Quando Benício, o sempre fiel passageiro do taxista Chris, entra em seu veículo disposto a pôr em prática um engenhoso plano de fuga envolvendo o namorado Eduardo, é o início de um percurso que modificará seu modo de ver o mundo e subverterá certeza...
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Seu Joás - um amigo taxista das antigas -, estava mudando de cidade com a família – havia conseguido emprego melhor numa fábrica em outro estado -. E sendo eu seu amigo mais próximo, tive a sorte de ficar com seu ponto, o que foi sem dúvida a melhor coisa que me aconteceu após a morte de minha doce Liz (que esteja em um bom lugar).
O ponto que o Joás me deixou fica na Frantz Fanon Parque, um quarteirão empresarial pomposo repleto de prédios, apartamentos, residenciais, pontos comerciais e escritórios. O centro da alta classe de Dutra.
Área de bacanas,
Aqueles de terno, gravata e MUITA pressa...
A vaga atribuída a mim se encontra em frente ao Veludo Azul, um hotel grandioso (cujo um ano de corridas 24h não garantiria nem mesmo uma semana de hospedagem)
Isso não é exagero.
Eu sempre adorei meu ofício - ainda que pareça chato fazer e refazer o mesmo caminho muitas vezes ao dia, passando pelos mesmos lugares e transportando pessoas que saem de casa e esquecem a gentileza lá – Há uma beleza sutil nisso tudo. E seja nas ruas, nas pessoas ou no céu, a paisagem está sempre mudando.
Todos os dias.
Mas pouco importa aos passageiros corriqueiros a paisagem urbana, mesmo os que, sem a desvantagem do atraso, ainda fazem todo o trajeto com a cara enfiada nas telas de seus celulares.
Se um dia as estrelas resolvessem fazer greve e sumir do céu, duvido que percebessem.
E não falo essas coisas em vão, pois todos esses passageiros apressados e distraídos com os seus celulares me levaram a eleger Benício o melhor deles...
