Capítulo doze

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Meu olhar pende de Dovey para Lady Lesso. Por que sempre que estamos aqui nossos olhares se cruzam?
Não sei como ela está depois do que aconteceu, nem sei se quer falar comigo ou se descobriu o que me atacou naquela noite.
As duas escolas então foram dispensadas. O comunicado tinha sido feito. Andei o mais rápido possível para longe, mesmo que não fique muito tempo nos jardins, eu apenas queria fugir do olhar da ruiva.
Estou tão confusa nos últimos tempos que talvez acabe me perdendo nesse lugar. Não quero perder minha essência... mas também também quero virar um animal ou algo ruim.
Saio de meus pensamentos com o corvo à muito desaparecido pousando ao meu lado na grama. Era um dia sem aula, poderia ficar ali quanto quisesse. Mas por que ele só apareceu agora?
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Alerta: surtos bi/pan aqui viu. Gay pânico tá em dia e vocês estão avisados!
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ー Decidiu aparecer? ーacariciei o corvo com o dedo, parecia gostar do meu toque.ー Não faz isso de novo! ーdei um peteleco na pata dele, fazendo o pássaro gritar comigo.ー Sei que não doeu, não faça drama. ーo peteleco foi fraco, não tinha como o machucar. Deitei na grama olhando para o seu azul acima, ainda estava de tarde e não sabia o que poderia fazer até meu horário para arrumar os livros.ー Senti sua falta, perdeu muita coisa. ーo pássaro ficou na altura de meu rosto na grama, parecia querer saber o que aconteceu.ー É uma história longa, desapareceu por duas semanas. Está tudo bem? ーo corvo acenou positivamente com a cabeça.ー Acho que você precisa de um nome, não posso apenas te chamar de corvo... mas nem sei seu sexo. ーme virei, ainda deitada na grama, para o pássaro. Por aquele olhar, não queria um nome.ー Tudo bem sem nomes então. Mas vamos para outro lugar.

Me levantei da grama com cuidado, o vestido que Drew e Amya me fizeram usar hoje era claro, se o sujar é capaz de ter dois herdeiros da realeza correndo atrás de mim. O corvo voou até meu ombro. Preguiçoso, não quer voar e decide pegar carona em cima do meu ombro. Esperto, mas chato.
Pensava para onde poderíamos ir... bom, não uso meus poderes com tanta frequência nos últimos tempos.

ー Lhe aconselho segurar firme. ーsenti as garras do corvo me apertar, mas não doía de uma forma graduada.

Respirei fundo e então o fiz, me teletransportei para o país das maravilhas. É tão bom estar em casa, mesmo que para isso minha energia fique menos de 50%. Ao visualizar o lugar colorido acabo por cair de joelhos no chão. O corvo estava a minha frente, olhando para mim e cutucando meu braço com o bico.

ー Eu estou bem. Está tudo bem. ーsorri para o pássaro se sentir menos preocupado, teletransporte tão longe desse jeito, mesmo para minha idade, é muito.ー Vamos, tem vários lugares aqui que podemos falar. Mas tudo aqui tem ouvidos. ーquando terminei de falar sou levantada por uma flor azul grande e começo a rir.ー Também senti sua falta Bernita. ーa flor ao lado de Bernita, levantou o corvo que veio comigo mas o pássaro logo voou para meus braços.ー Bernstein ele não é daqui, não está acostumado conosco. Bernita consegue nos lançar até a próxima toca para Marmoreal?

Quando a flor vai para o lado sabia sua resposta, segurei o corvo em minhas mãos para que não caia. Bernita nos arremessa longe, sempre adorei a sensação de me sentir voando quando brincávamos de arremessar. Eu sempre era arremessada, mas a família de Bernita amava jogar coisas, e são fofoqueiras como ninguém.
Não demora nem três minutos do arremesso, a flor foi precisa e caímos em uma toca de coelho feita por algum dos parentes de Bisty. Não saberia qual, tem mais coelhos para contar do que buracos para se cavar. Apenas de irmãos eram oito, primos... bom, dá última vez que meu amigo me contou eram 77, mas os coelhos procriam muito rápido, pode ter aumentado.

Me encolho ainda segurando o corvo, tocas de coelho eram como portais mágicos. Ao cair em um, você escorrega e depois cai no lugar onde a toca leva. Essa levava para Marmoreal, não exatamente o castelo, mas perto do campo de batalha. Meus glúteos ficam levementes doloridos pela queda, as vezes amo e odeio essas tocas. Caí de cabeça para baixo, o que me faria voar até o céu, mas então fui puxada para o chão como se o mundo girasse.

𝐀 𝐁𝐈𝐆 𝐌𝐄𝐒𝐒 - Lady LessoOnde histórias criam vida. Descubra agora