Capítulo único

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Suas mãos estavam acariciando levemente a base da minha coluna, meu corpo estava jogado sobre o dele, os dois completamente relaxados, o cheiro do que acabamos de fazer pairava no ar, nenhum de nós estava exatamente ligando para isso no momento.

Qualquer um olhando a cena diria que éramos um casal apaixonado curtindo momentos de paixão. Mas a verdade não era assim tão romântica, inegável afirmar que havia, sim, paixão, mas ela era unilateral, e como você deve imaginar, sim, apenas eu a sentia.

Eu não sou nenhuma mocinha indefesa, isso é fato, conheci Namjoon assim que me mudei para essa casa, nós dois nos interessamos mutuamente e as coisas começaram a acontecer. Com um vizinho desses, pelo amor, como não sentir interesse?

Mas enquanto para ele tudo era apenas físico, para mim passou a ser mais que isso, meu coração começou a palpitar quando ele se aproximava, as mãos suavam, e foi aí que eu soube que estava absolutamente ferrada. Definitivamente encrencada e possivelmente fadada a um desfecho que não se assemelhava em nada aos finais dos filmes de romance.

Ele sempre deixou bem claro que nosso lance era única e exclusivamente sexo casual, mas que culpa eu tinha se ele era irresistível? Desde o corpo ao sorriso, da personalidade a voz.

E por não ser correspondida, meu coração se apertou fortemente enquanto ele vestia suas roupas para ir embora, não que ele fosse muito longe, menos de 10 metros separavam nossas casas. A distância física não era o empecilho aqui, mas sim a distância emocional que ele impunha à nossa relação.

Eu não queria brigar, o dia foi perfeito, assistimos filmes juntos e depois transamos, mas essa hora sempre chegava. Em todo tempo juntos ele nunca ficou mais que uma hora comigo depois da transa, no começo não era nada demais, mas com o tempo passou a ser.

- Nam? - minha voz soou baixa, enquanto eu me sentava sobre a cama, apenas o lençol cobria meu corpo nu.

- Pode falar. - ele disse se sentando próximo a mim, seu olhar parecia atento, eu não perderia a oportunidade dessa vez, de tentar coletar o máximo de resposta sobre esse "nós" estranho.

- Qual é a nossa relação? - eu tentava não fraquejar diante do seu olhar, ele parecia querer correr naquele momento. Vi o caminho tenso que seus olhos percorreram. Eu, depois o chão e por fim, a janela. Olhar de quem não sabe o que responder e não quer responder.

- ______, a gente já conversou sobre isso, eu não gosto dessa coisa de rótulos, nós nos divertimos juntos e isso é massa, pelo menos para mim, não é para você? - sua voz era suave, controlada. Eu também estava tentando me manter assim, mas era frustrante.

- É sim, só é confuso às vezes. - insuportável era a palavra que eu queria usar. E insuficiente.

- Olha, vamos esclarecer as coisas então - depois de ajeitar a postura ele continuou:- você não está proibida de ficar com outras pessoas, assim como eu, não temos um compromisso, quando você tiver afim, me procura, e eu vou fazer a mesma coisa. Não quero tirar sua liberdade. Enquanto for bom para os dois a gente continua, tudo bem assim?

Tudo ótimo. Nossa, melhor impossível

Meu coração não estava nada satisfeito, eu queria mais, não iria ficar com ninguém porque só conseguia pensar nele, não queria que ele ficasse com mais ninguém também, esperava que isso estivesse claro, mas mesmo assim ele fez essa pergunta estúpida. Se estava tudo bem?

- Claro, está tudo bem assim - a covardia dentro de mim falava mais alto outra vez, o medo de não ter nada com ele era maior que a frustração de não tê-lo só para mim. Namjoon tinha um pensamento evoluído demais para alguém como eu questionar, embora me deixasse triste saber que era quase nula a chance de nos tornarmos namorados.

Vizinho (Kim Namjoon)Onde histórias criam vida. Descubra agora