocou, recebendo uma virada de olho em resposta — Deixa eu ver isso aí.

Ela ponderou antes de estender a mão direita sangrando para ele.

— Isso aqui tá bem feio. — Joel falou o óbvio.

— Acha mesmo, Sargento?

Ela fora irônica, recebendo uma arqueada de olhos do mais velho em resposta.

Era engraçado a maneira que as coisas haviam acontecido, se Joel nunca tivesse apartado aquela briga —, talvez ele nunca, repito, nunca conheceria a pessoa que mais amou em toda sua vida. A maneira que o caminho de ambos foram trilhados naquele verão, seria predestinado para sempre.

FIRST CHILDREN, joel miller (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora